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Quem diria que uma das cidades mais inteligentes do mundo está no Brasil? É isso mesmo! Por isso, Curitiba foi amplamente destacada no painel “Cidades Inteligentes”, que ocorreu no auditório principal do Centro de Convenções de Salvador, na manhã desta quarta-feira (9/10), no terceiro dia da 79ª Semana Oficial da Engenharia e Agronomia (SOEA).
Para o professor da Universidade de Medellín, Carlos Arredondo (foto principal), a capital paranaense tem se consolidado como uma referência global em inovação e sustentabilidade urbana ao adotar soluções que promovem o desenvolvimento de uma cidade mais verde e eficiente, em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
Esse compromisso rendeu à cidade, pela quinta vez, o reconhecimento entre as seis cidades mais inteligentes do mundo, figurando como finalista em um dos prêmios mais prestigiados do setor.
“Curitiba é uma das smart cities mais inteligentes do planeta, inclusive por seu potencial de energias renováveis. As cidades precisam seguir o exemplo, precisam estar conectadas aos seus ecossistemas”, defendeu.
O professor ainda destacou São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis como outras referências em energia renovável e sustentabilidade.
“O Brasil é o país com a maior entrega de energias limpas. Aqui tem potencial de energia eólica, fotovoltaica, biocombustíveis. O problema mais grave sobre a energia é que não teremos como armazenar e precisamos descobrir como fazer isso. A evolução da energia renovável gera crescimento e precisamos ajudar não só a economia, mas a sustentabilidade planetária”, observa Arredondo.
Planejamento urbano é fundamental
Na sequência da palestra do professor, a engenheira civil Camila Mileke Scucato, secretária das Cidades (PR) e superintendente do Paranacidade, abordou instrumentos e ações para apoiar a gestão municipal nesse planejamento.
Segundo ela, o planejamento urbano é fundamental para alcançar o título de uma das cidades mais inteligentes do mundo. E, para que isso funcione, precisa vincular os gestores municipais às ações voltadas para a sociedade e não como plano pessoal de governo.
“Temos ações que precisam ser efetivadas para garantir a sua efetividade, e isso não é ao bel-prazer da gestão atual. Precisamos de planejamento urbano contínuo, que envolva a parte técnica, de infraestrutura, de toda a questão da conectividade e do transporte”, afirmou.
Conforme Scucato, o Paranacidade já foi premiado e, por ser interativo, auxilia a gestão pública na economia de tempo e dinheiro. Entre os benefícios, tem um robusto sistema de georreferência, que mapeia os municípios e facilita a gestão. Além disso, auxilia no plano diretor, tonando a administração pública mais ágil e eficiente.
“Precisamos digitalizar as cidades. Isso impacta em eficiência energética, no transporte, na reordenação dos centros urbanos, como estamos fazendo com o projeto ‘Asfalto Novo, Vida Nova’, que é um dos maiores programas de asfalto do país”, ponderou.
Ela ainda contou que 239 municípios paranaenses já estão integrados ao Paranacidade, com investimento de cerca de R$ 92 milhões.
“Temos que olhar para os indicadores sociais e tornar as cidades mais inclusivas, com ciclovias, parques, arborização, política pública de habitação, para transformar cada cidade, cada estado, cada lugarzinho deste Brasil, que é enorme e diferente.”
Estratégias internacionais
Com o tema “Tendencias de economía circular en Colombia y casos de aplicación”, a professora Alejandra Balaguera, da Universidade de Medellín, trouxe a experiência colombiana em economia circular.
Ela destacou a importância de construir cidades inteligentes na Colômbia, mencionando que a estratégia, que já tem cerca de cinco anos, tem o foco na criação de novos negócios sustentáveis.
Balaguera ressaltou o uso eficiente de recursos como água, terra e materiais energéticos.
Embora a Colômbia ainda esteja atrás de outros países em termos de matriz energética, como apontou a professora, ela enfatizou que o país está avançando em infraestrutura e precisa definir estratégias eficazes para lidar com os resíduos. “Precisamos de eficiência no uso dos materiais, recirculação dos recursos hídricos e renovação das energias”, afirmou.
A professora ainda pontuou a necessidade de investir na economia circular, promovendo novos modelos de negócios, cidades sustentáveis e circulares, com responsabilidade dos produtores e consumo consciente. “É essencial unir universidade, empresas e Estado para criar alianças.”
Cidades conectadas
Já para a CEO da Trend Smart Cities, Lucia Beatriz Bellocchio, as pessoas são levadas a criar imagens futuristas de robôs e tecnologias muito avançadas, mas o conceito está bem mais próximo do que se imagina.
“Pensar em cidade conectada nos convida a pensar na inovação, nas pessoas e na natureza. A transformação precisa ser sustentável e centrada nas pessoas. É claro que falamos da transformação digital, afinal estamos gerando dados o tempo todo. A transformação já está acontecendo e o conceito mais presente é a evolução orgânica das cidades”, destacou ela ao abordar a necessidade das cidades se adaptarem ao século XXI.
Segundo ela, hoje se vive uma revolução invisível, com as pessoas habitando concomitantemente dois ecossistemas: físico e digital.
“É só pensar nas transações por bancos digitais. Compramos pelo celular e chega um produto físico em casa. Nos movemos dentro da cidade e temos experiência digital. Mas, precisamos saber usar isso de forma amigável com o meio ambiente”, alertou.