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A preservação do meio ambiente e produtividade na agropecuária andam juntas. A adoção de técnicas de produção modernas e baseadas em tecnologia garantem uma alta eficiência e sustentabilidade ambiental – ou seja, um cenário de “ganha-ganha”.
O problema, num país como o Brasil, é que a falta de acesso à tecnologia e recursos financeiros leva pequenos produtores à adoção de práticas que aumentam a pressão sobre as florestas. Por isso, é preciso avançar em programas de assistência técnica e diminuir barreiras de acesso ao crédito, defendeu Liège Correia, diretora de Sustentabilidade da JBS Brasil, durante a COP29, promovida no Azerbaijão.
Na última quarta-feira (13/11), o painel “Amazônia Solução Climática: Mecanismos financeiros para catalisar um futuro sustentável” reuniu lideranças para debater iniciativas e soluções inovadoras voltadas para a preservação ambiental e o desenvolvimento da Amazônia, com ênfase na promoção de práticas agrícolas sustentáveis entre pequenos agricultores.
Segundo a diretora de Sustentabilidade da JBS Brasil, o Brasil vive um círculo vicioso na relação com os pequenos produtores: sem acesso às melhores técnicas de produção, eles acabam adotando práticas que resultam em desmatamento.
Ao não cumprirem o Código Florestal, eles não têm acesso a linhas de financiamento fundamentais para a adoção de técnicas sustentáveis. “Muitas vezes eles são marginalizados e excluídos”, afirmou.
A solução é a inclusão desses pequenos produtores. “O Brasil tem 6 milhões de estabelecimentos rurais familiares. Na área de atuação da JBS, trabalhamos para incluí-los no sistema socioambiental, principalmente aqueles que enfrentam desafios com compliance”, ressaltou Correia.
“Com suporte técnico e financeiro, esses produtores conseguem não somente melhorar a gestão de suas propriedades, mas também acessar crédito de forma digna e sustentável”, acrescentou.
Escritórios Verdes
A executiva também destacou o programa Escritórios Verdes da JBS como uma resposta prática e eficaz para apoiar esses produtores.
Com uma abordagem integrada e personalizada, os Escritórios Verdes levam assistência técnica diretamente às realidades locais, considerando as particularidades de cada região.
“A ideia é levar conhecimento ao produtor para que ele possa gerenciar sua propriedade com eficiência e sustentabilidade”, explicou.
Com 20 escritórios físicos espalhados pelo Brasil, agora com uma versão virtual que expande ainda mais o atendimento, o programa é gratuito e acessível a qualquer produtor rural, independentemente de ser fornecedor da JBS.
“Acreditamos que a preservação e a alta produtividade são metas que andam juntas. Por isso, o Escritório Verde é uma ferramenta aberta e acessível a todos, ampliando o impacto positivo da agricultura responsável em escala nacional”, colocou Correia.
Plano de Agricultura de Baixo Carbono
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, que também participou do painel, apresentou o Plano de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) como uma das principais iniciativas do governo para transformar a lógica da agricultura na Amazônia.
O plano, desenvolvido em parceria com diversos ministérios, visa a incentivar uma agricultura mais produtiva e de menor impacto ambiental.
“Com o apoio de universidades e instituições como Embrapa e Sebrae, estamos mudando a lógica econômica da agricultura, criando um sistema em que o agricultor vê vantagem econômica em manter a floresta em pé, pois o valor da preservação supera o da floresta suprimida”, ponderou.
Além disso, o ministro ressaltou novas oportunidades de financiamento por meio do Fundo Amazônia e do Pronaf para expandir a assistência técnica, com destaque para o programa Bolsa Floresta e as parcerias com universidades para levar capacitação aos agricultores.
Segundo ele, essa abordagem é crucial para promover um desenvolvimento econômico que respeite o meio ambiente e valorize os recursos naturais da região.
Moderado por André Guimarães, diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), o painel também contou com Mirey Atallah, chefe de Adaptação e Resiliência do PNUMA, da ONU; Helder Barbalho, governador do Pará e presidente do Consórcio Amazônia Legal; Maurício Bianco, vice-presidente da Conservação Internacional; Nabil Kadri, representante do BNDES; Leonardo das Neves Carvalho, secretário de Meio Ambiente do Acre; e Gabriela Savian, representante do Ipam.