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O segundo dia da 79ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (SOEA), promovida no Centro de Convenções de Salvador até o próximo dia 10 de outubro, foi palco de discussões transformadoras que enfatizaram o futuro da construção civil. No centro do debate, o painel sobre “Inovação e Sustentabilidade” destacou como a digitalização do setor por meio de ferramentas como o Building Information Modeling (BIM) prometem revolucionar a indústria e torná-la mais eficiente, colaborativa e sustentável.
O BIM, ou Modelagem da Informação da Construção, foi um dos temas mais debatidos no painel, e não por acaso. Essa tecnologia vem transformando a forma como os projetos de construção são desenvolvidos e concluídos.
Como explicou o engenheiro civil Rodrigo Koerich, presidente do BIM Fórum Brasil, “o BIM não é apenas uma ferramenta de design 3D, é um sistema de gerenciamento completo que integra todas as informações do projeto em um só lugar”. Ele apontou, ainda, que a implementação do BIM está “mudando radicalmente a eficiência e a qualidade dos projetos”, permitindo que diferentes profissionais trabalhem em conjunto em um mesmo ambiente digital.
Apesar de todos os benefícios, a adoção do BIM no Brasil ainda enfrenta desafios. Segundo Koerich, existem cerca de 160 mil empresas no setor de construção que não estão digitalizadas.
“Precisamos de um framework robusto que ajude essas empresas a adotar o BIM sem depender tanto de consultores externos”, afirmou o presidente do BIM Fórum Brasil. Para isso, a entidade está desenvolvendo ecossistemas regionais em estados como Pernambuco, Ceará e Bahia.
Além disso, a capacitação dos profissionais de engenharia é vista como um ponto-chave para o sucesso da transformação digital. “As universidades precisam se modernizar e atualizar suas notas curriculares para que os futuros engenheiros entendam como o BIM pode mudar suas carreiras”, explicou Koerich.
BIM BR
Outro destaque do painel foi a apresentação do engenheiro civil Sergio Scheer, consultor do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), sobre o Decreto nº 11.888/24, que trouxe a Nova Estratégia BIM BR.
Essa estratégia, que abrange 11 ações principais, tem como objetivo contribuir com a produtividade e a digitalização da indústria da construção no Brasil, com foco na sustentabilidade.
Scheer explicou que a estruturação do setor público para o uso do BIM, aliada à capacitação de novos profissionais, será essencial para a transformação do setor.
“O MEC [Ministério da Educação] está desenvolvendo um plano de implantação do currículo BIM, que inclui cursos técnicos e de engenharia, e já estamos trabalhando em entregas concretas”, adiantou o consultor.
Ele ressaltou ainda que a Nova Estratégia BIM BR é uma iniciativa ambiciosa que visa a melhorar o ambiente de negócios da construção civil no país, incentivando as empresas a modernizarem-se e aumentarem a competitividade.
O setor privado e o impulso à digitalização
A participação da iniciativa privada também foi destacada por Raquel Sad Seiberich Ribeiro, diretora executiva do BIM Fórum Brasil. Segundo ela, o apoio ao setor privado tem sido crucial para acelerar a digitalização da construção civil.
“O tema da SOEA está totalmente alinhado com a agenda do BIM e da digitalização. Em novembro, vamos lançar escritórios prévios sobre o projeto Construa Brasil, com foco em desburocratização, digitalização e industrialização da construção”, acrescentou Raquel. Ela destacou ainda que Salvador é um case de sucesso.
Raquel defende que o setor da construção precisa ser mais valorizado, especialmente considerando o impacto no emprego e na geração de renda.
“O BIM não é apenas uma tecnologia interessante, ele permite entregas mais rápidas e eficientes, investindo os recursos de serviço. Não é só o Agro que é pop, que é legal. A gente também precisa ser olhado como o setor que emprega e também entrega melhores postos de trabalho”, completa.
Formação acadêmica
Durante o painel, a diretora de Desenvolvimento da Rede de Instituições Federais de Educação Superior do MEC, Tânia Mara, abordou dados sobre o impacto da digitalização no Ensino Superior.
Segundo ela, em 2023, mais de 238 mil estudantes estavam matriculados em cursos de Engenharia. “O MEC tem trabalhos para incluir o BIM nas séries curriculares, tanto nos cursos de graduação quanto nos cursos técnicos. Temos mais de 371 obras em andamento em universidades públicas que já estão utilizando o BIM para reduzir o número de aditivos contratuais.”
Ela também anunciou a expansão das universidades com a criação de mais 10 campi, que oferecerão também cursos específicos para a área de Engenharia, integrando o BIM no portfólio.
Investimentos
O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato de Sousa Correia, encerrou o painel destacando a urgência de investimentos em infraestrutura e moradia no Brasil.
De acordo com ele, o BIM tem o potencial de transformar esses projetos, mas é necessário engajar todo o ecossistema da construção para acelerar esse processo. “Precisamos de mais digitalização e de um desenvolvimento mais rápido para que o setor alcance seu potencial econômico”.
Com uma programação intensa e debates, a 79ª SOEA adotou o tema sobre BIM com a promessa não apenas de modernizar o setor, mas também transformá-lo em um motor de desenvolvimento sustentável.
