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70 anos: como a JBS se tornou uma das maiores empresas do mundo

Criada no interior de Goiás, a JBS é sinônimo de inovação e qualidade; e hoje é um gigante global do setor de alimentos

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Há 70 anos, nascia, no interior de Goiás, aquela que seria uma das maiores empresas de alimentos do mundo: a JBS. Hoje, com operações industriais e escritórios comerciais em mais de 20 países, a companhia ocupa o posto de maior produtor mundial de proteína, presente em todos os continentes, com 270 mil colaboradores no mundo.

Muito além de líder nos diversos segmentos em que atua, a JBS é feita por pessoas que fazem a diferença e que sonham alto. E essa história de empreendedorismo é repleta de marcos que merecem ser revisitados.

Alguns deles apresentam a origem do sucesso da companhia, que possui marcas tão queridas pelos brasileiros, como Friboi, Seara e Swift.

O início do sonho

A história da JBS tem início em meados de 1953, quando José Batista Sobrinho começou a trabalhar com o irmão Juvensor em Nerópolis (GO). Com um jipe que haviam ganhado do pai, eles percorriam as fazendas da região para comprar gado. Em 14 de dezembro do mesmo ano, os irmãos abriram a Casa de Carnes Mineira, em Anápolis (GO).

Rapidamente, José Batista Sobrinho, conhecido como Zé Mineiro, ganhou reputação por trabalhar apenas com carne de primeira qualidade.

Em pouco tempo, os irmãos se tornaram os principais fornecedores dos açougues da região e, em 1957, miraram em Brasília, capital que começava a ser construída. A dupla abriu um açougue no Mercado Central da Cidade Livre e passou a vender carne desossada.

O rápido crescimento de Brasília colaborou para a expansão das atividades e, em 1962, os irmãos montaram uma operação em Anápolis para abastecer os açougues da nova capital. Perto do fim daquela década, Zé Mineiro comprou o Matadouro Industrial de Formosa (Matinfor), situado a 80 quilômetros de Brasília, e deu início à era dos negócios com carnes refrigeradas.

Em meados de 1975, nasceu a Friboi, marca que até hoje a JBS mantém e que se transformou em uma espécie de plataforma-modelo para sua expansão nos anos seguintes.

 

Crescimento na década de 1990

Em 1991, a empresa se instalou em São Paulo. Nessa época, os filhos de Zé Mineiro já estavam ativos na companhia. A expansão teve continuidade e a Friboi passou, então, a comprar fábricas de empresas concorrentes. No fim de 1997, incorporou a unidade de processamento de carne bovina da Sadia em Barra do Garças (MT). Em 1998, arrendou outro frigorífico, em Cuiabá (MT). No ano seguinte, comprou mais uma unidade da empresa, em Andradina (SP).

No mesmo ano, a Friboi fez uma joint venture com o Grupo Bertin, grande exportador de carne enlatada, criando a BF Alimentos. E, em poucos meses, a nova empresa comprou dois frigoríficos do Grupo Bordon, outro do Anglo e uma unidade industrial da Sola S/A, que exportava carne industrializada.

Após se mudar para a nova sede, em 2004, a família comprou a participação da Bertin na BF, que controlava, no Brasil, as marcas Anglo, Bordon, Hereford, Swift e Sola. Com isso, a Friboi se tornou a maior empresa do país no segmento.

Ganhando o mundo

Na década de 2000, a Friboi estava decidida a se estabelecer no exterior. A compra da Swift Armour da Argentina, em 2005, foi o primeiro passo. Além de ser líder do segmento de carne cozida e enlatada no país vizinho, a empresa exportava a maior parte de sua produção. Nos dois anos seguintes, seis frigoríficos foram adquiridos na Argentina e integrados à Swift.

No início de 2006, a Friboi começou a atuar no mercado financeiro internacional e, em 2007, abriu o capital. Foi o maior IPO da Bolsa de Valores de São Paulo até aquela data. Ao mesmo tempo, a empresa passou a se chamar JBS – como representação das iniciais de seu fundador.

Pouco tempo depois, a JBS assumiu a Swift americana em julho de 2007, sob a liderança de Wesley, que mudou-se para Greeley, no Colorado, e aprimorou a eficiência da operação. Em menos de um ano, a empresa passou a lucrar.

No fim de 2009, duas operações ganharam destaque na história companhia: a compra da americana Pilgrim’s Pride – a segunda maior empresa de abate de frango dos EUA, que representou a entrada da JBS no mercado de aves – e a incorporação das operações frigoríficas do Bertin, tornando-se a maior processadora de carne do mundo.

Em 2013, com a aquisição da Seara, a JBS se tornou líder global no processamento de aves. “Como a Seara tinha passado pelas mãos das várias empresas, não tinha identidade, nunca tinha sido muito rentável”, recorda-se Gilberto Tomazoni, que tocou a investida. “Dei um choque na cultura, pois essa era a chave para a empresa virar superavitária e crescer.”

Em três meses, a Seara saiu do vermelho. “Além do investimento na qualidade dos produtos e na técnica de gestão de abrir e fechar lacunas, trocamos quase toda a cúpula e mudamos o comportamento das pessoas”, diz Tomazoni. O último aspecto foi fundamental para a virada. Com autonomia, os executivos desenvolveram atitude de dono, um valor da JBS. “Isso passou confiança, mobilizou o time”, reforça o executivo.

Líder de mercado, a JBS se diferencia por oferecer variadas opções de produtos para atender às demandas de todos os públicos, desde as proteínas bovina, suína e ovina, até pescados, aves, plant based e proteína cultivada. Nesta década, a JBS amplia ainda mais sua presença global com várias aquisições, como a da participação acionária na Empire Packing Company, L.P. A Swift Prepared Foods adquiriu a Sunnyvalley Smoked Meats, importante produtora de bacon defumado, presunto e peito de peru com atuação no varejo e no atacado, e a aquisição do Grupo Kings, líder de mercado na produção de charcutaria italiana, com unidades na Itália e nos Estados Unidos.

Na Europa, a Pilgrim’s Pride realizou a aquisição das marcas Kerry Meats, líder na produção de alimentos à base de carnes e produtos prontos para o consumo no Reino Unido e na Irlanda, e a Kerry Meals, líder na produção de refeições prontas congeladas e resfriadas no Reino Unido.

A companhia diversificou ainda mais seu portfólio internacional ao adquirir, na Austrélia, a Rivalea (que inclui a Oxdale Dairy Pty Ltd), líder na criação e processamento de carne suína naquele país, e compra a Huon Aquaculture, segunda maior produtora de salmão, operação que marca a entrada da JBS no negócio de aquicultura, com produção própria de peixes.

No Brasil, o tamanho e a importância da JBS podem ser mensurados por levantamento inédito produzido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O estudo revela que a companhia e as cadeias produtivas ligadas a ela no país movimentaram, em 2021, o equivalente a 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) e contribuíram para a geração de 2,73% dos empregos.

O trabalho concluiu que o benefício das atividades da JBS se estende a cidades vizinhas, pelo efeito nos empregos e salários, visto que induz ganhos de produtividade nos municípios em que está e leva ao crescimento da atividade econômica em todas as regiões em que atua.

Futuro sustentável

A JBS continua sua trajetória de crescimento, olhando para o futuro na questão da sustentabilidade. Afinal, ser mais sustentável é ser mais eficiente, é produzir mais com menos – sem perder de vista o combate a duas emergências: a climática e a relativa à segurança alimentar.

A empresa assumiu o compromisso de ser Net Zero em 2040, uma iniciativa global para limitar o aquecimento do planeta. Entre as diversas ações criadas, está o fundo JBS para a Amazônia, que apoia projetos capazes de contribuir para o desenvolvimento social e econômico de comunidades locais e a conservação da floresta.

A produção de alimentos cada vez mais saudáveis, com qualidade, e sustentáveis também se destaca na estratégia da companhia. “Incentivamos a utilização de matérias-primas da Amazônia para o desenvolvimento de novos produtos. Apoiamos projetos sobre regeneração de solos para aumentar a produtividade e sequestrar carbono. São muitas frentes nesse processo, em direção a uma economia mais sustentável,” finaliza Tomazoni.

JBS

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