metropoles.com

Como economia criativa do YouTube tem gerado oportunidades no Brasil

O ecossistema da plataforma ajudou a gerar 140 mil empregos e movimentou R$ 4,55 bilhões no país em 2022

YouTube/Montagem
YouTube
1 de 1 YouTube - Foto: YouTube/Montagem

atualizado

Todos os dias, bilhões de horas de vídeo são assistidas no YouTube. É a plataforma de compartilhamento de vídeos mais popular do mundo e o ecossistema criativo sustentado por essa comunidade que une criadores de conteúdo, usuários e anunciantes tem um impacto crescente na economia brasileira. Só em 2022, o YouTube ajudou a gerar mais de 140 mil empregos no Brasil e acrescentou um total de R$ 4,55 bilhões ao PIB brasileiro, segundo dados da consultoria independente Oxford Economics. Essas informações integram o Relatório de Impacto 2022 do YouTube no Brasil, publicado no início de agosto.

Mas, números não são tudo. Hoje, cada criador tem no próprio canal no YouTube não apenas um espaço para se expressar, ensinar, aprender e atingir novos públicos, mas também para gerar novos negócios. Nesta série, ao longo desta semana, serão publicadas histórias de brasileiros que, fazendo uso da plataforma, encontraram oportunidades que não seriam possíveis sem o alcance dela. 

Um desses destaques é a mineira Rafaela Xavier, de 26 anos – Rafa Xavier Trancista no YouTube. Ela foi a primeira da família a ingressar em um curso superior, estudando História na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mas, na plataforma, ela se tornaria uma professora e criadora referência em tranças, e também uma empresária de sucesso dentro e fora da economia criativa do YouTube.

A transformação na vida de Rafaela teve início em 2018, quando, ainda na faculdade, ela começou a fazer tranças afro como uma forma de complementar a renda familiar. Sentada numa cadeira de plástico na sala da casa onde morava com a avó, ela logo conquistaria uma ampla clientela, no que se revelaria mais do que um negócio.

“A troca que eu tinha com as clientes era muito intensa, muito forte. Via muitas pessoas pretas se descobrindo pretas por causa da trança. Passei a validar ali muita coisa que pesquisava, e fui me interessando cada vez mais por trançar cabelos.”

Rafa Xavier Trancista

A pesquisa de Rafa no curso de História foi direcionada para o estudo desse tema: o impacto cultural e histórico do cabelo afro. E faria parte do outro trabalho. “A faculdade me ajudou muito na questão da escrita, da oralidade, e aí fui criando conteúdos: comecei postando textos que as pessoas iam compartilhando; depois resolvi investir em vídeos para o YouTube”, conta. Assim, ela não apenas ajudou os negócios a prosperarem, mas espalhou o conhecimento que havia adquirido para que mais pessoas aprendessem a arte das tranças.

A história de Rafaela compartilha semelhanças com a de muitos outros criadores no Brasil, que encontraram na democratização de acesso proporcionada pelo YouTube uma chance de crescer e desenvolver as potencialidades. 

Segundo dados da consultoria Oxford Economics, 69% dos criadores concordam que o YouTube oferece uma oportunidade de criar conteúdo e ganhar dinheiro que eles não conseguiriam na mídia tradicional e 52% dos criadores que ganham dinheiro com o YouTube concordam que não teriam as carreiras ou empresas atuais sem o YouTube.

Fotografia colorida mostrando Rafa Xavier Trancista-Metrópoles
Hoje, Rafa Xavier é professora e influenciadora referência em tranças

Superando obstáculos

Ainda na época do curso de História, Rafa conheceu na UFMG um grupo de empreendedoras negras que tinha um coworking na Savassi, um dos bairros mais nobres de Belo Horizonte. “Elas estavam nesse movimento de ocupar aquele ambiente embranquecido, onde obviamente nunca havia tido um salão afro, porque não é o perfil das pessoas que moram naquela região”, lembra.

“Meu conteúdo estava circulando na minha pequena bolha e àquela altura eu tinha clientes de várias localidades, ficou difícil atender todo mundo no salãozinho da minha casa e ainda ir para a faculdade todo dia. Centralizei meu atendimento nesse coworking, que também oferecia manicure, design de sobrancelha, corte de cabelo. Entrei de cabeça nesse universo do empreendedorismo negro, onde uma fomentava a outra”, acrescenta a criadora.

Em 2020, ela criou a Casa Nagô, salão especializado em cabelos afro, oferecendo também cursos. Na primeira tentativa, essa iniciativa seria frustrada pela pandemia, fechando em poucos dias. Mas Rafaela não desistiu diante do obstáculo. A essa altura, a mineira já havia batido a marca de 3 mil alunas on-line e o canal Rafa Xavier Trancista se aproximava dos 10 mil inscritos

Em 2022, ela retomaria à ideia de empreender com o spa Maalum, afro-referenciado. O termo é, segundo Rafa, uma referência e uma homenagem à cultura ancestral do povo de origem africana. O spa oferece a um público de mulheres negras serviços de alto padrão com foco em noivas, madrinhas e formandas. A Casa Nagô também seria reaberta e, junto com o Maalum, emprega hoje 13 pessoas presencialmente.

Fotografia colorida mostrando Rafa Xavier Trancista-Metrópoles
Em 2020, Rafa Xavier criou a Casa Nagô, salão especializado em cabelos afro, oferecendo também cursos

O canal no YouTube continuou firme em todos os momentos. Ainda em 2022, Rafa foi uma das 35 criadoras brasileiras selecionadas para o Fundo Vozes Negras do YouTube, programa global de aceleração de produtores de conteúdo com impacto na plataforma.

“Foi um divisor de águas”, afirma. “Recebi um aporte financeiro que me permitiu contratar uma equipe fixa para cuidar do canal, e foi quando eu mais criei conteúdo e mais cresci, porque a qualidade do conteúdo mudou. Além desse investimento, tive acesso a uma série de formações que foram fundamentais, com especialistas que me ensinaram sobre gerenciamento do canal, produção de conteúdo e marketing de influência.”

Pioneiro na remuneração de criadores de conteúdo, o YouTube iniciou o Programa de Parcerias em 2007 e oferece múltiplas formas de geração de receita. Os canais que participam do programa recebem pelo compartilhamento da receita obtida por visualizações de anúncios e também a das assinaturas do YouTube Premium, dependendo de onde o conteúdo é exibido. 

Os fãs de um canal qualificado para o programa também podem remunerá-lo diretamente pelo Clube dos Canais, a opção “seja um membro” que aparece nos vídeos. Esse clube oferece conteúdo e chats exclusivos, com opções como os Super Stickers – figurinhas para os chats – e Valeu Demais – uma remuneração em agradecimento ao criador. 

A outra frente de monetização do YouTube são os benefícios indiretos. É, por exemplo, quando um criador consegue oportunidades de negócios por conta da visibilidade do canal. A exposição também ajuda a marcas e negócios, como o de Rafaela, a conseguir mais clientes, tráfego e vendas. 

E os anúncios do YouTube beneficiam a negócios de todos os portes. No mesmo 2022 em que foi contemplada pelo Fundo, Rafa estrelaria campanhas para diversas marcas.

Além dos criadores, outras pessoas são beneficiadas com o desenvolvimento econômico e criativo de um canal, como funcionários e prestadores de serviços, tais como agências, animadores, músicos e mais. Vendas de materiais para a produção de vídeos, como câmeras, celulares e iluminação, também são um mercado incentivado por todo esse ecossistema. 

Esse impacto é reconhecido pelos empreendedores. Ainda de acordo com o Relatório de Impacto 2022 do YouTube, 72% das pequenas e médias empresas com um canal no YouTube concordam que o YouTube é essencial para ajudá-las a aumentar a receita.

Empoderamento financeiro

“Hoje o YouTube é a minha plataforma”, ressalta Rafaela. “Vejo o YouTube como uma grande plataforma de educação acessível a todos. São milhões de vidas impactadas por conteúdos gratuitos que podem ser uma sementinha que acelera carreiras. O grande impacto é o empoderamento financeiro. Quando a gente pensa que está fomentando uma educação que impacta diretamente na forma como o dinheiro circula, principalmente em áreas periféricas, entre mulheres desempregadas, mães solo, a gente consegue perceber esse empoderamento.”

“Esse papel de estar ali mostrando que a gente pode e deve crescer como profissionais é o mais valioso”, pondera. “Sempre quis ser professora de História. Acabou que não fui ser professora de História tradicional de sala de aula, mas me formei e sou boa professora. Ainda que de paraquedas, acabei caindo mesmo nesse lugar do ensino. Trançar é uma profissão ancestral; depois da religião, uma das coisas mais ancestrais que a raça negra tem é o cuidado com o cabelo. Se expressar esteticamente com o cabelo é a nossa maior herança.”

Os números são fornecidos pela consultoria independente Oxford Economics, com sede na Inglaterra.

Você pode entender em detalhes no Relatório de Impacto 2022 do YouTube no Brasil 

 

Rafaela é uma das pessoas que criou um negócio por meio do YouTube e encontrou seu espaço na economia criativa. Veja mais casos de criadores brasileiros contando como, ao fazerem parte da economia criativa por meio do YouTube, um rumo diferente surgiu para sua vida e para suas comunidades.

Instagram
Twitter
Facebook

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?