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A partir de janeiro de 2025, o governo de São Paulo pretende triplicar o imposto estadual sobre bares, restaurantes e padarias. São mais de 380 mil negócios afetados, 1,3 milhão de empregos em risco e milhões de famílias pressionadas. Um movimento duro, que rompe um acordo tributário de 25 anos. Não se trata apenas de um custo adicional, mas de uma quebra no pacto de confiança construído ao longo de décadas.
Na campanha, o Tarcísio que conhecemos prometia desonerar, simplificar e impulsionar o ambiente de negócios. Hoje, porém, apresenta uma medida que desconsidera o setor como um todo. Uma parcela importante de estabelecimentos optantes do Simples, redes formadas por pequenos franqueados e mesmo empreendimentos que prosperaram agora se veem ameaçados. O argumento de que “há dinheiro na mesa” – jargão dos banqueiros da Faria Lima, repetido pelo governador – é distante da realidade de cozinhas, padarias e balcões, onde a batalha é travada contra inflação, custos crescentes e o desafio de atender consumidores de todas as realidades sociais.
Ao mesmo tempo, o governo que celebra e busca investimentos estrangeiros na indústria parece rejeitar as empresas de nosso setor com presença internacional. Ao defender que não faz sentido estender as atuais – e já desafiadoras – condições a quem deseja empreender em bares, padarias e restaurantes vindos de fora, demonstra desconhecimento da dinâmica dessa atividade. Não é criando uma realidade ainda pior para quem vem de fora que veremos o estado crescer. Ao invés de incentivar a competitividade, cria incertezas. Ao invés de fortalecer a economia local, penaliza quem mantém a engrenagem girando.
O impacto não se limitará às empresas. Com margens apertadas, o setor não terá como absorver esse custo, repassando-o nos cardápios. Preços mais altos afastarão consumidores, tornando a alimentação fora do lar menos acessível e prejudicando, sobretudo, as famílias mais pobres, que sentirão o peso dessa decisão de forma imediata e intensa.
Ainda há tempo de rever esse equívoco. Não seria a primeira vez que o governador ajustaria o rumo — um gesto de inteligência e responsabilidade, não de fraqueza. É possível retomar o compromisso com a coerência, o desenvolvimento e a prosperidade de São Paulo. É hora de reencontrar o Tarcísio que compreendia o peso de cada forno aquecido, cada balcão aberto, cada mesa servida e cada posto de trabalho.
*Escrito por Paulo Solmucci, presidente da Abrasel