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Passado o primeiro trimestre de 2022, a renda fixa se consolida como grande atrativo para investimento. E não é para menos, com a taxa Selic em trajetória de alta – hoje em 11,75% – e a turbulência no mercado externo por conta da guerra na Ucrânia, que tem feito o preço do barril de petróleo no exterior ultrapassar os US$ 100, a renda fixa desponta como um investimento de retorno garantido.
O economista e professor do Ibmec-RJ, Gilberto Braga, explica que o investimento em renda fixa é indicado para investidores que querem baixo risco e rendimentos que igualem ou superem a inflação. Esse tipo de investimento pode ser realizado em um banco de grande ou médio porte, além de corretoras e plataformas digitais.
“Investir em renda fixa não produz ganhos extraordinários, como os investimentos em bolsa de valores, mas também não traz risco de perdas”, afirma Braga.
O cálculo do rendimento, pontua o economista, é conhecido no momento de sua contratação. Enquadram-se neste conceito o CDB; títulos públicos, como o Tesouro Direto; e, papéis oferecidos pelos bancos vinculados a taxas de juros pré-definidas, como IPCA e CDI, além da caderneta de poupança.
“Como a Selic vem subindo a cada reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, os juros dos demais ativos, que partem do piso da taxa básica de juros, também acompanham esse movimento e estão aumentando um pouco mais para se tornarem atraentes para os investidores. Esse movimento causa um bom efeito de atração para captar recursos, na medida em que se observa um rendimento acima de 12% ao ano”, avalia.
O professor destaca, no entanto, que nesse tipo de investimento incide o Imposto de Renda, a alíquota varia de 15% a 22,5%. O rendimento a receber é a diferença entre o valor aplicado e o resgatado.
Tesouro Direto é uma boa opção
Um bom investimento, segundo Braga, é o Tesouro Direto, programa criado em 2002 pelo Tesouro Nacional – órgão responsável pela gestão da dívida pública – para permitir que pessoas físicas comprem papéis do governo federal pela internet.
Em outras palavras, pode-se dizer que ao comprar um título do Tesouro Direto o investidor está emprestando dinheiro ao governo.
“Existem outros, mas pode haver restrição de valor mínimo, o Tesouro Direto é aberto e permite que investimento de qualquer quantia porque você pode comprar uma ‘fração’ do papel”, orienta o economista.
O Tesouro Direto ganhou popularidade, pois é uma das modalidades de investimento mais democráticas; permite fazer aplicações com valores muito baixos (a partir de R$ 30) e oferece liquidez diária para todos os papéis.
Além disso, o Tesouro Direto não é restrito a poucas instituições financeiras; os investidores podem aplicar por meio de diversos bancos e corretoras de valores, inclusive plataformas digitais.
“Com a pandemia de coronavírus e o surgimento das plataformas financeiras digitais, uma gama nova de investidores virtuais surgiu na economia. Esses aplicativos não cobram nada para os investidores aplicarem, o que é uma revolução em relação às taxas que os bancos convencionais cobravam para intermediar as operações”, explica Gilberto Braga.
Segundo ele, muitas pessoas que tinham aversão ao uso do banco por aplicativo acabaram sendo forçadas a se renderem à praticidade da internet por conta do isolamento social.
Quero investir R$ 1 mil, quanto rende?
A pedido do Metrópoles, o economista Michel Lemos calculou quanto rende investir R$ 1 mil em renda fixa. O ranking mostra os valores sobre a poupança, Tesouro Direto, CDBs e fundos DI, que têm rendimento predeterminado e que acompanham o CDI.
E o que seria CDI? É a sigla de Certificado de Depósito Interbancário, que é um título emitido em operações feitas entre instituições bancárias. Nas simulações, o economista considerou taxas de administração de 0,5% para os fundos e 0,2% para o Tesouro Selic. Essa cobrança, no entanto, pode variar entre fundos e corretoras. A taxa de custódia do Tesouro Selic, cobrada pela B3, está zerada atualmente para aplicações inferiores a R$ 10 mil.
Entre os principais investimentos, o CDB de banco médio é a melhor opção tanto no curto prazo, quanto no longo prazo. Considerando uma aplicação de R$ 1 mil ao longo de seis meses, o valor no final do período é de R$ 1.048,48; de 24 meses, R$ 1.229,72. E a pior aplicação é a poupança, com rendimento de R$ 1.035,71, no curto prazo, e R$ 1.150,69, no longo prazo.