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A escolha de um caderno com o personagem Luffy, do anime One Piece, na capa deu mais ânimo para José Pedro, de 8 anos, aproveitar o ano letivo que começa na rede pública do Distrito Federal. Poder ter acesso a um material escolar que a família não poderia adquirir sem afetar o orçamento da casa deixou o apaixonado por língua portuguesa com um sorriso enorme ao sair da papelaria.
Dono da papelaria, Hamilton Cézar Silva Sousa se emociona com a felicidade dos estudantes ao escolher os materiais mesmo com 40 anos de profissão nas costas. “Com essa escolha, o aluno vai ser muito mais feliz e alegre e vai estar se sentindo mais incluído, porque está com uma mochila igual a um coleguinha que tem dinheiro para comprar”, pontua ao referir-se ao programa Cartão Material Escolar (CME), do governo do Distrito Federal (GDF).
Assim como José Pedro, mais de 155 mil alunos no Distrito Federal também recebem esse benefício como incentivo para continuar os estudos. Com ele, o estudante pode escolher os próprios materiais, o que aumenta a autoestima e fomenta o desejo pelo aprendizado.
“O cartão é fantástico e beneficia muita gente que, hoje, por exemplo, não tem condições de comprar uma mochila ou um caderno, um lápis e uma borrachinha. Com o CME, o aluno vai à papelaria e escolhe o melhor lápis de cor e mochila, dentro da possibilidade.”
Hamilton Cézar Silva Sousa, dono da papelaria Lane, credenciada do programa CME
Hamilton Cézar ainda defende que, sem os materiais adequados escolhidos, o aluno não terá um desempenho bom na escola. Esse também é o pensamento do GDF, que busca proporcionar oportunidades educacionais para crianças e jovens com o CME.
“Eu recebi o depoimento da diretora de um colégio onde os alunos recebem kit material escolar. Ela estava triste por ver que os meninos estavam vendendo as coisas do kit, porque não foi o que a criança escolheu. Quando a criança tem a possibilidade de escolha, o material tem outro valor”, afirma o dono da papelaria Lane.
Ajuda para toda a família
O Cartão Material Escolar é direcionado a alunos entre 4 e 17 anos, matriculados na rede pública de ensino e de famílias beneficiárias do Bolsa Família. E, na visão da mãe de José, Edileusa da Silva Almeida, a ação beneficia toda a família, sendo uma “força” que vai além do financeiro, e até ajuda na autoestima e criatividade dos filhos que são estudantes.
“A possibilidade de escolher o material dá mais vontade para eles [os quatro filhos dela] estudarem. Quando eu vou comprar, eles sempre querem vir junto para escolher.”
Edileusa da Silva Almeida, dona de casa
As famílias beneficiárias recebem R$ 320 para cada aluno matriculado na educação infantil, fundamental e especial, e R$ 240 para cada estudante do ensino médio. E esse valor já é um grande alívio para Edileusa, que pontua o aluguel como “sufocante”.
A lista de material escolar da escola é um guia na hora da compra. Este ano, por exemplo, Edileusa comprou uma mochila nova para José e outra para Maria Beatriz, de 11 anos. Os estudantes já tinham outros materiais e a mochila era uma necessidade.
Benefícios econômicos
Com mais de 300 papelarias credenciadas no Distrito Federal, o programa também impulsiona a economia local e tem uma participação importante no comércio. Hamilton, que é credenciado pelo programa há seis anos, afirma que o cartão completa o movimento de volta às aulas, que é considerado o “natal das papelarias”.
Ele explica que, de dezembro a fevereiro, o movimento nas papelarias é alto, e depois há uma queda. Mas, com o CME, esse período se estende para março, o que aumenta os lucros dos empreendimentos e, consequentemente, movimenta a economia.
“O CME é muito importante não só para nossa papelaria, mas para todas as papelarias que são credenciadas. Estamos em um período de bom movimento com a escola pública e isso muda toda a nossa rotina.”
Hamilton Cézar Silva Sousa, dono da papelaria Lane, credenciada do programa CME
Esse incentivo aos estudos também terá resultados economicamente positivos no futuro. O desejo desses alunos de continuarem no caminho da educação alimentará a busca por especializações profissionais, e, assim, prepararem-se para o mercado de trabalho, o que gerará maior evolução socioeconômica em todo o país.
Investimentos em infraestrutura e obras educacionais
Além do Cartão Material Escolar, os esforços do GDF com a educação continuam com obras em colégios, escolas e creches, com previsão de entrega de 40 novas construções de estruturas escolares ou reformas, já em andamento.
Como é o caso da reforma do Centro de Ensino Médio 10, em Ceilândia, que está prevista para ser finalizada ainda no primeiro semestre de 2024. Além disso, novos espaços educacionais estão sendo inaugurados, como na Escola Classe 8 do Guará, que agora oferece 10 salas de aula para até 400 alunos.
Projetos como o Centro de Educação Profissional do Paranoá estão em andamento, visando a atender às demandas educacionais da comunidade.
O primeiro semestre de 2024 também viu a abertura de mais de 5 mil vagas para cursos de educação técnica e qualificação profissional em diversas áreas do conhecimento.