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Após um ano de esforços no enfrentamento de crises climáticas, o Brasil chegou à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças do Clima (COP28), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, com uma nova imagem, o que catalisa transações econômicas internacionais. O país se destaca em setores estratégicos, como energias renováveis, mineração e agronegócios, que já contam com soluções ecológicas nacionais para cuidar do meio ambiente.
De 30 de janeiro a 12 de dezembro, no pavilhão brasileiro, co-organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), representantes de vários países participam de debates, palestras e reuniões sobre a importância da sustentabilidade e da indústria verde para a socioeconomia e para as relações internacionais, evidenciando o potencial brasileiro em investimentos que sejam ambientalmente sustentáveis, economicamente viáveis e socialmente justos.
Somente nos primeiros seis dias de Conferência, os espaços brasileiros foram palco de mais de 70 seminários e mais de 250 reuniões.
“É como se o Brasil estivesse de volta e, também, nesse aspecto, trouxesse aquele desejo de estar perto do Brasil.”
Jorge Viana, presidente da ApexBrasil
Além disso, com a participação na COP28, o Brasil garante que segue os compromissos firmados no Acordo de Paris, assinado em 2015, que foca na redução das emissões de gases de efeito estufa para manter o aumento da temperatura média global abaixo de 1,5°C.
“Tem uma novidade nessa COP que é o fato dela seguir tentando implementar a agenda, em sequência ao acordo de Paris, mas ter que lidar com perdas e danos. Logo no primeiro dia da Conferência, tivemos uma doação de mais de U$ 400 milhões – o que é pouquíssimo, mas é uma coisa nova só para área de perdas e danos, que são os custos em decorrência das consequências da mudança do clima no mundo”, afirma Jorge Viana.
A ApexBrasil tem uma atuação especial na Conferência ao enfatizar a adoção de práticas e tecnologias que possibilitam a adaptação dos sistemas produtivos, tanto agropecuários quanto industriais, visando à redução da intensidade de emissões de carbono. E, também, busca parcerias estratégicas em um diálogo internacional que contribua para o desenvolvimento sustentável, o que inclui a análise dos desafios e oportunidades específicas na região amazônica.
“Agora, o Brasil retoma o protagonismo e impõe algumas posições pelo fato de estar dando o exemplo com a redução do desmatamento, com um grande programa de inclusão social – que é fundamental para enfrentar a crise climática – e também com a modelagem e o design que o país tem na produção de energia. O Brasil tem mais de 85% da matriz energética sustentável, modelagem em mobilidade, com etanol, biodiesel e enormes investimentos para hidrogênio.”
Jorge Viana, presidente da ApexBrasil
Nova imagem
O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, explica que o sucesso comercial de um país no exterior depende da respectiva imagem. “Há um novo posicionamento na forma como são tratados os povos originários e o combate ao desmatamento. As novas atitudes contribuem para o sucesso.”
Até o ano passado as manchetes de como [o antigo governo] tratava os povos originários e o desmatamento crescente afetavam a imagem do Brasil e os negócios também. E isso tudo mudou com as atitudes que foram adotadas pelo atual governo.”
Com a participação no evento e medidas sustentáveis, o Brasil, com apoio da agência, pode prosperar em energia verde e no cenário econômico, afirma Viana, que está na COP28 ao lado de representantes do governo federal, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do setor privado e da sociedade civil brasileira.
Logo no primeiro dia da Conferência, o presidente Lula ressaltou que o valor usado no mundo para produzir armas poderia ajudar a combater a fome e a mudança climática. “O mundo naturalizou disparidades inaceitáveis de renda, gênero e raça. Não é possível enfrentar a mudança do clima sem combater as desigualdades. Quem passa fome tem sua existência aprisionada na dor do presente e se torna incapaz de pensar no amanhã.”
“Reduzir vulnerabilidades socioeconômicas significa construir resiliência frente a eventos extremos, significa também ter condições de redirecionar esforços para a luta contra o aquecimento global.”
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil
Viana concorda com a visão de Lula, apesar dos desafios da agenda. “As maiores vítimas [das mudanças climáticas] são os países mais pobres do mundo. Essa intenção do presidente Lula da multilateralidade é fundamental porque não tem como enfrentar a questão climática sem enfrentar as desigualdades sociais no mundo”, completa.
Resultados para o futuro
Os resultados dos investimentos do Brasil em sustentabilidade são materializados com a ampliação da cooperação do país com cerca de outras 80 nações que possuem florestas tropicais. O objetivo é garantir que decisões cruciais, incluindo financiamentos, sejam guiadas em conjunto, sem afetar o meio ambiente. Além disso, o país fechou o ano com uma expressiva redução do desmatamento na Amazônia, com uma queda superior a 49,5% desde o início do ano.
Outro aspecto a ser destacado é a diminuição contínua do desmatamento na Amazônia, registrando um total de 3.806 km² no acumulado de janeiro a outubro deste ano, o que representa uma redução de 61% em comparação com o mesmo período em 2022. Essa cifra marca a menor extensão desmatada desde 2018, conforme indicado pelos dados da Imazon.
Além disso, o Brasil está alcançando uma significativa redução nas emissões, acompanhada por uma matriz energética que contempla aproximadamente 48% de fontes renováveis. Destaca-se ainda a presença de políticas ambientais integradas em todas as esferas das políticas públicas e nos projetos do governo federal.
O Brasil destaca-se como uma potência na apresentação de soluções na geração de energias renováveis para o mundo, incluindo desenvolvimento de baixo carbono na Amazônia brasileira. “É muito importante para nós, que somos líderes em transição energética, biocombustíveis, somos um dos grandes fornecedores de alimentos do mundo e temos uma quantidade enorme de matéria-prima e que temos a nova biodiversidade do planeta”, completa Viana.
Por causa da liderança brasileira em soluções sustentáveis, a COP30 será sediada em Belém (PA), em novembro de 2025.
Tecnologia e inovação
Além da organização e produção em reuniões e debates, outras iniciativas da ApexBrasil também têm destaque na edição da COP deste ano, como é o caso do projeto “Startup Showcase”, em colaboração com o Sebrae.
Em exposição na Green Zone, empresas brasileiras têm a oportunidade de apresentar soluções inovadoras nas áreas de educação, saúde, fintech, energia sustentável, agricultura e meio ambiente, além de expandir conexões com outros empreendimentos e, assim, ampliar o impacto no cenário global.
Além disso, a ApexBrasil coordena mais de 10 painéis ao longo da COP28. Os temas abrangem desde a Transição Energética até o Futuro da Mineração no Brasil, destacando a posição do Brasil no cenário mundial das mudanças climáticas.
A iniciativa busca contribuir para um futuro mais sustentável e reforçar a imagem do Brasil como protagonista nas discussões globais sobre mudanças climáticas.
A agência promove a imagem do país como uma nação comprometida com a manutenção das condições climáticas para a manutenção da vida como a conhecemos, destacando políticas e práticas sustentáveis adotadas por empresas brasileiras.
“A Apex foi absolutamente fundamental em colocar isso tudo de pé, em uma parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Itamaraty e representantes da sociedade civil do setor privado. Somos gratos ao trabalho da Apex e temos que parabenizar toda a equipe que fez parte desse processo”, pontua Ana Toni, secretária de Mudança do Clima da Secretaria Nacional de Mudanças do Clima e ex-presidente do Conselho de Administração do Greenpeace.
Mensagem para todo o Brasil
As atividades brasileiras estão sendo transmitidas ao vivo no canal do YouTube da ApexBrasil.