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Curso técnico aumenta em mais de 21% remuneração dos trabalhadores

Estudo baseado em dados do IBGE mostra perfil e benefício salarial de quem cursa educação profissional. Maiores ganhos são no Nordeste

atualizado

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Geovanna Bembom/Metrópoles
eletricista
1 de 1 eletricista - Foto: Geovanna Bembom/Metrópoles

Boa notícia para quem decidiu fazer um curso técnico no Brasil. Profissionais que optaram por esse tipo de formação recebem, em média, 17,7% acima dos vencimentos dos trabalhadores que frequentaram o ensino médio tradicional. A informação faz parte de estudo inédito encomendado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, o Senai. O levantamento tem como base dados da última Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O estudo, realizado pelo professor Gustavo Gonzaga, do departamento de economia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, comparou os rendimentos de trabalhadores que concluíram a educação profissional com aqueles sem esse tipo de formação. Foram considerados aspectos como gênero, idade, cor, escolaridade, região de moradia, setor de atividade e renda per capita familiar. A conclusão principal é que fazer um curso técnico eleva de forma significativa (17,7%) o rendimento no mercado de trabalho, independentemente da instituição que a pessoa frequentou.

Chamado “Educação Profissional no Brasil, uma avaliação com base no suplemento da PNAD-2014”, o estudo verificou significativo ganho entre ex-alunos de cursos técnicos do Nordeste. Para eles, a renda é 21,7% maior em relação à remuneração de quem não fez ou não concluiu essa formação. Nas regiões Norte e Centro-Oeste, essa diferença sobe para 21,4%, considerados todos os tipos de instituição. O estudo mostra ainda que os profissionais das regiões Sudeste e Sul que concluíram cursos técnicos têm, em geral, renda 15,1% superior a quem apenas concluiu o ensino médio regular.

Confira, abaixo, os principais resultados por região: 

CNI/Divulgação

Currículo turbinado
Para o diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi, o estudo demonstra que o curso técnico faz diferença no currículo na hora de conseguir um emprego.

Um aumento de renda de quase 20% não é trivial. Trata-se de um diferencial relevante e uma prova de que vale a pena investir nessa modalidade de formação profissional.

Rafael Lucchesi, diretor-geral do Senai

Além disso, avalia, o curso técnico é o caminho mais rápido para a inserção qualificada do jovem no mundo do trabalho. “É, ainda, uma ótima opção para o trabalhador desempregado que busca se recolocar no mercado”, destacou Lucchesi.

Ele explica que os cursos técnicos têm carga horária média de 1.200h (cerca de 1 ano e 6 meses de duração) e são destinados a alunos matriculados ou que já concluíram o ensino médio. O estudante aprende uma profissão e, ao término, recebe um diploma.

Perfil dos alunos
O estudo também traçou o perfil das pessoas que fazem cursos de educação profissional no Brasil. O universo dos trabalhadores que concluíram essa formação está dividido igualmente entre gêneros (50,4% de homens); a maioria identifica-se como branco (55,9%) e vive em cidades (95,8%), principalmente em regiões metropolitanas (39,8%).

A faixa etária majoritária é entre 25 e 44 anos (50,3%) e a maior fatia (75%) se situa nas faixas médias de renda familiar per capita – um a dois salários mínimos ou acima –, enquanto essa renda se aplica a 44,5% entre aqueles que nunca frequentaram cursos de educação profissional.

Os benefícios dos cursos técnicos também aumentam com o tempo. Um técnico em mineração – profissionais com formação técnica mais requisitados do mercado – tem salário inicial de R$ 2.185. Com 10 anos ou mais de carreira, a remuneração mensal passa para R$ 10.105 (valor de 2015), segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho.

Brasiliense entre os melhores
Os melhores alunos de educação profissional do Brasil vão participar entre os dias 15 e 18 de outubro, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, da 44ª edição da WorldSkills, competição internacional de profissões técnicas. A delegação brasileira neste ano conta com 56 alunos e ex-alunos do Senai e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). Entre eles, há três moradores do DF e um do Entorno.

Morador da Estrutural, Wanderson Carlos Coimbra dos Santos, 21 anos, participará da disputa internacional na modalidade de sistemas de drywall e estucagem (técnica que prevê a correção de imperfeições após pronto o reboco). Em 2016, ele foi o campeão brasileiro de drywall e está há quase um ano sendo treinado pelo Senai para o evento em Abu Dhabi. O rapaz dedica seis dias da semana, das 8h30 às 19h, para se aprimorar tecnicamente. E está ansioso pela primeira viagem internacional.

A ficha ainda não caiu, mas procuro pensar mais na prova. Estou muito feliz em saber que vou viajar e representar a nação lá fora. Sei que a concorrência é grande, mas só de estar lá representando o país, já estou satisfeito. Para completar essa felicidade, só trazendo a medalha.

Wanderson Carlos Coimbra dos Santos, 21 anos, primeiro brasiliense a participar da WorldSkills

Morador do Engenho das Lajes, divisa do DF com Goiás, Gilberto Ferreira Santos, 19 anos, vai concorrer pela modalidade aplicação de revestimentos cerâmicos – categoria que já lhe rendeu o título de melhor técnico do país também no ano passado.

Confira fotos de Wanderson e de Gilberto: 

11 imagens
Ele mora com o pai na Cidade Estrutural e viaja para Abu Dhabi no próximo mês
O pai de Wanderson é sua grande inspiração: "Ele é o motivo de tudo"
O pai, mesmo sem formação, trabalha com o drywall e o ensinou a técnica
Esta será a primeira vez que ele vai para outro país
Wanderson pretende cursar alguma faculdade na área da construção
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Wanderson Carlos Coimbra dos Santos, de 21 anos, é o único representante do DF na categoria de sistemas de drywall e estucagem

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Ele mora com o pai na Cidade Estrutural e viaja para Abu Dhabi no próximo mês

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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O pai de Wanderson é sua grande inspiração: "Ele é o motivo de tudo"

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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O pai, mesmo sem formação, trabalha com o drywall e o ensinou a técnica

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Esta será a primeira vez que ele vai para outro país

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Wanderson pretende cursar alguma faculdade na área da construção

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Ele treina seis vezes por semana, das 8h30 às 19h, no Sesi do Guará

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Há quase um ano, ele treina para a competição mundial

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No Sesi do Guará II, ele faz simulados das provas

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Nas mãos de Wanderson está um molde do que será apresentado em Abu Dhabi

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Gilberto também vai participar da competição nos Emirados Árabes

Arquivo pessoal

Completam a porção DF/Entorno da delegação nacional Fábio Serpa Crisóstomo, de Águas Lindas (GO), que competirá em movelaria, e Wisley Silva Pereira, de Santa Maria, em refrigeração e ar-condicionado. Ao todo, a 44ª edição da WorldSkills reunirá 1.264 estudantes de 68 países. Eles vão disputar troféus em 51 modalidades.

A meta brasileira é se manter no topo do pódio, já que a delegação do país foi a grande campeã da última edição, realizada em 2015, em São Paulo. Os jovens brasileiros ficaram à frente de representantes de nações que são referência educacional, como Coreia do Sul e Alemanha. Nas provas, devem completar os desafios em padrões internacionais de qualidade, demonstrando habilidades técnicas individuais e coletivas em profissões como automação industrial, eletrônica, eletricidade, cozinha e confeitaria, entre outras.

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