Faculdade suspeita de auxiliar Máfia dos Concursos não tem registro
Segundo o Ministério da Educação, o Ineesp, de Taguatinga, não é credenciado. Instituição emitia diplomas para suspeitos de fraudar certames
atualizado
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A instituição de ensino superior que está na mira da Polícia Civil por emitir diplomas para a Máfia dos Concursos sequer tem credenciamento no Ministério da Educação (MEC). A pasta informou à reportagem que o Instituto Nacional de Ensino Especial (Ineesp), localizado na QND 47 de Taguatinga, não poderia dar os certificados de conclusão do ensino superior.
De acordo com a Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco), da Polícia Civil, o Ineesp já vinha sendo monitorado nas investigações da Operação Panoptes. “Não avisamos o MEC com antecedência sobre as fraudes para não colocar em risco as ações deflagradas na segunda (21/8). Queríamos evitar possíveis vazamentos”, disse ao Metrópoles o delegado-adjunto da Deco, Adriano Valente, acrescentando que os órgãos competentes serão formalmente notificados sobre os problemas encontrados.
A polícia também apura a participação de funcionários de bancas organizadoras, como o Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e Assistencial Nacional (Idecan) e o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção de Promoção de Eventos (Cespe/Cebraspe), que foi alvo de busca e apreensão. O Instituto Quadrix, que atua desde 1997 na organização de concursos em todo o país, também é investigado pela polícia.
Em nota, o Quadrix informou que não houve, até o momento, comprovação de qualquer irregularidade no processo seletivo da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal para professor temporário, finalizado neste ano de 2017, cuja organização foi de responsabilidade deste Instituto.
“O instituto adota rigorosa e eficiente sistemática de segurança em todos os seus processos de seleção, necessária para cumprir com suas obrigações contratuais e legais, com o propósito de permitir que seus processos sejam realizados e finalizados com pleno êxito”, concluiu a nota.
O delegado Adriano Valente ressaltou que as bancas são vítimas do esquema. “É importante destacar que as entidades estão colaborando com as investigações. Não são elas que estão sendo investigadas, são organizações criminosas que atuam em todas as bancas. Algumas delas têm servidores infiltrados, mas estamos recebendo todo o auxílio. Qualquer uma está sujeita a sofrer ações dos criminosos, mas, na maioria dos casos, as instituições não têm conhecimento”, concluiu.
Veja imagens da Operação Panoptes
Durante a ação, foram presos Hélio Garcia Ortiz, o filho dele, Bruno de Castro Garcia Ortiz, Johann Gutemberg dos Santos e Rafael Rodrigues da Silva Matias. Segundo o delegado, Hélio era o chefe da organização criminosa. Bruno executava o esquema, Rafael era seu braço direito e Johann facilitava a fraude fornecendo graduação e pós a quem precisasse e pagasse bem.
A operação, batizada de Panoptes (referência ao monstro da mitologia que tinha 100 olhos), identificou pelo menos três modus operandi da quadrilha. O grupo agia com a utilização de pontos eletrônicos, uso de identidades falsas para que outras pessoas fizessem a prova no lugar dos inscritos, além do uso de celulares.
O outro lado
O Cespe/Cebraspe informou “que está acompanhando a investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), fornecendo todo o apoio necessário à investigação e é o maior interessado em esclarecer os fatos”.
Em nota, o Idecan disse que, “diferentemente do que foi noticiado, não há nenhum registro de quaisquer fraudes ocorridas em quaisquer etapas do concurso do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal e tampouco houve busca e apreensão no instituto, nem qualquer notificação ou contato da Polícia Civil do DF.”
“O que há é uma investigação a uma quadrilha sobre suspeita de tentativa de fraude”, acrescentou o instituto. A nota destaca ainda que a entidade não compactua com práticas ilícitas e está à disposição das autoridades responsáveis para auxiliar e contribuir com a investigação.