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Depois dos vinhos, espumantes e queijos brasileiros ganharem visibilidade e conquistarem os paladares de norte a sul, agora é a vez dos azeites nacionais fazerem essa trajetória. Ao menos é isso o que deseja Rafael Pinheiro Buchabqui, Marcelo Fagundes e Luiz Fernando Mainardi, sócios e proprietários do azeite Torrinhas, que foi apresentado em Brasília, na quarta-feira, 9/8, em uma degustação para convidados no restaurante Dom Francisco, da Asbac.
Produzido nos municípios de Pinheiro Machado, Hulha Negra, Candiota e Bagé, no coração do pampa gaúcho, o azeite de oliva extravirgem Torrinhas tem como diferencial a colheita precoce, na qual as azeitonas são colhidas ainda verdes, diferente do que ocorre na região espanhola da Andaluzia e em Portugal. “Temos um clima mais úmido no Rio Grande do Sul, com chuvas, e isso impacta diretamente na qualidade da nossa produção e no terroir”, explicou Mainardi. “Também optamos pelo transporte e extração no mesmo dia para valorizar ainda mais esse frescor”, completou Buchabqui.
Enquanto os sócios compartilhavam a história da marca Torrinhas e guiavam a degustação, os convidados puderam conhecer, em primeira mão, os produtos que já estão à venda no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, e em breve poderão ser encontrados no Distrito Federal.
“Estamos muito honrados com o convite feito pelo chef Francisco Ansiliero, que é um líder da cena gastronômica de Brasília e do Brasil. É com muita alegria que estamos fazendo dessa degustação, a estreia do Torrinhas em Brasília. Queremos entrar no mercado da capital federal e colocar o Torrinhas nos restaurantes, mercados e empórios. Nosso azeite fresco extravirgem tem qualidade, procedência. É um produto premium, sem dúvidas”, garante Mainardi.
Francisco Ansiliero reforçou a importância de comprar de produtores brasileiros. “Sempre valorizei o produto nacional e estamos aqui hoje para conhecer essa marca de azeites feitos no Brasil e que têm muita qualidade”, pontuou.
Em meio a recentes apreensões de azeites estrangeiros adulterados pela Polícia Federal, Luiz Mainardi chamou a atenção para a maior fiscalização e o trabalho do Ministério da Agricultura. “O Brasil é um país onde a grande maioria das pessoas, infelizmente, ainda não tem conhecimento mais apurado para diferenciar o azeite de qualidade. E a verdade é que tem muita gente comprando gato por lebre, dando preferência para azeites importados e sem qualidade. Quero dizer que o rótulo indica uma coisa, mas dentro da garrafa é uma história bem diferente. O Ministério da Agricultura está policiando e tem quem fazer isso mesmo”, sustenta Mainardi, um dos precursores em trazer oliveiras para o Rio Grande do Sul e começar a história dos azeites no sul do país.
Para harmonizar perfeitamente
Durante o evento, Buchabqui apresentou as variedades de azeites da marca e reforçou que todos são extravirgem e compostos apenas do suco das azeitonas.
“Feito com um blend de arbequina e koroneiki, a espécie que mais se adaptou ao Brasil, o azeite Frutado Suave tem sabor equilibrado, realçado por notas herbáceas aromáticas. Sua acidez máxima é 0,2%.”, contou o sócio. Elegante, é um azeite que harmoniza bem com pratos leves como uma salada caprese, risotos de legumes, pizzas de muçarela, quiches, peixes delicados e carnes brancas.
O azeite Frutado Intenso é produzido com o blend de coratina e koroneiki, e possui notas florais. “Em boca, revela alta fluidez e níveis de amargor e picancia persistentes. É ideal para acompanhar pratos com intensidades entre médias para intensas, como bruschetas de tomate, saladas de folhas amargas, pizza de calabresa, presuntos crus, carpaccios e carnes grelhadas”, sugeriu.
Já o Picual, o monovarietal da Torrinhas, tem sabor fresco, intenso e persistente, com notas e aromas que remetem a nozes, ervas e frutas verdes. Segundo o sócio, ele harmoniza perfeitamente com queijos curados, carnes condimentadas e bacalhau.
“Plantamos a primeira muda em 2015 e após um intenso trabalho em equipe, com a participação da azeitóloga Isabel Kasper, estamos indo para a terceira safra. E os planos é de expandir a linha. Um quarto rótulo, um novo monovarietal, será lançado em breve “, revelou Rafael.
Olivicultura em expansão
Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) e a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul (Seapi), a produção da safra 2022/2023 do estado alcançou a marca de 580,228 mil litros, representando um aumento de 29% em relação ao período anterior. Com 23 lagares e olivais ocupando 6,2 mil hectares em 110 municípios, os maiores produtores se encontram em Pinheiro Machado, Canguçu, Encruzilhada do Sul, Cachoeira do Sul, Dom Feliciano, Bagé, Santana do Livramento, São Gabriel e Viamão. A expectativa para os próximos anos é que a produção atinja os 900 mil litros.
E com essa confiança, a equipe da Torrinhas se prepara para a abertura do próprio lagar, nome dado ao local para onde as azeitonas são levadas depois da colheita e o azeite é feito.
“Nosso lagar está sendo construído em Candiota e a expectativa é que seja inaugurado em fevereiro de 2024, a tempo da próxima safra. No futuro, o projeto terá ainda um restaurante, uma loja e uma pousada para oferecer uma experiência bem especial aos visitantes”, finaliza Luiz Fernando Mainardi.
Azeites de Oliva Torrinhas
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