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É durante a infância que as crianças exploram o mundo ao seu redor e desenvolvem habilidades que serão usadas pelo resto da vida. Entre elas, está a capacidade de ter uma boa relação com o dinheiro — e por isso é tão importante se preocupar com a educação financeira dos filhos.
Quando começar a educação financeira dos filhos?
Especialistas são unânimes em afirmar que o dinheiro dever ser colocado na vida da criança desde cedo, obviamente com a supervisão dos pais e adultos, mas deve ser tratado com naturalidade como o ato de tomar água ou comer uma fruta.
“Na primeira infância, dos zero aos quatro anos, quando a criança está aprendendo a brincar com chocalhos, montar e encaixar peças, é legal introduzir o cofrinho, ensinar a criança a colocar moedinhas lá dentro. Assim, ela vai perceber que tem um barulho acontecendo por conta daquilo que ela enfiou lá dentro, que esse barulho é diferente quando coloca uma moeda ou duas e um belo dia, abre o cofrinho e vê tudo que tem. Ela não sabe que aquilo é dinheiro, para ela é só um brinquedo, mas isso traz naturalidade para as crianças em relação ao dinheiro”, explica na palestra “Planejamento Financeiro para os seus Filhos”, o professor Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro.
Calil afirma que a lida com dinheiro é um hábito aprendido assim como escovar os dentes e tomar banho. As crianças vão compreender o que é dinheiro no dia a dia. “Se os pais tiverem uma educação e comportamento alimentar que traga bons alimentos, as crianças vão entender a importância de se alimentar bem. Se a pessoa só oferece batatas fritas e comidas gordurosas aos filhos, eles vão criar esse hábito alimentar e não vão gostar de verduras e legumes”, diz. “A mesma coisa acontece com o dinheiro. Se você mostrar para seus filhos que dinheiro é para gastar, que você faz dívida em cima de dívida, eles vão aprender que essa é a relação com dinheiro. Ao passo que se você mostrar que dinheiro é algo necessário tanto quanto água, ou escovar os dentes e tomar banho e mostrar que a relação pode ser prazerosa, aí a percepção da criança – e do futuro adulto – com dinheiro será outra. Enfim, a atitude e o exemplo dos pais em relação ao dinheiro é o que vai marcar a vida da pessoa para sempre”, pondera.
Mesada ainda é um bom instrumento para ensinar educação financeira?
É consenso entre economistas que ao receber um valor fixo, a criança pode aprender a gerenciar seu dinheiro e a economizar para alcançar seus objetivos. A partir desse pagamento recorrente, as crianças têm uma percepção melhor sobre o uso e o valor do dinheiro. Assim, elas começarão a compreender conceitos relevantes, como a necessidade de poupar.
E você sabia que uma mesada educativa pode ensinar até mesmo sobre frustração? Isso porque, ao recebê-la, seu filho entenderá que o dinheiro é limitado e que nem sempre é possível comprar tudo o que se quer, na hora desejada.
A economista Yolanda Fordelone, do canal Econoweek, alerta que uma pessoa que não tem conversas sobre dinheiro na infância, vai acabar tendo quando for adulto, quando começa a trabalhar, e “aí é com o sistema financeiro como um todo, não só com o dinheiro, é com o cartão de crédito, com empréstimos, com investimentos e, em geral, as pessoas acabam se enrolando, porque não sabem como usar esses instrumentos. Se você antecipa essa educação desde criança, vai impedir que a pessoa entre em problemas futuramente”, diz.
A economista acredita que a mesada, com orientação dos adultos, pode ser um ótimo instrumento para iniciar a criança nos rudimentos da educação financeira. Ela dá R$ 25 por semana para o filho de 7 anos e considera que a “semanada” ajuda porque ele ainda não tem uma noção muito concreta de tempo. Ele sabe que o mês tem 30 dias, mas considera isso uma eternidade. Como o ciclo de tempo da criança está muito associado à escola e a escola é semanal e as folgas também, então ele consegue administrar melhor o dinheiro naquele espaço de tempo.
“Entre 9 e 11 anos podemos aumentar para o pagamento quinzenal e à partir dos 12, para mensal. Mas, mais importante do que dar o dinheiro, é auxiliar o seu filho a organizar os gastos, definir prioridades e fazer a quantia durar. Tem que ser criativo também na forma com a qual se fala de dinheiro com a crianças. Eu defini que R$ 5 precisam estar numa reserva de emergência. Ele é muito ativo e, eventualmente, quebra o brinquedo de algum amigo, o que gera gastos. Então a reserva de emergência serve também para ensinar que o que ele faz, traz consequências, inclusive, financeiras”, conta. “Os outros 20 reais ficam para ele gastar como quiser, doces, brinquedos, mas eu sempre lembro que se ele gastar tudo em doce, lá na frente não vai ter dinheiro para comprar figurinha ou o brinquedo que ele quer. Daí fica a cargo dele decidir se vai gastar tudo ou se vai guardar um pouco para atingir objetivos maiores”, finaliza.
Saiba como introduzir a educação financeira com crianças:
Conversar abertamente sobre dinheiro: é importante que os pais conversem com os filhos sobre dinheiro desde cedo. Fale sobre a importância de economizar, gastar com sabedoria e evitar dívidas.
Dar o exemplo: os filhos aprendem muito com o exemplo dos pais. Se os pais mostram uma boa gestão financeira, os filhos vão entender que isso é importante e podem seguir o exemplo.
Ensinar a diferença entre necessidades e desejos: ajude seus filhos a entenderem a diferença entre o que é realmente necessário e o que é apenas um desejo. Eles podem aprender a priorizar necessidades e economizar dinheiro para os itens que desejam.
Envolva seus filhos nas decisões financeiras: inclua seus filhos nas decisões financeiras da família. Eles podem ajudar a planejar as despesas da casa, como escolher um plano de celular ou escolher o destino das férias.
Oferecer uma mesada: a mesada pode ser uma boa solução para ensinar educação financeira para os filhos. Ao receber um valor fixo, eles podem aprender a gerenciar o dinheiro e a economizar para alcançar objetivos. No entanto, é importante que a mesada seja bem planejada e que os pais estabeleçam regras claras sobre como o dinheiro deve ser usado. Por exemplo, uma parte da mesada pode ser destinada a poupança e outra para gastos pessoais. Os pais também podem ensinar seus filhos a comparar preços e a buscar promoções para economizar dinheiro.
Ajude seu filho a criar metas: além de oferecer os recursos, ajude seu filho a fazer um plano financeiro. De acordo com a idade dele, você poderá explicar o que são metas financeiras de curto prazo e de longo prazo (como o presente de Natal). Assim, ele poderá definir o que deseja alcançar, quanto isso custa e como ele pode usar a mesada para atingir esses resultados.
Estimule o controle financeiro: também é necessário que seu filho saiba controlar as finanças. Então mostre para ele a necessidade de anotar os gastos, explicando que esse controle ajuda a identificar como o dinheiro tem sido usado ao longo da semana ou do mês.
Incentive o empreendedorismo: para crianças um pouco mais velhas, vale ensinar sobre a possibilidade de complementar a mesada ao empreender. Explique como a criança pode vender itens feitos por ela para aumentar o próprio dinheiro. Assim, ela também entenderá que o esforço e o comprometimento podem ser recompensados.
Neste artigo, você descobriu dicas de especialistas com os conceitos de educação financeira que desenvolvem habilidades na infância e que serão usadas pelo resto da vida. Entre elas, está a capacidade de ter uma boa relação com o dinheiro e isso é essencial na vida adulta.
Nós podemos mudar o futuro de nossas crianças através da educação e a educação financeira infantil é primordial para formarmos um adulto sem problemas financeiros.