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Fadiga do Zoom? Especialistas contam como criar aulas on-line envolventes

Manter os alunos engajados à distância é uma tarefa difícil, por isso educadores recomendam soluções que estimulem a interação e a criação

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Educação a distancia
1 de 1 Educação a distancia - Foto: Getty Images

atualizado

Há quase um ano, o mundo vem vivendo os desdobramentos da pandemia do coronavírus. Da mesma forma que trabalhar de casa exigiu adaptações dos adultos, os estudantes também tentam se encontrar neste novo modelo de ensino remoto.

Se na sala de aula presencial era comum ter alunos dispersos e pouco interessados – culpa, muitas vezes, da dinâmica de aulas considerada chata e cansativa –, no formato digital tende a ser pior. Por mais que os estudantes estejam no seu habitat natural, as distrações são maiores.

De acordo com Thiago Blanco, professor e pesquisador em psiquiatria infantil pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), uma das principais características dos jovens é a necessidade de sentir-se pertencente a um grupo. Esse é um dos motivos que diz respeito à saúde psíquica deles, causando inquietude, tristeza e ansiedade no atual momento de aulas virtuais.

Além disso, o professor explica que para as gerações mais novas se engajarem em alguma tarefa cognitiva, as atividades precisam ser contextualizadas, aplicáveis e úteis na vida dos jovens e que estimule a construção de um produto novo.

Para ser uma estratégia eficiente, a aprendizagem deve ser baseada na solução de problemas. Isso vale para o presencial, mas, principalmente, no modelo remoto.

Thiago Blanco, professor e pesquisador em psiquiatria infantil

Para Fernando Shayer, CEO da plataforma digital de aprendizagem Cloe, manter o interesse do estudante, independentemente da plataforma utilizada, passa não só por inovações tecnológicas, mas sobretudo pedagógicas.

“A sala de aula tradicional com metodologia em que o estudante é mero receptor de conteúdo já não estava funcionando no modelo presencial. Com a necessidade do ensino remoto, o desafio pedagógico se tornou ainda maior e se aliou a um desafio tecnológico”, argumenta.

Como solução, a professora Rafaela Lima aposta em vídeos. Docente da rede pública e privada do Rio de Janeiro há 10 anos, ela também é veterana na criação de conteúdo no Youtube. O seu canal Mais Ciências tem mais de 140 mil inscritos e desde 2015 ela busca produzir materiais interativos sobre ciências para engajar alunos e professores. “O ensino não pode ser passivo, nem em sala de aula e também não em um ambiente à distância”, argumenta Rafaela, que gosta de usar, sempre que possível, recursos digitais colaborativos para produção de documentos em grupo, bem como jogos on-line, rodas de debate e murais virtuais. “Tudo para pescar a atenção”, justifica.

 

Rafaela Lima youtuber
A professora Rafaela Lima tem um canal no Youtube com 148 mil inscritos

Os dados apontam que Rafaela não está sozinha. Lançado em 2013, o Youtube EDU, em parceria com a Fundação Lemann, reúne mais de 450 canais com 80 milhões de inscritos. Todos os conteúdos são cuidadosamente selecionados e guiados pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Com a pandemia, os acessos tiveram um aumento de 25% entre março e novembro do ano passado, quando comparados a média do mesmo período de 2019. De acordo com a equipe do Youtube EDU, as visualizações de pessoas com 35 anos ou mais cresceram 28%, o que pode ser um indício da necessidade de pais e professores em achar conteúdo de qualidade.

Para os especialistas, além de um acompanhamento mais próximo das famílias, as escolas precisam buscar opções totalmente seguras e que forneçam um painel de desempenho dos alunos. Essa é a opinião de Angela Cidrão, head de conteúdos da Kaptiva, empresa que oferece saídas tecnológicas educacionais. “Quanto mais entendermos de aprendizagem, melhor a utilização dos recursos tecnológicos”, aponta. Para ela, as soluções passam por ambientes customizados para atender os interesses dos usuários.

Youtube Edu: aumento de 25% durante a pandemia

Quem vive a educação na ponta entende a importância de variar os formatos e de inovar sempre que possível. Rafaela, por exemplo, conta que no momento do decreto do isolamento social foi decretado ela já se sentia prepara para dar aulas on-line. No entanto, reconhece que essa não é a realidade da maioria dos colegas de profissão.

O educador precisa buscar caminhos criativos, mas para isso ele precisa de tempo e um olhar atento dos gestores para a necessidade de capacitações digitais.

Rafaela Lima, professora e youtuber

Os desafios ainda são grandes, mas de acordo com os especialistas ouvidos pela reportagem, no dia a dia, algumas coisas podem ajudar a minimizar os efeitos negativos da experiência remota.

Confira a lista a seguir com dicas

1. Crie conteúdos usando as ferramentas de interatividade dos grupos do Facebook e engaje por meio dos comentários, álbuns, enquetes, etc.
2. Peça para os alunos gravarem vídeos de experimentos em casa.
3. Mantenha um grupo no Whatsapp – com regras e a permissão dos pais, claro – para envio de vídeos e links relacionados ao conteúdo das aulas.
4. Use as ferramentas como o Google Docs para acompanhar em tempo real a formulação de um documento pela turma.
5. Busque ofertar conteúdos em plataformas customizadas para as necessidades dos alunos. Desde a identidade visual até os conteúdos e a linguagem usada.
6. Crie conteúdos em blocos de 20 minutos: a cada mudança de bloco, a narrativa ou formato de apresentação é modificado para prender mais a atenção.
7. Traga problemas do mundo real para sala de aula: isso é essencial para manter as aulas à distância mais interativas e dinâmicas.
8. Em relação a rotina do estudante, a sugestão é criar na casa um ambiente dedicado exclusivamente aos estudos. A ausência de uma definição clara do ambiente de lazer para o de estudo acaba gerando uma distorção de percepção.
9. Para os jovens particularmente, definir horários é importantíssimo. Além do horário de estudar, ele precisa dormir cedo, praticar atividades físicas e se alimentar bem.
10. O uso noturno de eletrônicos também afeta o desempenho deles durante o dia, pois prejudica a qualidade de sono.

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