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O Distrito Federal enfrentou a pior epidemia de dengue da história em 2024. Até o início de novembro, foram contabilizados 319.330 casos da doença. Um número que representa 853,7% a mais do que o registrado durante o mesmo período de 2023, quando a capital teve 28.975 casos. Diante dessa alta, reforçou-se ainda mais a importância dos cuidados de prevenção e combate à proliferação do mosquito Aedes aegypti, principal transmissor da doença.
A moradora de São Sebastião Lueny Vieira, 27 anos, redobrou os cuidados de prevenção após perder a sogra por complicações da doença. Patrícia Monteiro, 51, faleceu em 9 de janeiro, depois de evoluir para um quadro de dengue hemorrágica. “A perda dela fez a gente refletir. Ela era ativa, super alto astral, parecia ter mais energia do que nós. Foi uma perda que nos impactou bastante.”
Além de Patrícia, outras três pessoas da família tiveram dengue no mesmo período, porém com sintomas mais leves. “Minha sogra foi a que teve sintomas mais fortes. Ela não conseguia comer nem beber líquido. Foi ficando mal, com a barriga inchada. Levamos para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e lá indicou que as plaquetas estavam baixas. Ela chegou a voltar para casa, mas piorou e quando voltou para UPA não saiu mais”, relata.
Foram registradas 440 mortes devido a complicações da dengue no DF em 2024. Sendo que, em 2023, foram 24 óbitos pela doença.
Cuidados
Lueny, o marido e a filha de 7 anos também apresentaram sintomas da dengue. “Foi a primeira vez que pegamos. Sempre fomos muito cuidadosos, não gostamos de deixar entulho, não temos plantas em casa e o quintal fica sempre limpo. Agora usamos repelente e meu sogro verifica sempre a calha e coloca água sanitária”, aponta.
Para ela, o foco do mosquito veio de algum local próximo à casa. “A gente foi analisando a vizinhança. Aqui perto tem uma casa com mato alto e com lixo acumulado. Já acionamos a administração sobre isso.”
“É importante que as pessoas tenham consciência. Cinco minutos para olhar ralos e dar uma checada no quintal para ver se tem água acumulada fazem toda a diferença.”
Lueny Vieira, moradora de São Sebastião
Para Amanda Assunção, 37, a falta de cuidado na vizinhança é a principal problemática quando o assunto é dengue. “Moro em Vicente Pires, aqui tem muitas casas com piscina, com jardim grande, muitos prédios abandonados e que não estão finalizados. Tudo isso, se não tiver cuidado, se torna foco para o mosquito”, afirma.
Amanda também teve dengue em fevereiro deste ano. Com sintomas leves, ela buscou a Unidade Básica de Saúde (UBS), em Vicente Pires, que fez o encaminhamento para o tratamento em casa, com medicamento para dor e soro. Além dela, a mãe e a irmã tiveram a doença no início do ano.
Prevenção
Durante o período chuvoso, os cuidados de prevenção e combate a proliferação do mosquito da dengue devem ser redobrados. Pois a água acumulada é um meio propício para o desenvolvimento do Aedes aegypti.
Segundo especialistas, a atenção deve ocorrer durante o ano todo, pois os ovos colocados em chuvas passadas ainda podem eclodir, já que eles sobrevivem entre 300 e 400 dias. Veja algumas ações simples para quebrar esse ciclo de vida do mosquito.
Ações de conscientização e monitoramento
Durante o ano todo, equipes da Diretoria de Vigilância Ambiental trabalham para conscientizar a população sobre os cuidados de prevenção à dengue, além de montar armadilhas estratégicas para mapear as regiões de risco de maior proliferação.
O gerente da Gerência de Vigilância Ambiental de Vetores e Animais Peçonhentos e Ações de Campo, Edi Xavier, explica que as ações não param. “É do dia 1º de janeiro a 31 de dezembro trabalhando. Nesta fase agora os esforços estão nas visitas domiciliares de orientação e na colocação de armadilhas para o mosquito”, explica.
De acordo com ele, estão sendo instalados vários dispositivos chamados ovitrampas para a captura dos ovos do Aedes aegypti. Elas são colocadas nos quintais das casas e ruas, com distâncias específicas de 200 a 300 metros uma da outra, de acordo com o tamanho da população da cidade.
“A armadilha é composta por um recipiente preto que contém uma mistura de levedo de cerveja, inseticida e água, além de um paletinha de madeira onde o inseto pousa para colocar os ovos.”
Edi Xavier, gerente da Gerência de Vigilância Ambiental de Vetores e Animais Peçonhentos e Ações de Campo
A armadilha é segura e eficiente, pois o inseticida impede que as larvas do mosquito se desenvolvam. Além de auxiliar nas estratégias para combater a proliferação do mosquito em regiões com maior incidência.
Essas armadilhas estão sendo instaladas em todas as regiões administrativas do Distrito Federal.