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Vinhos são uma paixão quase universal. Adaptado e inserido nas mais variadas culturas ao redor do mundo, ele conta com uma enorme variedade de características que o tornam adaptável a qualquer gosto e ocasião. Contudo, a qualidade da bebida sempre deve ser a preocupação principal na hora de escolher o que consumir.
Tendo essa preocupação, a Del Maipo é uma das maiores importadoras de vinhos do Brasil. Nascida em Brasília, a empresa vendeu 460 mil garrafas de vinhos importados apenas para o seguimento de restaurantes da capital federal em 2023.
Para apresentar aos amantes de vinho os melhores rótulos que existem do Velho ao Novo Mundo, a Del Maipo importa das mais diversas vinícolas, sejam elas grandes, pequenas, familiares ou altamente exclusivas e até difíceis de encontrar.
E, para mostrar um pouco da história de algumas vinícolas familiares que dominaram a arte de fazer vinho ao longo das gerações, o Metrópoles conversou com os representantes de quatro empresas que se destacam pela tradição de vinhos de alta qualidade.
Calappiano
A Fattoria di Calappiano nasceu no século V e conta com 200 hectares de terras férteis para o cultivo de vinhedos, olivas e bosques. Localizada no centro da Toscana, na Itália, em uma antiga propriedade da família Medici, é famosa por ser vizinha do vilarejo em que nasceu Leonardo da Vinci e já foi propriedade do próprio Shakespeare.
Em meio a diversas colinas e com um solo de características singulares, o local foi comprado pela Sensi em 1992, uma empresa familiar que está na sexta geração (1890) e que investiu em um verdadeiro laboratório de alta qualidade e sustentabilidade para garantir os melhores e mais exclusivos vinhos.
“Os vinhos da Calappiano são vinhos que você dificilmente vai encontrar no mercado internacional de vinhos, porque eles são feitos com uvas que haviam desaparecido a nível internacional, como por exemplo o ciliegiolo, que era uma variedade de uva que estava perdida e eles recuperaram o DNA [para usar em grande escala].”
Adalmir Pinheiro, responsável comercial da vinícola
A fattoria, a partir de toda a expertise da Sensi, produz vinhos de fermentação rigorosa em madeira francesa, orgânicos e totalmente sustentáveis, com certificações internacionais.
O vinho mais famoso é o Collegonzi, produzido a partir da seleção das melhores uvas calappiano, e é a expressão máxima do território. Outros vinhos de assinatura são o Lungarno, o Vinciano e o Collegonzi.
Assim, a Calappiano produz uma média de 33 mil garrafas/ano e está presente em 68 países, levando sabores intensos para o mundo todo.
“É uma produção pequena com vinhos realmente de altíssima qualidade”, completa Pinheiro.
Quinta do Sagrado
O ponto-chave da Quinta do Sagrado é a localização central de 20 hectares na região do Douro, no Pinhão, em Portugal, que é o lugar mais antigo e cobiçado para produzir vinho na região.
A Quinta nasceu em 1756, sendo uma das mais antigas propriedades vinhateiras do Pinhão e, já em 1829, foi firmada como produtora de referência regida pela família Cálem, que se especializou na produção de vinhos premium, além de desenvolver a infraestrutura e a logística de exportação.
Atualmente, é detida pelos descendentes do príncipe dos vinhedos Marquês Nicolas Alexandre Ségur, como foi nomeado pelo rei Luis XV, por meio da Ségur Estates, empresa com um projeto de produção de grandes vinhos no Velho Mundo, honrando a herança familiar.
“Quando nós, da Ségur Estates, compramos a Quinta da família Cálem, juntamos as histórias de um dos mais emblemáticos produtores de vinho bordeaux com uma das famílias mais históricas do Doro. Essa junção resulta no prestígio da Quinta do Sagrado.”
João Barbosa, CEO da Ségur Estates
Os vinhos da Quinta são produzidos de forma tradicional, por meio da apanha e seleção manual de uvas, pisa a pé em lagares de granito e vinificação de pequenos lotes. Esse processo confere aos vinhos um longo potencial de envelhecimento.
Especializados em vinhos do porto e de vinhas velhas com mais de 70 anos, a Quinta do Sagrado produz em média 200 mil garrafas/ano, exporta para 20 países, e está no Brasil desde 2017.
Iturria
Xavier Iturria chegou à Espanha em 1999 e, depois de adquirir vasta experiência em diversas vinícolas, decidiu abrir o próprio negócio com o objetivo de produzir vinhos importantes e equilibrados, a Bodegas Iturria.
Localizada na região do Toro, as vinhas estão em um solo majoritariamente pobre, mas que permite raízes profundas, e em um clima desafiador, com temperaturas que variam entre os extremos. Surpreendentemente, todos esses aspectos resultaram em uma flora independente de uvas de alta qualidade.
Plantadas a 700 metros de altura, os vinhedos da Iturria são ecológicos e cultivados sem o uso de pesticidas desde o princípio. As uvas são selecionadas a mão e colhidas cedo para aproveitar o máximo sabor, separadas em caixas de 15 kg, que maturam por 12 dias e tem as borras removidas uma vez por semana para garantir a qualidade das bebidas.
Atualmente, a Iturria produz 43 mil garrafas/ano, que são divididas em três vinhos tintos cheios de nuances e está presente em 10 países e no Brasil desde 2022.
Réquiem
Pablo Miranda e Adolfo González, entediados com a padronização e a automatização do processo de produção dos vinhos modernos, foram movidos pela vontade de processar a uva de forma tradicional e fundaram a Bodegas Réquiem Hispania em 2000, no estilo “vinho de garagem”.
Situada em Peñafiel, na Espanha, a vinícola conta com vinhedos de idades entre 80 e 120 anos, que são cuidados com muita paciência e delicadeza para garantir a qualidade e exclusividade da bebida final.
“A Réquiem Hispania responde à filosofia do pequeno, do exclusivo, do limitado, do bem feito e do respeito pelo seu ambiente natural, pelos costumes do seu povo e pelo legado das suas tradições.”
Pablo Miranda, proprietário e embaixador da Réquiem
Na adega, eles apostam na qualidade intrínseca das uvas com o mínimo de intervenção tecnológica e química. Assim, as uvas são colhidas manualmente em pequenas caixas de 12 kg e transportadas em caminhão frigorífico, chegando aos armazéns sem adição de enxofre: 100% uva. Lá, passam sete meses no barril, resultando em vinhos jovens e tintos de qualidade singular.
A bodega produz 30 mil garrafas/ano com o toque singular do enólogo Emmanuel Ivars Encinas, francês filho de pais emigrantes espanhóis; e está presente em 15 países e, no Brasil, desde 2015.