Gerações Z e Alpha precisam de estímulos diferentes para aprender
A tecnologia tem possibilitado novas dinâmicas em sala de aula, levando o aluno ao papel de protagonista e o professor à função de mediador
atualizado
Compartilhar notícia
O estudante que hoje está sentado dentro de uma sala de aula passou boa parte de sua vida conectado à internet, seja por meio de computadores ou de celulares. As chamadas gerações Z (nascidos entre 1992 e 2009) e Alpha (a primeira 100% digital, dos nascidos a partir de 2010) estão familiarizadas desde pequenas com todas as possibilidades da era tecnológica. São indivíduos que enxergam o mundo por meio de uma tela, e isso os influencia diretamente em todas as áreas da vida. Diante disso, a escola também precisou se transformar: se antes os recursos tecnológicos em sala de aula eram um bem-vindo reforço pedagógico, agora se tornaram ferramentas indispensáveis ao aprendizado.
O avanço tecnológico abriu espaço para diferentes metodologias, levando o aluno ao papel de protagonista e o professor ao de mediador ou facilitador. Os impactos dessas transformações ainda serão sentidos conforme as gerações forem se formando, mas já é possível afirmar que o estudante de hoje precisa de muito mais incentivo para desenvolver suas habilidades.
Para o professor Fausto Camargo, autor do livro A Sala de Aula Inovadora: Estratégias Pedagógicas para Fomentar o Aprendizado, a principal mudança com a digitalização do mundo é que há uma necessidade maior de saber aplicar um conhecimento que está disponível a todos. “Quando falamos em aplicação de conhecimento, estamos falando de habilidades e atitudes, do desenvolvimento de competências. E essas só são possíveis quando o estudante tem maior contato com problemas reais, ou seja, quando coloca a ‘mão na massa’”, afirma o especialista.
Segundo ele, o chamado movimento maker, que nada mais é do que o aprendizado baseado em projetos, tem ganhado cada vez mais espaço. “Acredito que é preciso tornar a aprendizagem ou o ensino mais significativo para o aluno. Quando o estudante está motivado, quando vê sentido e significado naquilo que está aprendendo, ele consegue aprender mais rápido”, sintetiza Camargo.
Camargo não acredita que as inovações tecnológicas terminem por tirar a condução do ensino das mãos dos professores. No entanto, ele afirma que o papel “tradicional” do professor precisará naturalmente se modificar. “Agora ele passa a ser mais um gestor da aprendizagem do aluno para ajudá-lo a ir mais longe, desenvolver suas capacidades (ou competências), sair do seu ‘quadrado’”, defende o educador.
Também autora do livro A Sala de Aula Inovadora, Thuinie Daros acredita que um dos principais desafios para a inovação das práticas pedagógicas está na formação inicial e continuada dos docentes a fim de que dominem técnicas e estratégias ideais de ensino. “Ninguém desenvolve no outro aquilo que não é desenvolvido em si mesmo”, afirma. Segundo a especialista, outro desafio é a implantação da gestão da inovação para garantir que a tecnologia não seja bem-sucedida somente em algumas experiências inovadoras, mas isoladas.
Entre as metodologias que terão mais espaço no futuro da educação está o ensino à distância. Para os especialistas, a modalidade se consolidará ainda mais, especialmente com o uso da realidade virtual aumentada. Além disso, destacam o chamado modelo de sala de aula invertida, no qual os alunos estudam os conteúdos curriculares em casa e, depois, vão à escola para tirar dúvidas e fazer exercícios.
Ainda assim, Camargo acredita que nada disso substitui a interação humana, ou seja, o convívio em grupo e a socialização. “O ser humano vive em grupos. Esse contato, a tecnologia ainda não conseguiu substituir, por isso a necessidade dos encontros presenciais, da vida num campus universitário. Isso ainda se faz relevante e, talvez, continue fazendo sentido para muitos”, finaliza.
Educação do Amanhã 2019
Lançado em 2018 pelo Metrópoles, o projeto Educação do Amanhã tem o objetivo de discutir novas metodologias e conceitos do processo educativo, além de estimular novas habilidades nos jovens do século 21.
Neste ano, ao longo de duas semanas, o portal publicará uma série de conteúdos relacionados às mudanças na área da educação: o que esperar da escola do futuro, o universo tecnológico e as tendências no processo de aprendizagem. Além, é claro, do novo papel do professor diante deste cenário repleto de desafios.
A iniciativa tem patrocínio da Casa Thomas Jefferson, Colégio Ideal, Colégio Objetivo, AISEC e Colégio Marista João Paulo II.
O encerramento do projeto será marcado com a realização de um seminário no auditório do Edifício Íon, na SQN 212, Asa Norte (DF), que incluirá palestras inspiracionais, impactantes e reflexivas sobre como o processo educacional está em transformação nos dias atuais.
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo Sympla. Confira as palestras:
Educação para o século XXI
Palestrante: Rui Fava
A sala de aula inovadora
Palestrante: Fausto Camargo
Culturas de pensamentos e investigação na escola
Palestrante: Clarissa Bezerra