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“A presença da tecnologia na agricultura vem, primeiramente, para instrumentar o produtor rural a tomar as melhores decisões”. Esse interessante argumento foi pontuado por Rodrigo de Castro Cunha, Head de Desenvolvimento de Negócios da Solinftec, no tech talk “Agro Trends: tecnologia para impulsionar o campo e a alimentação”. Ainda de acordo com o executivo, a evolução da produtividade no campo está na combinação de dados. “São eles que farão com que as máquinas sejam mais eficientes e pontuais.”
Para discutir as mudanças no mercado, ouvir novas ideias e pensar nos próximos passos, o BioTIC promoveu, nessa sexta-feira (1º/7), o evento “Agro Trends – Tecnologia para impulsionar o campo e a alimentação”, em parceria com o Metrópoles. O segundo painel do evento híbrido teve como tema “Do campo para a mesa: tecnologia para vencer os desafios da produção”. Além do representante da Solinftec, esteve no debate Luiz Paviani Neto, diretor comercial da AGTech, e Danielle Araújo, subsecretária de Defesa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural do Distrito Federal, com mediação do Head de Conteúdos Estratégicos do Portal, Fernando Braga.
O que são Agtechs?
As agtechs são startups que buscam soluções estratégicas e tecnológicas, como big data, internet das coisas, inteligência artificial e plataformas de comercialização, para serem aplicadas no setor do agronegócio, especialmente para atuação no mercado rural. “O nosso trabalho é inovar, criar e produzir serviços que ajudam a potencializar o resultado do produtor”, explicou Luiz Paviani, diretor comercial da Agtech.
“O foco é melhorar a performance e diminuir os custos operacionais dos produtores. Por isso, é importante marcar presença no campo e entender as dificuldades que os profissionais possuem no setor.”
Luiz Paviani, diretor comercial da Agtech
Já Danielle Araújo lembra que o agricultor familiar ainda tem pouco acesso a esse tipo de tecnologia e, por isso, é importante a parte da interpretação. “Cada área rural possui particularidades e um dos desafios das agtechs é justamente desenvolver tecnologia que permita essa aplicação em diversos locais”, completou.
Vantagens
Como em todos os nichos, a tecnologia está ajudando a facilitar os métodos de trabalho e, consequentemente, melhorar os resultados. No agronegócio não é diferente. Com um bom suporte e sistemas de inovação, as agtechs estão possibilitando que esse avanço ocorra de uma forma mais ágil. “Grande parte das ações feitas dentro do campo são calendarizadas: ‘de tempos em tempos vou fazer isso’. Com a digitalização da fazenda, o agricultor pode tomar uma decisão e não seguir uma recomendação genérica ou calendarizada”, destacou Rodrigo de Castro Cunha.
“Por conta da tecnologia, é possível extrair dados específicos para a realidade da fazenda. Racionalizar.”
Rodrigo de Castro Cunha, Head de Desenvolvimento de Negócios da Solinftec
Por serem nativas digitais, as agtechs apresentam grandes vantagens em relação aos negócios tradicionais. Além do foco em crescimento acelerado e sustentável no curto e médio prazo, as startups do segmento agro possibilitam otimização do uso de recursos e redução de desperdícios; melhora na gestão de custos; maior previsibilidade para o negócio; automação de tarefas e aumento da produtividade; e inovação contínua no setor.
Desafios
Publicado pela Embrapa, o relatório Radar Agtech 2020/2021, que mapeia startups do setor, aponta alguns empecilhos que têm dificultado uma evolução mais rápida. Entre as principais adversidades estão a falta de investimento e a ausência de programas que incentivem a modernização da área. “A tecnologia realmente causa um bom impacto quando ela se democratiza”, ressaltou o diretor da Agtech, Luiz Paviani.
Já para o executivo da Solinftec, é necessário combinar os serviços financeiros que vêm “antes da porteira” com os que estão “dentro e depois da porteira”. “Com essa perspectiva, a possibilidade de potencializar muito mais a transformação do setor em um caminho positivo.”
A representante da Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural do Distrito Federal recordou que ainda há uma carência nesse tipo de profissionais que conseguem interpretar os dados obtidos. “A pessoa precisa saber interpretá-los para que o resultado seja eficaz, tanto para a empresa envolvida quanto para o produtor”.
Perspectivas futuras
Desde a revolução agrícola liderada pela Embrapa na década de 1970 – no qual o país foi um dos líderes mundiais em tecnologias para a agricultura tropical – o setor do agronegócio brasileiro se tornou referência mundial em inovação do segmento.
A nova “revolução” já ocorre e está diretamente relacionada às tradicionais técnicas agrícolas aliadas à gestão e à inovação, na qual agrega valor ao processo, do início produtivo ao consumidor final, como prevê o estudo. Em entrevista, Luiz Paviani também contou que as perspectivas do setor são bem positivas. “O Brasil possui grande potencial de liderança no mercado internacional em tecnologias agrícolas, tanto pela grande área cultivável quanto pela variedade de culturas onde exerce liderança mundial.”
Outro estudo da Embrapa prevê que o horizonte da agricultura nacional seguirá as tendências que envolvem mudanças socioeconômicas e espaciais na agricultura; intensificação e sustentabilidade dos sistemas de produção agrícolas; alterações climáticas; riscos na agricultura; agregação de valor nas cadeias produtivas agrícolas; protagonismo dos consumidores; e convergência tecnológica e de conhecimentos na agricultura.
Cada vez mais, as agtechs tendem a ser consideradas o caminho mais comum e estimulante para o mercado do agronegócio, especialmente para o produtor rural.
Os debates do tech talk “Agro Trends: tecnologia para impulsionar o campo e a alimentação” podem ser assistidos na íntegra no link abaixo.