Especialistas alertam para o aumento de casos de Sífilis no Brasil
Infecção atingiu 119 mil pessoas em 2017. Painel realizado pelo Metrópoles discutiu formas de tratamento e de prevenção
atualizado
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O portal Metrópoles, em parceria com a Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura, realizou um talk na última sexta-feira (14) para debater a epidemia de sífilis no Brasil. Com transmissão ao vivo, o evento foi mediado pela influenciadora digital Julyana Mendes, a Mãe de Sete.
O painel contou com a participação da médica sanitarista Adele Benzaken, especialista em doenças sexualmente transmissíveis; do médico infectologista do Instituto Hospital de Base Waleriano Ferreira de Freitas; e do coordenador do Pólo de Prevenção de DSTs da Universidade de Brasília, Mário Angelo Silva.
A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) perigosa e persistente. Também chamada de cancro duro ou Lues, é causada pela bactéria Treponema pallidum que, na maior parte dos casos, é transmitida por meio do contato íntimo sem uso de preservativo.
O infectologista Waleriano de Freitas destacou que a doença tem algumas fases. Segundo o médico, os primeiros sintomas da sífilis são feridas indolores no pênis, no ânus ou na vulva que, se não forem tratadas, desaparecem espontaneamente e retornam depois de semanas, meses ou anos nas suas formas secundária ou terciária, mais graves.
Depois disso, na fase conhecida como latente, a doença é assintomática. “O período de latência pode durar de dois a quarenta anos. O grande problema é que ela se encontra doente, porém, não sente nada, não tem nenhuma ferida, nenhuma mancha e pode passar para outras”, disse o médico.
Quando a infecção surge durante a gravidez, ela pode infectar o feto, que contrai a sífilis congênita, situação que pode causar má-formação, aborto ou a morte do bebê. A enfermidade tem cura e o seu tratamento é feito com injeções de penicilina, orientadas pelo médico de acordo com a fase da doença.
Em 2017, foram notificados no Brasil 119.800 casos de sífilis adquirida, 49.013 casos em gestantes, 24.666 ocorrências de sífilis congênita. A doença atinge, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 12 milhões de pessoas no mundo e seu controle ainda desafia os especialistas. Tanto que em 2016, a doença foi declarada como um grave problema de saúde pública no Brasil.
Adele Benzaken chamou a atenção para o uso da camisinha durante o sexo oral, que também ocasiona a transmissão da bactéria, em homens e mulheres. “Hoje pouco se fala sobre como o preservativo na mulher pode ser aberto para fora, recobrindo a genitália feminina. Desta forma, o sexo oral é praticado de forma segura”, acrescentou.
Juma Santos, de 42 anos, começou a viver nas ruas aos 10 anos de idade. Aos 22, contraiu sífilis. Ela contou sobre as dificuldades de lutar contra a falta de informação e de assistência à saúde. Hoje, Juma é redutora de danos e faz parte da Rede Tulipas do Cerrado, que ajuda pessoas em situação de risco. Confira o depoimento exibido durante o MTalk:
Já o servidor público N. J. G, de 40 anos, que preferiu não se identificar, teve a doença há seis anos. Ele passou pelo tratamento e foi curado. À época, o servidor estava no início de um relacionamento estável. Após os testes, tanto ele quanto o parceiro estavam contaminados, no entanto, nenhum dos dois quando contraíram a doença, principalmente pelo fato de que a sífilis pode levar anos para se manifestar. Veja o relato: