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Antes restrito a uma classe social mais elevada, o investimento em ações está cada vez mais próximo de quem tem menos recursos para aplicar nessa modalidade de renda variável. Hoje é possível comprar papéis ou BDRs (Brazilian Depositary Receipts), que são certificados que representam ações emitidas por empresas em outros países, mas são negociados no país no pregão da B3, com menos de R$ 100. O Metrópoles selecionou cinco dicas para o iniciante não cair em furada.
Porém, antes de tudo é preciso saber o que é uma ação: ela representa uma fração de uma empresa negociada na bolsa de valores. As companhias costumam realizar a Oferta Inicial de Ações (IPO na sigla em inglês) para levantar recursos. Conhecidas também como papéis, antigamente as ações eram impressas para provar a titularidade antes da chegada das inovações digitais.
Portanto, antes de dar os primeiros passos nesse tipo de investimento é essencial observar alguns pontos. “Para os investidores em ações não pode faltar um bom plano e uma estratégia de diversificação de acordo com o ciclo econômico e até em termos geográficos. Hoje, o investidor tem acesso às BDRs, ações de empresas estrangeiras negociadas na B3. O plano (de investimento) deve ser seguido com sistemática e revisado periodicamente. Esse é o caminho para se alcançar os resultados desejados”, explica Sandra Blanco, estrategista-chefe em investimentos.
De acordo com Alexandre Prado, especialista em finanças, o primeiro passo para aplicar neste tipo de modalidade é abrir conta em uma corretora de valores, responsável por realizar a intermediação entre o investidor e a bolsa de valores.
Após depositar recursos financeiros na conta da corretora, o investidor poderá começar a operar na bolsa, registrando ordens de compra e venda de ativos no home broker, sistema conectado com o mercado de ações. Quando uma proposta de compra tem o mesmo preço de uma ordem de venda, o negócio é realizado.
Um ponto a destacar é a cobrança de taxas e impostos. Isso porque as corretoras podem cobrar taxas de corretagem para realizar as operações na bolsa de valores, mas muitas empresas não realizam essa cobrança. Ao comprar e vender ações, os investidores devem arcar com emolumentos, cobrança fixa a cada negociação e uma taxa de liquidação da operação. A bolsa de valores (B3) também cobra uma taxa de custódia para a guarda dos ativos.
O que precisamos evitar para fazer bons investimentos em ações?
- Incompatibilidade de perfil
O investidor em ações compreende os altos e baixos da bolsa, pois sabe distinguir preço de valor. A variação do preço na tela por realização de lucros, efeito manada ou quaisquer outros ruídos, não altera a decisão de se manter como sócio da empresa. - Delegar a escolha completamente
É preciso ter algum conhecimento de ciclo econômico, empresas concorrentes no setor, governança corporativa, política de distribuição de dividendos, histórico de crescimento de lucros, endividamento, potencial de expansão ou crescimento. - Subestimar o horizonte de tempo
Existem oportunidades na bolsa que podem gerar lucro rápido, mas o processo de selecionar empresas com potencial de valorização, adquirir as ações e embolsar lucros extraordinários pode levar meses ou anos. Ninguém é sócio de um negócio por dias ou semanas. Em geral, os frutos dos investimentos em ações são colhidos no longo prazo. - Excesso de confiança
É um viés na tomada de decisão, que ocorre quando uma pessoa superestimar suas habilidades e talentos, nesse caso, para escolher as ações com maior potencial de valorização. Tomar decisões baseadas em poucas informações ou apenas naquelas amplamente divulgadas pode levar a prejuízos financeiros. - Investir o dinheiro da reserva de emergência
É preciso ter recursos para os eventos inesperados disponíveis a qualquer momento. O dinheiro investido em ações pode recuar 10% em um dia, 30% a 50% em uma janela de tempo maior. O percentual alocado em ações deve estar de acordo com situação financeira e momento de vida do investidor.
Conheça os principais tipos de ações
- Ações ordinárias (ON)
Esse tipo de papel dá direito a participar das decisões da empresa, com voto na assembleia de acionistas. - Ações preferenciais (PN)
Essas ações não dão direito ao voto, mas têm a preferência na distribuição de recursos da empresa, como dividendos. - Certificado de depósito de ações (Unit)
É um pacote de ativos que reúne mais de um tipo de ação, como ordinárias e preferenciais. - Blue chips
São ações de empresas com o maior volume de negócio da bolsa de valores, como Vale e Petrobras. - Mid caps
Ativos que têm um nível intermediário de negociação na bolsa, geralmente de organizações de médio porte. - Small caps
Ações mais baratas, de empresas menores, que podem representar grandes oportunidades de rendimento, mas que também oferecem grande risco.
A professora universitária Carla Imenes de Morais, de Pará de Minas (MG), lembra que começou a investir em papéis após dar os primeiros passos em Tesouro Direto. Em busca de maior rentabilidade, optou por estudar a modalidade e desbravar o mundo das ações. Entre erros e acertos, ela conta que a falha mais comum é “apostar as fichas” em empresas que estão em ascensão, acreditando que o movimento será contínuo. “Muitas vezes, sem perceber que o valor de compra já está em alta e que isso amplia o risco do investimento”, pontua.
Por que resolveu investir em ações?
Comecei a investir em Tesouro Direto porque desejava segurança, mas depois comecei a diversificar em busca de maior rentabilidade. Por isso, acabei entrando no mercado de ações. Comecei com ETF (Exchange Traded Funds), tipo a BOVA11, porque achei mais segura a ideia de ter um fundo com base no índice Bovespa. Depois comprei ações mesmo. Comecei pelas grandes empresas públicas.
Cometeu algum erro?
Na bolsa você sempre tem a sensação do erro porque você fica o tempo todo entre “perder dinheiro” e “perder oportunidade”. Acho que os erros são parte do processo. Afinal, somos pessoas comuns investindo na bolsa. Não somos profissionais do ramo. Acho que o erro mais comum é comprar ações que estão subindo muito, achando que será uma crescente. Muitas vezes, sem perceber que o valor de compra já está em alta e que isso amplia o risco do investimento.
Qual sua maior dificuldade?
Não consigo acompanhar diariamente os investimentos, então isso dificulta a operação com ações. No fim, prefiro os fundos de investimento.
O retorno foi satisfatório?
Foi, mas isso não significa que lucrei em todas! Na verdade, no saldo entre perdas e ganhos obtive um rendimento superior à inflação. O que, no meu caso, era a meta.
Quanto investiu inicialmente?
Como iniciei no Tesouro Direto, o investimento foi bem acessível. Você pode começar com algo perto de R$ 100.
Como escolheu a empresa?
Escolhi uma corretora conhecida, com conteúdo que explicava a bolsa para iniciantes e cujo site achei fácil de entender e manusear.