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Não muito comentado fora dos consultórios, mas bastante prejudicial, o ceratocone é uma doença que provoca alteração na córnea, alterando as estruturas, encurvando e criando um formato semelhante a de um cone. Essas mudanças podem até causar cegueira total.
Estima-se que a cada 100 mil pessoas no mundo, de quatro a 600 desenvolvem a doença. Além disso, dados da Associação Brasileira de Transplante dos Órgãos apontam que, dos mais de 23 mil transplantes feitos ao ano no país, cerca de 13 mil são de córnea, sendo o ceratocone uma das principais causas.
A médica oftalmologista especialista em córnea do CBV – Hospital de Olhos, Maria Regina Chalita, alerta que a doença pode aparecer no início da adolescência e tende a prolongar-se até em torno dos 30 a 35 anos de idade. “Crianças com quadros graves de alergia ocular podem apresentar ceratocone ainda na infância. Já os pais que são portadores da doença podem ter de 6 a 14% de descendentes acometidos, uma chance de 15 a 67 vezes maior do que a população geral”, explica.
De acordo com a médica, baixa de visão que não melhora totalmente com o uso de óculos, mudança brusca de grau – principalmente aumento do astigmatismo -, dificuldade de visão noturna, sensibilidade à luz e vista embaçada e dupla são alguns dos sintomas da doença. “Se não tratado, o ceratocone pode levar à baixa de visão severa, chegando inclusive a casos de cegueira total com necessidade de transplante de córnea. Por isso, é imprescindível a visita regularmente ao oftalmologista para a realização dos exames e check-up da saúde ocular.”
Tratamentos garantem qualidade de vida para pacientes
O ceratocone não tem cura, no entanto com o avanço da medicina e dos centros especializados em patologias oculares, possui diversos procedimentos disponíveis que são indicados de acordo com a fase de evolução da doença e gravidade do caso. Os tratamentos se dividem em duas etapas, a primeira foca em estabilizar a doença, evitando a progressão, e a segunda resulta em melhorar a acuidade visual.
Para estabilizar a doença em casos que estão progredindo, a médica Maria Regina recomenda o tratamento com crosslinking de córnea, que é um procedimento cirúrgico em que é utilizado um colírio de riboflavina (Vitamina B2) associada à luz UVA para o enrijecimento corneano por meio da criação de ligações covalentes entre as fibras de colágeno da córnea.
Para melhorar a acuidade visual são utilizadas lentes de contato rígidas com curvatura especial para ceratocone. Quando o paciente não se adapta, pode ser indicado o implante de anéis intra-corneanos que tem como objetivo diminuir a curvatura da córnea para facilitar a adaptação de lentes de contato ou mesmo a prescrição de óculos.
“O transplante de córnea ocorre em casos de ceratocone muito avançados, em que há baixa de visão severa e não se pode mais adaptar lentes ou colocar implantes de anéis intra-corneanos”, explica a especialista.
Fique atento!
Você sabia que, além de fatores genéticos, o hábito de coçar os olhos está entre os principais causadores do ceratocone? Sendo assim, o controle desse impulso é o primeiro passo para prevenir a doença.
“Coçar os olhos é um dos principais fatores que levam à piora da deformidade da córnea. É necessário estar sempre atento a fatores que causam alergia para evitar que os olhos sejam atingidos”, alerta a oftalmologista especialista do CBV – Hospital de Olhos.
Como a vontade de coçar os olhos tende a estar relacionada a possíveis alergias oculares, rinites alérgicas ou dermatites atópicas, que são alergias sistêmicas do organismo, o tratamento do ceratocone envolve resolver essas causas relacionadas.
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