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Reforma Tributária ainda tem muito a ser debatido antes da votação

A FPLM, em parceria com a Febrac, reuniu empresários e parlamentares para esclarecer pontos sobre a Emenda do Emprego

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Fotografia colorida de parlamentares debatendo sentados em mesa durante evento-Metrópoles
1 de 1 Fotografia colorida de parlamentares debatendo sentados em mesa durante evento-Metrópoles - Foto: Matheus Veloso/Metrópoles

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Com a proximidade no Senado Federal da votação da PEC 45/2019, que define a Reforma Tributária no Brasil, torna-se urgente o debate sobre a proposta e possíveis consequências decorrentes da eventual aprovação, principalmente para o setor de serviços, segundo especialistas. Com o objetivo de discutir soluções, empresários e parlamentares participaram de um café da manhã nessa quarta-feira (18/10) no Restaurante dos Senadores, na Casa Legislativa. 

No encontro, os convidados levantaram diversos pontos de vista acerca da Reforma Tributária, em razão da complexidade da pauta e dos impactos na vida dos brasileiros. O evento foi proposto pela Frente Parlamentar pelo Livre Mercado (FPLM), em parceria com a Federação Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços de Limpeza e Conservação (Febrac).

Entre os cerca de 80 participantes, o café da manhã contou com a presença do senador Sergio Moro (União-PR); do senador Jorge Seif (PL-SC); do senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR); da deputada federal Bia Kicis (PL-DF); do deputado Cabo Gilberto (PL-PB); do deputado distrital Thiago Manzoni (PL); do presidente da Febrac, Edmilson Pereira; de Avelino Lombardi e Cristiane Oliveira, também da Febrac; de Victor Ludwig, do Instituto de Livre Comércio; e de Victor Nepomuceno, advogado de Direito Empresarial e Tributário e especialista em Reforma Tributária.

Em paralelo, foi pautada a Emenda 298, proposta pelo senador Laércio Oliveira (PP-SE), chamada de Emenda do Emprego. O artigo propõe uma solução para o setor de serviços perante a PEC 45 ao desonerar integralmente a folha de salários de todos os setores da economia, tanto laborais quanto patronais, e unir em uma Contribuição Previdenciária (CP) as contribuições patronais e trabalhistas para o INSS, a Cofins e a Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSLL). 

“Só o segmento representado pela Febrac responde por mais de 2 milhões de empregos diretos; e se algo não for feito, neste momento, para mitigar os efeitos em relação ao setor de serviços, milhares desses postos de trabalho deixarão de existir.”

Edmilson Pereira, presidente da Febrac
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A Emenda do Emprego deve ser incorporada ao texto da PEC 45 para melhor acomodação do setor de serviços, afirmam especialistas
A proposta é um “grave risco à democracia brasileira”, segundo o senador Oriovisto Guimarães
O senador Jorge Seif ressaltou que ainda há muito o que ajustar na PEC
"Iniciativas como esta, do café da manhã com os parlamentares, abre a discussão e elucida pontos que ainda estão nebulosos”, afirmou o senador Sergio Moro
A deputada Bia Kicis: “Do jeito que a PEC 45 está, eu acho que é um perigo muito grande para economia brasileira."
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A Frente Parlamentar pelo Livre Mercado, em parceria com a Febrac, promoveu um diálogo aberto sobre a Emenda 298 em um café da manhã nessa quarta-feira (18/10)

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A Emenda do Emprego deve ser incorporada ao texto da PEC 45 para melhor acomodação do setor de serviços, afirmam especialistas

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A proposta é um “grave risco à democracia brasileira”, segundo o senador Oriovisto Guimarães

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O senador Jorge Seif ressaltou que ainda há muito o que ajustar na PEC

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"Iniciativas como esta, do café da manhã com os parlamentares, abre a discussão e elucida pontos que ainda estão nebulosos”, afirmou o senador Sergio Moro

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A deputada Bia Kicis: “Do jeito que a PEC 45 está, eu acho que é um perigo muito grande para economia brasileira."

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O deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança reforça que a FPLM apoia a desoneração da folha

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Para o presidente da Febrac, Edmilson Pereira, a Emenda 298 é a solução pro setor de serviços com benefícios em todos os aspectos da economia brasileira

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Victor Nepomuceno defende que a adoção de uma alíquota padrão para todos os setores, ignorando as exceções que socorrem setores específicos e outros ligados à indústria, mostra uma falta de compromisso com os principais atores alcançados pela proposta da reforma

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Momento de debate

Dentro do contexto “apocalíptico” da Reforma Tributária, como define o deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP), vice-líder da oposição na Câmara e presidente da FPLM, a Emenda 298 é uma solução importante para o aspecto socioeconômico do país. “Assim, ao esclarecer interpretações sobre a proposta, o evento terá um impacto positivo na sociedade brasileira.”

Por ser um tema complexo, o debate e a troca de informações foram garantidos pelos organizadores do evento, tanto que um espaço foi separado especialmente para responder dúvidas de convidados e da imprensa.

“Se a PEC 45 for aprovada às pressas, a sociedade não poderá debater. Eventos como este fazem com que possamos esclarecer os impactos que uma boa ou uma má reforma podem ocasionar em toda a sociedade e para todos os setores da economia.”

Edmilson Pereira, presidente da Febrac

Aliada do setor de serviços, a deputada Bia Kics definiu o evento como um “brainstorm” para encontrar uma saída para os problemas da atual Reforma Tributária. “Do jeito que a PEC 45 está, eu acho que é um perigo muito grande para economia brasileira. Aqui no Distrito Federal, então, o serviço é realmente quem guia a lista de empregos. Este esforço que a gente está fazendo é muito necessário.”

Apesar do curto prazo até a votação da PEC 45 no Senado, o evento não perde a relevância, muito pelo contrário. “Iniciativas como esta, do café da manhã com os parlamentares, abre a discussão e elucida pontos que ainda estão nebulosos”, afirmou o senador Sergio Moro.

“Espero, agora, que o Senado faça uma avaliação mais técnica para que minimizemos os impactos negativos que essas mudanças possam trazer para a sociedade e o país“, acrescentou o deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança.

Críticas à PEC 45

Durante o evento, as críticas à PEC 45 guiaram a conversa por ser “um dos maiores problemas que enfrentamos no Brasil”, como pontuou o deputado distrital Thiago Manzoni. O motivo é que, na proposta, por meio da simplificação e modernização do sistema tributário, o setor de serviços pode sofrer com um aumento significativo na carga tributária devido à criação de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) federal e subnacional, visto que não teria direito a créditos tributários sobre mão de obra.

Além disso, a proposta é um “grave risco à democracia brasileira”, por definição do senador Oriovisto Guimarães. “Quando você tira o poder dos estados, o dinheiro fica concentrado no conselho federativo. Quando se tira dos prefeitos a possibilidade de ter a sua receita e joga tudo para esse conceito interativo, você está ameaçando a espinha dorsal da democracia que é a Federação, que é autonomia de estados e municípios. Se você quebra a autonomia financeira, você acaba com a autonomia geral. Fica como a autonomia de um adolescente que vive de mesada do papai.”

Em contato com a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), autora da PEC nº 35, de 2023, que também cuida da total e irrestrita desoneração da folha e instituição do imposto incidente sobre a movimentação financeira, Victor Nepomuceno – advogado de Direito Empresarial e Tributário e especialista em Reforma Tributária – apontou que “só a desoneração da folha de pagamentos e a extinção das contribuições a ela inerentes, mediante instituição de uma contribuição previdenciária universal, digital e moderna, sobre a movimentação financeira, que seja insonegável e cujo alcance tenha o condão de baratear o custo do imposto para a economia, será capaz de aliviar o peso da tributação, aumentar o poder de compra do trabalhador e suavizar a carga suportada pelo setor formal da economia, sobretudo para aquele que mais emprega: o setor de serviços”.

Além disso, Nepomuceno completa que a Emenda 298 é uma medida eficaz e moderna, apesar de não ser uma proposta nova. “Nós temos uma Reforma Tributária hoje que tira um sistema complexo para aplicar outro sistema complexo e não resolve o principal problema. Já temos setores da economia que tem a folha de pagamento exonerada. O resultado é uma melhora na economia brasileira.”

Em paralelo, outra crítica levantada pelos convidados foi o financiamento da Previdência Social, que hoje acumula déficits de mais de R$ 363 bilhões (Regime Geral e Próprios). Nesse sentido, a Emenda 298 resolveria esse problema da PEC 45, conforme defendem especialistas.

Mas, é importante lembrar que ainda há vários pontos que precisam ser corrigidos. Por isso, o senador Jorge Seif ressaltou que o “compromisso é lutar”. “Estamos ouvindo os gabinetes abertos a reuniões, palestras e debates públicos para tentar que essa reforma ‘1º de abril’ não agrave ainda mais o sistema tributário brasileiro e, acima de tudo, o peso no lombo de quem paga as contas, empresários e trabalhadores.”

Diferença entre CP e CPMF

Uma das críticas à Emenda 298 pontuadas pelos parlamentares presentes foi a comparação entre a Contribuição Previdenciária (CP) e a Contribuição Permanente sobre a Movimentação Financeira (CPMF). Os sistemas “pouco se assemelham” e se destacam nas diferenças. 

A CP não aumentará a carga ou a arrecadação por não criar um novo tributo e, sim, será uma substituição de vários deles. A alíquota modernizará e universalizará a perenização em um tributo insonegável, argumenta Victor Nepomuceno.

Criada no início do Plano Real, após o período de hiperinflação que marcou os anos da década de 80 e início dos anos 90 e a redemocratização do Brasil, com o objetivo de suplementar a arrecadação destinada ao financiamento da saúde, a incidência da CPMF se deu aos poucos participantes do sistema brasileiro de pagamentos, sufocando uma parcela pontual da economia formal. Assim, a alíquota foi responsável pelo aumento da carga tributária, já que foi um tributo instituído em adição. 

“A CP trará para o universo da arrecadação a economia cinza [economia informal e a economia subterrânea, decorrente de crime organizado, que representa movimentação idêntica ao PIB da Suécia e é suportada pela parcela formal da economia]”, explicou Victor Napomunceno.

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