Para complementar renda, 64% dos brasileiros recorreram a bicos
Efeitos da melhora da economia ainda não são sentidos por 77% dos consumidores, aponta estudo do SPC Brasil e da CNDL
atualizado
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De acordo com estudo realizado em todas as capitais pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), passou de 57% para 64% o percentual de consumidores que recorreram a alguma forma de trabalho extra ou bicos a fim de complementar a renda no primeiro semestre deste ano. Nas classes C, D e E, a proporção salta para 70% dos entrevistados.
Embora o país tenha superado, ao menos tecnicamente, a recessão econômica, as consequências da crise ainda se mostram presentes em diversos aspectos do dia a dia da população.
Segundo o levantamento, a cada 10 consumidores, cinco (51%) acreditam que as condições gerais da economia pioraram ao longo de 2018 na comparação com o mesmo período do ano passado. Ou seja, um aumento de 12 pontos percentuais em relação à pesquisa de 2017.
Quando avaliam a própria condição financeira, 44% garantem que também houve piora considerando o último ano, isto é, um aumento de oito pontos percentuais. Outros 34% falam em condições financeiras iguais. Já 19% acreditam que a situação está melhor em comparação a 2017.
“A recuperação da economia ainda é bastante lenta e surte pouco efeito prático na realidade dos brasileiros. O momento mais crítico da crise ficou para trás, mas isso não significa que a vida das pessoas tenha melhorado substancialmente. A renda das famílias segue achatada e o consumo melhora a passos lentos porque o desemprego segue alto e a confiança abalada”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Desemprego
Um levantamento divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou que poucas vezes nos últimos 22 anos os brasileiros ficaram tão preocupados com o mercado de trabalho quanto agora. O Índice de Medo do Desemprego (IMD) de junho cresceu 4,2 pontos em relação ao de março, e atingiu 67,9 pontos, o maior da série histórica da aferição – iniciada em maio de 1996.
“O medo do desemprego voltou para o maior nível que tinha alcançado durante a crise, porque a recuperação da economia está muito lenta e as pessoas ainda não perceberam a queda da inflação e a melhora no emprego”, comenta o gerente-executivo de Pesquisas e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca. (Com informações da SPC Brasil e CNDL)