Denúncia de plágio divide candidatos do concurso para bombeiro no DF
Nas redes sociais, a polêmica está instalada. Uma parte dos inscritos pede a anulação das provas. Outros defendem continuidade do certame
atualizado
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A prova do concurso para soldado do Corpo de Bombeiros do DF, aplicada no último domingo (19/2), se transformou numa grande polêmica nas redes sociais. Candidatos que participam da seleção estão divididos sobre uma denúncia de que teria havido plágio de questões e itens de química por parte da banca organizadora da seleção, o Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e Assistencial Nacional (Idecan). Alguns inscritos defendem a anulação das provas. Outros, porém, avaliam que o certame deve continuar.
A seleção para 779 vagas tem 30.950 inscritos. De acordo com mensagens que circulam nas redes sociais, alguns candidatos afirmam que até 70% das questões foram copiadas, sem serem citadas sequer as fontes de sites como o Yahoo Respostas. A denúncia, entretanto, não é compartilhada por todos.
O bancário Vinícius Leão, 25 anos, é contra a anulação da prova. “Poderia ser considerado plágio caso a questão fosse idêntica, incluindo enunciado e respostas, o que não ocorreu”, explica. “Temos que lutar com as ferramentas certas e sermos justos. A prova já foi adiada uma vez, e isso gera uma grande fragilidade em relação ao certame, o que encoraja os candidatos que estão revoltados tentarem pela anulação do mesmo”, completa.Thamiris Figueiredo, 29 anos, lidera o movimento daqueles que querem a anulação da prova. Ela afirma que fez boa pontuação, estuda há dois anos para o concurso, mas, mesmo assim, acha “uma falta de respeito” da banca organizadora “copiar questões da internet”. “Isso pune quem estudou, que se preparou”, reclama.
De acordo com ela, a banca cobra caro para realizar o concurso e uma instituição séria como o Corpo de Bombeiros não pode fazer a seleção de seu pessoal com questões “copiadas” da internet.
Veja abaixo uma das questões que teria sido copiada, segundo as denúncias:
Favorecimento
Para especialistas ouvidos pelo Metrópoles, o uso de questões que não são inéditas prejudica a isonomia entre os candidatos e a concorrência. Mas cada caso deve ser analisado com suas especificidades.
“A repetição de questões ajuda aqueles que tiveram acesso às provas anteriores. E, até mesmo, de quem estuda pela internet e tem acesso a conteúdos diversos”, destaca o consultor Jorge Almeida, especializado na seleção de recursos humanos.
Já o advogado André Gonçalves entende que é preciso ler o edital e verificar se está dito que as provas serão feitas com questões inéditas. Se houver este compromisso, fica configurada lesão ao princípio da legalidade e ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório.
Alerta, entretanto, que apenas o uso de perguntas já disponibilizadas na internet não configura plágio. Para ele, o que tem que ser analisado neste caso é se houve favorecimento a algum candidato.
Em apuração
O Idecan informou por meio de nota que todas as questões foram elaboradas conforme o edital regulamentador do concurso: “As questões da área de Química remetem a temas comuns e recorrentes na área e são embasadas em obras de literatura, que servem de referência”
De acordo com a banca, “as denúncias de semelhança entre as questões da prova e o material disponível na internet recebeu a devida atenção, concluindo-se a total regularidade das questões. Vale observar que as assertivas e/ou enunciados que compõem as questões tidas como ‘plagiadas’ são extraídas do conteúdo programático e não copiadas de questões utilizadas em outros certames.”
Para o instituto, “o que se verifica é que os denunciantes das redes sociais na verdade estão aproveitando de situações anteriores – já superadas – na tentativa de provocar a balbúrdia no concurso em questão”.
O organizador esclarece, ainda, que “a infundada denúncia de plágio pode ser considerada falsa comunicação de crime”.
Outros problemas
Esse não é o primeiro problema envolvendo o concurso dos bombeiros. A prova aplicada no dia 12/2 para oficiais (2º tenente) foram anuladas pelo próprio Idecan, após ser detectada falha na distribuição das folhas de respostas na prova discursiva.
Já nos exames aplicados no dia 5/2, para condutor e operador de viaturas da corporação, houve muita confusão e desorganização. Segundo as denúncias, havia gabaritos com o nome de candidatos trocados, de modo que foi necessário que os inscritos fizessem rasuras no nome que constava no gabarito oficial para assinar o próprio nome. Essas provas, entretanto, não foram anuladas.
O Idecan foi escolhido para realizar o concurso da Polícia Militar do DF, previsto para o segundo semestre deste ano. Candidatos que se preparam para a seleção já estão preocupados, já que a estimativa é de mais de 30 mil inscrições.