metropoles.com

Educação digital: qual o limite saudável para uso da tecnologia?

OMS recomenda que crianças menores de 5 anos não sejam expostas a mais de uma hora por dia. Malefícios incluem dores e irritabilidade

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Kelly Sikkema, Unsplash
tablet-limite
1 de 1 tablet-limite - Foto: Kelly Sikkema, Unsplash


Considerada uma aliada na hora de ensinar, a tecnologia é hoje o principal elemento na formação de crianças que já nasceram conectadas (a chamada Geração Alpha, dos nascidos a partir de 2010). Para elas, o mundo sempre esteve à distância de um toque, porque as telas de tablets e smartphones fazem parte da rotina – e limitar o uso pode ser desafiador. Isso, obviamente, influencia a construção de relações e o aprendizado desses indivíduos, mas será que pode causar danos a médio e longo prazos?

Em abril deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um documento com recomendações sobre saúde de crianças com até 5 anos. No texto, a entidade internacional defende que pequenos abaixo dessa idade não passem mais do que uma hora por dia expostos, mesmo que passivamente, a telas de computadores, tablets, televisões ou celulares.

Malefícios
O neuropediatra Christian Muller concorda com a orientação. Ele acredita que o uso de telas deve ser muito pontual e não parte da rotina das crianças. “Muitas escolas estão avançando no uso dos dispositivos, pedagogicamente, em sala de aula, o que limita ainda mais o tempo de uso em casa”, pontua.

Segundo o especialista, o uso excessivo de dispositivos eletrônicos, em especial celulares e tablets, tem inúmeros desdobramentos negativos às crianças. Eles vão desde efeitos físicos – como dores musculares e articulares, má postura, dor de cabeça e alteração visual – a emocionais, como irritabilidade e dificuldade de convívio social, e chegam a consequências na vida escolar e alteração de sono (insônia e piora na qualidade do sono).

Além desses sinais de alerta, a neuropsicóloga Juliana Aguiar chama atenção para outros comportamentos considerados nocivos, como dependência excessiva de tablets, perda de interesse por atividades que antes a criança gostava, sedentarismo excessivo, isolamento e prejuízos no desempenho escolar.

A profissional, no entanto, acredita que é possível estabelecer um limite saudável, que pode variar de criança para criança. De acordo com ela, o uso da tecnologia de forma controlada e direcionada traz inúmeros benefícios para o desenvolvimento infantil. “A tecnologia em si não é prejudicial ao desenvolvimento infantil, mas sim a maneira como ela é utilizada: indiscriminadamente e sem limites”, pondera Juliana.

Ela, inclusive, acredita que dá para trabalhar lado a lado com a tecnologia, especialmente no campo da reabilitação fisiológica, cognitiva e psicológica.

Utilizar os dispositivos eletrônicos como ferramentas de aprendizado vai muito além da adoção de tablets ou aplicativos mais básicos. Segundo a diretora de tecnologia educacional da Happy Code, Debora Noemi, essa é a base do chamado letramento digital, que seria uma “alfabetização digital”. “A ideia é que alunos aprendam o que está por trás do uso da tecnologia. Aprendam conceitos e habilidades técnicas, o que pode incluir robótica e programação, por exemplo”, explica.

Para a especialista, o Brasil ainda não entende essa necessidade de formação, mas nações como Estados Unidos, Reino Unido e Singapura já estão incluindo o letramento digital em sua matriz curricular. “A tecnologia ajuda no desenvolvimento de diversas habilidades e não só de habilidades técnicas. A programação, por exemplo, contribui em organização, foco, persistência, trabalho em equipe”, afirma Debora. “O mercado de trabalho e as instituições vão exigir que esse profissional tenha um domínio básico de alfabetização digital”, finaliza.

Educação do Amanhã 2019
Lançado em 2018 pelo Metrópoles, o projeto Educação do Amanhã tem o objetivo de discutir novas metodologias e conceitos do processo educativo, além de estimular novas habilidades nos jovens do século 21.

Neste ano, ao longo de duas semanas, o portal publicará uma série de conteúdos relacionados às mudanças na área da educação: o que esperar da escola do futuro, o universo tecnológico e as tendências no processo de aprendizagem. Além, é claro, do novo papel do professor diante deste cenário repleto de desafios.

A iniciativa tem patrocínio da Casa Thomas Jefferson, Colégio Ideal, Colégio Objetivo, AISEC e Colégio Marista João Paulo II.

O encerramento do projeto será marcado com a realização de um seminário no auditório do Edifício Íon, na SQN 212, Asa Norte (DF), que incluirá palestras inspiracionais, impactantes e reflexivas sobre como o processo educacional está em transformação nos dias atuais.

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo Sympla. Confira as palestras:

Educação para o século XXI
Palestrante: Rui Fava

A sala de aula inovadora
Palestrante: Fausto Camargo

Culturas de pensamentos e investigação na escola
Palestrante: Clarissa Bezerra

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?