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Covid-19 consolida auto-organização compulsória na forma de ensinar

O que vai acontecer quando tudo retornar ao normal? A economia deve se recuperar, mas as mutações comportamentais serão duradouras

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professor pandemia coronavírus
1 de 1 professor pandemia coronavírus - Foto: getty images

atualizado

“A auto-organização relaciona-se a uma ampla cadeia de processos de formação de padrões no mundo físico, químico, biológico e comportamental. Essa dinâmica poderá acontecer de forma abscôndita e imperceptível. Quando se constata, a mutação já ocorreu sem interferência externa. Tal fato provoca dor social, pois as pessoas desvendam que os paradigmas se alteraram sem ingerência delas e, portanto, insistem em conviver com arquétipos ultrapassados, ineficientes e inúteis.

Alguns setores se atentam as mutações e celeremente se adaptam. Outros, como a educação, tentam resistir, deixando a auto-organização agir por si própria, muitas vezes acarretando ineficiências em seus processos, formando profissionais inúteis, sem inteligência de vida e incoerentes aos novos paradigmas da economia digital. Tais fatos provocam desalento, desistência, abandono e evasão dos estudantes.

O que irá ocorrer quando tudo retornar ao normal? Simplesmente não irá voltar ao habitual. A transmutação é inconversível e não será trivial. A economia possivelmente irá se recuperar em poucos anos, mas as mutações comportamentais serão duradouras.

Teremos a oportunidade de criar padrões melhores, paradigmas estes que serão a confirmação de tendências que a tecnologia já vinha desenhando há algum tempo, mas que muitos setores, incluindo a educação, se repudiavam aperceber. Hoje, a presencialidade se define por estar simultaneamente em equivalente tempo, mas não necessariamente no mesmo espaço, um espécime síncrono de disponibilizar instrução conectada, que preserva as características da sala de aula, mas, altera-se muitos dos paradigmas tradicionais.

A conduta e a maneira de agir nestes tempos de extremos, apontará se, no final, estará melhor e maior ou pior e menor. O mundo atual está exigindo que se dê importância a relacionamentos pessoais que, antes, estavam se tornando cada vez mais digitais, distantes e empedernidos. Está fazendo com que se valorize os trabalhos essenciais para a vida em sociedade e a educação é fundamental para a sobrevivência em tempos de Inteligência Artificial.

Literalmente, todas as organizações ligadas à educação estão sendo obrigadas a refazer e inovar suas estratégias na forma de ofertar instrução. Após a pandemia as pessoas sairão mais conscientes da importância da conexão lídima e da empatia entre seus stakeholders e contemplarão com um novo olhar para o potencial da tecnologia como credenciadora de negócios, de aprendizado e da promoção do bem comum.

As escolas terão a certeza de que, mesmo à distância, é possível contar com a tecnologia para que os educadores continuem ensinando, desenvolvendo e trabalhando remotamente, em colaboração, com agilidade, eficiência e eficácia na aprendizagem.

Segundo o jornalista e escritor Thomas Friedman, por volta de 2000, adentramos na globalização 3.0, que, encolheu o mundo de pequeno para minúsculo e, ao mesmo tempo, aplanou o terreno. A pandemia mais que aplainou, tornou o mundo um só, sem fronteiras, unido em um só fito: sobreviver. Esse propósito irá chocalhar a forma de ensinar e aprender, bem como, a maneira de interação, cooperação e empatia entre as pessoas em todo o planeta.

Com as conexões abertas e integrais, todos nós passaremos a formar um ecossistema único, com uma relação de interdependência sem precedentes. Esse conceito de aldeia universal foi avigorado nessa exaustiva crise pandêmica. Quem consolida tal auto-organização compulsória é um corpúsculo vívido denominada Covid-19.”


Rui Fava é sócio-fundador da Atmã Educar, ex-reitor da Unic, da Unopar e vice-presidente acadêmico da Kroton. É autor de diversos livros, como Trabalho, Educação e Inteligência Artificial: A Era do Indivíduo Versátil, Educação 3.0: Como Aplicar o PDCA nas Instituições de Ensino e Educação para o século 21: a era do indivíduo digital.

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