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Desde o início de maio, os brasileiros que gostam de novelas se divertem com Anely, personagem interpretada pela atriz e comediante Tatá Werneck no folhetim da Rede Globo Terra e Paixão. O interesse, contudo, foi além do entretenimento televisivo, pois o número de novos usuários interessados em assistir performances de camgirls como ela aumentou em 17% na plataforma brasileira Camera Prive, o maior site do segmento na América Latina com mais de 50 milhões de visitantes por mês.
“Durante os episódios em que a personagem que é camgirl aparece na novela, o site tem picos de 20… 25.000 usuários on-line. É uma loucura!”, afirma Verônica Freitas, coordenadora de Marketing do Camera Prive.
“Acreditamos que a vertente fetichista que a personagem tem adotado é o que chama mais a atenção. Os brasileiros tem fama de ter uma mentalidade mais aberta para assuntos sexuais, mas a realidade é que a temática ainda é um tabu para a grande maioria das pessoas”, explica Verônica. “Então gera um grande interesse, mas esse interesse fica restrito à privacidade de cada um. E isso acaba refletindo na busca de sites como o Camera Prive, que é um espaço virtual de interação, com segurança e privacidade.”
Mas, afinal, do que se trata esse universo?
Como funciona uma plataforma de camgirls de verdade
Usando como exemplo o Camera Prive, essas plataformas funcionam como intermediadoras do pagamento entre webmodels que desejam fazer shows pela internet e usuários que querem assistir. “A grande maioria dos atuantes na área preferem fazer suas transmissões por um meio que possa garantir privacidade dos dados e segurança no recebimento de valores”, pontua Verônica.
Dessa forma, camgirl e cliente podem interagir sem a necessidade de compartilhamento de dados pessoais, mantendo sigilo e segurança de ambos. A interação ocorre prioritariamente por meio de chats pagos e são diversas modalidades.
Os chats são pagos por minuto e variam entre um atendimento exclusivo ou coletivo, incluindo a possibilidade de ativação do PriveToy (como é chamada a linha de brinquedos eróticos da Lovense conectados ao site) para controlar a intensidade dos movimentos do aparelho pela tela.
Atualmente, o Camera Prive conta com mais de 2 mil camgirls e camboys conectados diariamente para os momentos de interação no chat ao vivo, que pode ser apenas uma conversa longa ou uma performance como um striptease.
São homens e mulheres, cis e trans, de todos os lugares do Brasil e dos mais diferentes perfis, incluindo cosplayers, modelos fitness, celebridades, fetichistas, casais, LGBTQIA+ etc., uma vez que a plataforma preza pela diversidade e todos tem espaço para transmissões e venda de conteúdo.
Além disso, os perfis dão acesso a fotos, vídeos, stories, assinatura de conteúdos no FanClub (assim como ocorre no FanFever e no OnlyFans) e troca de mensagens privadas.
Entre as camgirls da plataforma, com cerca de 20 mil seguidores, Ivy Moon confirma essa variedade de possibilidades. “Meus assinantes gostam do meu lado espontâneo e bem-humorado; e procuram por fetiches relacionados a BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo), role-play (jogo de encenação como se fossem pessoas diferentes), podolatria (adoração por pés), entre outros.”
A cammodel começou a produzir esse tipo de conteúdo para a internet por ser “curiosa e exibicionista”. “Também estava insatisfeita com meu emprego na época e queria fazer algo novo.”
Empoderamento
Com quase 40 mil seguidores no Camera Prive, a camgirl Pocahontas conheceu as possibilidades de ganhar dinheiro por meio do camming por meio do ex, mas se chocou com a quantidade que conquistou na primeira tentativa.
Além disso, ela conta outras vantagens do ofício. “Comecei a conhecer-me melhor, o meu corpo. E conhecer seu corpo é uma forma de empoderamento. Também aprendi a impor minha vontade em várias questões da minha vida, principalmente na sexual. Era muito insegura, não sabia dizer não. Hoje, sei me impor. Sem contar a autoestima.”
Já a apresentadora do podcast Prosa Guiada, Emme White, lembra do começo na carreira. “Resolvi iniciar no cammimg por indicação de uma amiga. Na época, não mostrava o rosto, por receio de sofrer algum tipo de preconceito. Contudo, o retorno financeiro foi muito satisfatório, a ponto de eu adquirir minha independência financeira e decidir que era esse caminho que eu queria seguir. Então, me senti segura para me assumir de vez como camgirl.”
Além dos ganhos, ela aponta como vantagens poder escolher a hora em que quer trabalhar, não ter chefe e atuar no conforto do lar. “Vantagens pessoais: você se descobre mais ainda na área sexual, aumenta a autoestima, pois descobre que você é linda do jeito que é, adquire independência financeira e isso também te proporciona uma melhora da autoestima, pois você pode investir em si mesma, nos seus sonhos, nos seus estudos, em viagens etc.”, ressalta.