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Em uma área de mais de 1 milhão de metros quadrados, a capital do país tem em expansão um dos maiores e mais completos centros de inovação do país, o Parque Tecnológico de Brasília – Biotic. Com proposta sustentável e inovadora, o complexo abriga empresas, instituições de ensino e de pesquisa, bancos públicos e startups. É por lá que está sendo testada a próxima geração de infraestrutura em internet móvel, a 5G, que promete revolucionar a relação entre o usuário, os objetos e a rede mundial de computadores. De lá, entre a Granja do Torto e o Parque Nacional de Brasília, já saem projetos inovadores das mais variadas áreas.
A perspectiva é que ao longo da próxima década esteja pronto o maior projeto urbanístico de cidade inteligente do país, reunindo, além negócios, comércio, universidades e residências. Para impulsionar esse objetivo, o Parque se prepara para lançar um fundo que deverá atrair a atenção de investidores para o polo tecnológico. O projeto, que vem sendo apelidado de “Vale do Silício do Distrito Federal”, faz parte do esforço do Governo do Distrito Federal para alterar a matriz econômica e torná-la menos dependente dos serviços públicos.
Apesar de o terreno ter sido destinado à inovação ainda nos anos 2000, somente nos últimos anos o empreendimento começou a ganhar forma. Atualmente, o complexo já abriga data centers (centros de processamento de dados) da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, a Fundação de Apoio à Pesquisa (FAP), a aceleradora do Banco de Brasília (BRB), o centro de inovação do Detran-DF, o IFB, o SebraeLab, startups e associações, além de um laboratório que reúne a empresa chinesa Huawei e a operadora Vivo, que atua na realizações de testes da internet 5G.“O Biotic já é uma realidade no Distrito Federal. Temos empresas instaladas, órgãos públicos desenvolvendo inovação e tecnologia. Estamos em um importante processo de ampliação para que seja um distrito de inovação”, detalha o diretor-presidente do Biotic, Gustavo Dias Henrique. O conceito defendido pelo Biotic é o do chamado Work, Live and Play, que, em português, pode ser traduzido como “trabalhe, more e divirta-se”. Segundo o executivo, para a próxima década, os brasilienses vão poder morar em uma grande indústria de inovação e pesquisa.
É o que chamamos de ecossistema de inovação. Estamos trazendo uma série de atores para o parque com o objetivo de gerar tecnologia e inovação. Serão vários projetos conectados dentro de um mesmo ambiente.
Gustavo Dias Henrique, diretor presidente do Biotic
Fundo imobiliário
Ligado à Terracap, o Biotic terá como propulsor de financiamento um fundo imobiliário que está sendo preparado pelo BRB, com estruturação da gestora Integral Brei, e o valor podendo chegar a R$ 5 bilhões a partir de investimentos nacionais e internacionais, incluindo fundos soberanos. Segundo o Governo do DF, a proposta já chama a atenção de grandes players para o hub de inovação brasiliense. A expectativa é de que as captações comecem ainda neste ano. Na prática, os investidores serão sócios dos projetos a serem executados e poderão acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos, inclusive, aconselhando os empreendedores envolvidos – além, é claro, de terem retornos financeiros sobre o desempenho do fundo.
O Fundo, além de auxiliar na formação de caixa do Biotic, poderá ser o primeiro no ramo imobiliário com certificação ESG. No mercado financeiro, a sigla é uma abreviação de Environmental, Social and Governance, que em português se refere ao termo Ambiental, Social e Governança. “Estamos com o plano urbanístico do parque totalmente aprovado e com as licenças ambientais encaminhadas. Isso vai permitir que a gente lance o fundo imobiliário de forma sustentável. O Biotic é um distrito de inovação e não pode fugir dessa vocação, aliando tecnologia e sustentabilidade”, detalha Gustavo Dias Henrique.
Internet 5G
Uma das novidades em teste no Parque desde julho do ano passado é a próxima geração de internet móvel. No início deste mês, o governador Ibaneis Rocha participou da primeira videoconferência com uso da tecnologia 5G no Brasil. A ligação em vídeo ocorreu na inauguração da sala da empresa chinesa Huawei no Biotic, primeiro espaço do tipo mantido pela multinacional no país. O ambiente permite interação com imagens em tamanho real, por vídeo e áudio, como se todos os participantes do encontro estivessem no mesmo ambiente, ainda que estejam em países diferentes.
O BRB também instalou no Parque Tecnológico o Centro de Inovação Tecnológico (BRB Lab) com o objetivo de estimular o ecossistema de empreendedorismo e inovação local, além de buscar novas tecnologias e soluções voltadas para o sistema financeiro, governo e cidadãos. O BRB Lab será a sede do Programa de Inovação Aberta do BRB, que ocorrerá em parceria com startups selecionadas por meio de edital.
O Detran-DF é outro órgão que está no Biotic com o Centro de Inovação Tecnológica – CITDetran. Trata-se de uma parte da Diretoria de Tecnologia da Informação e Comunicação (Dirtec) que tem o objetivo de construir uma agenda de desenvolvimento tecnológico que pense o trânsito da capital para as próximas décadas. Na ocasião, o governador do DF ressaltou que as iniciativas fazem parte de um projeto amplo de governo que busca uma cidade moderna e desenvolvida. “São iniciativas de futuro. E é de um futuro sólido que precisamos para fazer desta cidade o polo de desenvolvimento do nosso país”, afirmou Ibaneis durante o evento no início do mês.
Os ambientes do Biotic são abertos ao público, com horário marcado. Testes com a nova geração de internet estão entre os diferenciais para os visitantes. É possível visitar o laboratório, usar óculos de visitação virtual, telefones com navegação 5G, até 15 vezes mais rápida, além de outras novas tecnologias.