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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviou, nessa sexta-feira (30/8), ao Senado Federal o nome de Gabriel Galípolo para exercer o cargo de presidente do Banco Central (BC). Questionado sobre o sucessor, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que espera uma transição leve com o atual diretor de política monetária do órgão.
“Já sou aquele avião que meio que está pousando. A gente brinca que é um avião que não tem instrumentos, só enxerga até a nuvem”, comentou o presidente do BC sobre o fim da passagem pelo órgão durante a 14ª edição da Expert XP, em São Paulo.
Apesar do clima otimista, Galípolo não foi citado nominalmente por Campos Neto durante a participação no painel “Política monetária, mercados financeiros e regulação digital no Brasil”.
O mercado financeiro também acredita numa mudança de gestão no BC sem muitas turbulências.
Para o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, que já trabalhou com Galípolo e a maioria dos diretores indicados pelo governo Lula para o Banco Central, a nova gestão é extremamente técnica e tem respaldo para as decisões, inclusive impopulares, que são necessárias, como o aumento da taxa de juros na próxima reunião do Copom.
“É claro que o governo terá ônus político em subir a taxa de juros para controlar a inflação, mas, se não o fizer, terá de arcar com o ônus da inflação lá na frente. Eu brinco que na economia quando você resolve um problema, você cria outro, então no caso do governo o debate será este: lidar com o ônus do juros agora ou da inflação lá na frente”, ponderou.
Gala avalia que, entre as medidas necessárias, está o aumento na taxa de juros em setembro, em decisão consensual entre os diretores indicados por Lula e os remanescentes do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Este entrosamento entre os técnicos é, inclusive, uma grata surpresa. Pela primeira vez temos diretores indicados pelo governo atual e pelo anterior, teremos uma reunião do Copom com dois presidentes [Campos Neto e Galípolo] na mesma sala. É uma lição técnica e de civilidade para o país”, ressaltou o economista-chefe do Banco Master.