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Hospitais de campanha, tendas e UBSs fortalecem combate à dengue no DF

Este ano, houve um aumento de 1.351,4% no número de casos prováveis da doença em relação ao mesmo período de 2023

Fabio Rodrigues/Agência Brasília
Atendimeto de casos de dengue no DF - Metrópoles
1 de 1 Atendimeto de casos de dengue no DF - Metrópoles - Foto: Fabio Rodrigues/Agência Brasília

atualizado

Quase virando o ano de 2023, a contagem regressiva de Victória Santos, 27 anos, do pai, da avó e da tia foi interrompida por muita dor no corpo, cansaço, dor de cabeça, falta de energia e febre alta. Eles haviam contraído dengue.

Dois dias tinham se passado, e os sintomas evoluíram, somados a vômito e falta de apetite e sede. Em janeiro deste ano, a assessora de comunicação teve de ir ao pronto-socorro. Na unidade, foi feito o teste e, logo em seguida, veio o diagnóstico da doença. 

Apesar de ter sido medicada no período, um dos sintomas não passava, o vômito. Isso resultou na internação de cinco dias da jovem. Debilitada, Victória perdeu sete quilos, precisando de ajuda até para tomar banho.

Pouco mais de um mês após contrair o vírus do Aedes aegypti, a profissional ainda está em recuperação, voltando à rotina normal aos poucos, pois a dengue inflamou o fígado dela. Por isso, ela segue fazendo acompanhamento médico.

“Antes de ter dengue, eu não sabia o quão perigosa é a doença. Agora, passei a ter muito medo de tê-la outras vezes. Torço muito para que a vacinação esteja acessível para toda a população o mais rápido possível.”

Victória Santos, assessora de comunicação

Mosquito da dengue - Metrópoles

Até o momento, foram notificados mais de 80 mil casos suspeitos de dengue na capital federal, dos quais 81.408 eram prováveis. Desses, 97,8% são em residentes do DF.

Observa-se um aumento de 1.351,4% no número de casos prováveis de dengue em residentes do DF se comparado ao mesmo período de 2023, quando foram registrados 5.484.

No início do ano passado, a comunicadora social Juliene Andrade, 43, também foi diagnosticada com dengue. Ela apresentou sintomas semelhantes aos de Victória, como febre, dor no corpo e uma forte dor de cabeça, que a levou ao hospital. 

No local, ela recebeu os primeiros medicamentos para dor, enjoo e hidratação. Em casa, no dia seguinte, sentiu uma dor insuportável no estômago, tendo de recorrer mais uma vez ao hospital e, posteriormente, tomar morfina na veia. 

Após o atendimento, seguiu a recomendação médica de repouso e ingestão de líquido, soro e alimentação leve. “Passei em torno de 15 dias de atestado até me recuperar e, mesmo quando pude retornar ao trabalho, não me senti 100%. Ainda me sentia fraca”, comenta.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), a gravidade decorre da inflamação causada nos órgãos e de como o vírus atua no organismo. Como se trata de uma infecção viral, ele penetra na corrente sanguínea, multiplica-se em diversos órgãos e substâncias nocivas são formadas no organismo humano.

Até a semana passada, foram confirmadas 38 mortes por dengue em residentes da capital; e aproximadamente 70 óbitos suspeitos estão em investigação.

“Não se deve buscar atendimento apenas quando houver sangramento (hemorragia), porque essa é só uma das complicações da dengue grave.” 

Dr. Alberto Chebaba, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia

Frente à já considerada epidemia de dengue no país, o governo do Distrito Federal tem tomado medidas necessárias para conter a doença na capital. Alguns exemplos são os hospitais de campanha (HCamps), tendas de acolhimento e horários ampliados nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Só para ter ideia, as UBSs, sozinhas, já registraram mais de 25 mil atendimentos, segundo a SES-DF.

Ainda na primeira quinzena de fevereiro, o DF promoveu a vacinação contra a dengue em 64 locais. Em andamento, a campanha, conforme orientação do Ministério da Saúde, é voltada a crianças de 10 e 11 anos. Mais de 11 mil já foram imunizadas ao longo do Carnaval.

A lista completa com endereços dos locais de vacinação e horários está disponível no site da Secretaria de Saúde

Medidas

Uma das medidas de contenção da doença viral é a instalação de tendas de acolhimento. Juntas, elas já atenderam mais de 31 mil pessoas. Só as UBSs e as tendas já somavam 114 mil assistências até a primeira quinzena de fevereiro.

No local, os pacientes fazem triagem, avaliação e medicação, quando necessário. Durante o fluxo de atendimento, casos suspeitos passam por testes rápidos de dengue, cujos resultados saem em um prazo de 15 a 25 minutos.

O objetivo das tendas de acolhimento é reduzir as complicações e óbitos. No momento, as estruturas de saúde estão distribuídas em nove regiões administrativas do DF: Ceilândia, Sol Nascente, Brazlândia, Estrutural, Recanto das Emas, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião e Sobradinho.

A ação é voltada para ofertar o atendimento de maneira rápida aos pacientes com suspeita da doença, a fim de superar a emergência em saúde causada pela arbovirose.

Além do acréscimo de novas tendas de acolhimento, o DF conta com 60 UBSs com horário estendido – 49 abertas aos sábados, das 7h às 12h; e 11, de segunda a sexta-feira até as 22h -, além de 10 abertas todos os dias, das 7h às 19h.

Fotografia colorida mostrando fumacê-Metrópoles

O fumacê também está entre as medidas de proteção contra o mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão da dengue, chikungunya e zika vírus. Para maior eficácia do produto, a população deve abrir portas e janelas quando o veículo passar.

A aplicação do inseticida é feita, geralmente, no início da noite ou ao amanhecer, porque são momentos com menor corrente de vento, quando a fêmea tem o hábito de estar fora das casas. 

Atualmente, a capital conta com 28 carros de fumacê, operados por 10 motoristas do Exército e 18 do quadro do GDF. Os profissionais têm trabalhado de domingo a domingo para eliminar o mosquito.

Há algumas semanas, a região de Ceilândia foi escolhida para receber o hospital de campanha das Forças Armadas. A unidade está montada entre o Hospital Cidade do Sol e a UPA local.

Hoje, 40% dos casos de dengue no DF estão no Sol Nascente/Pôr do Sol e em Ceilândia. Então, ficou definido que os sete módulos mais um laboratório que compõem o hospital ficarão na região.

A unidade tem capacidade para atender até 600 pessoas diariamente. No hospital, é possível tanto obter uma receita médica com a indicação de medicamentos quanto receber hidratação imediatamente, de acordo com a avaliação da equipe de saúde.

O Hospital de Campanha dispõe de um centro de emergência, interligado por dois túneis. Um se comunica com a tenda de laboratório, onde são feitos a coleta e os exames para diagnóstico de dengue, assim como acompanhamento do tratamento. O outro leva ao espaço de hidratação, com dois setores separados – pediátrico e adulto.

Vacinação

A campanha de vacinação contra a dengue permanece exclusiva para crianças de 10 e 11 anos de idade. É necessário comparecer com pais ou responsáveis, documento de identidade e caderneta de vacinação.

Vale destacar que crianças com sintomas de dengue ou que tenham tido a doença nos últimos seis meses devem aguardar para iniciar o esquema vacinal, composto por duas doses com intervalo de 90 dias.

Cuidar é um dever de todos

Em meio ao cenário, é importante ter cuidado com o lar, além de usar repelente, segundo o presidente da SBI. Em casa, por exemplo, deve-se ter atenção às plantas que armazenam água e às calhas.

  • Deixe sempre bem tampados e lave com bucha e sabão as paredes internas de caixas d’água, poços, cacimbas, tambores de água ou tonéis, cisternas, jarras e filtros.
  • Não deixe acumular água em pratos de vasos de plantas.
  • Entregue pneus velhos ao serviço de limpeza urbana.
  • Lave e troque a água dos bebedouros de aves e animais no mínimo uma vez por semana.
  • Limpe frequentemente calhas e lajes das casas.
  • Mantenha a água da piscina sempre tratada com cloro e a limpe uma vez por semana.
  • Permita sempre o acesso do agente de controle de arboviroses em sua residência ou estabelecimento comercial.

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