PCDF ouve professor suspeito de vazar edital para concurso
O Metrópoles apurou que as investigações devem ser encerradas em breve e, a princípio, a direção-geral não deve lançar nova publicação
atualizado
Compartilhar notícia
Investigadores da Polícia Civil do Distrito Federal ouviram o professor Carlos Alfama, do Zero Um Concursos, suspeito de postar o edital para concurso público de escrivão da corporação nas redes sociais antes de o texto ser divulgado oficialmente. O Metrópoles apurou que as investigações devem ser encerradas em breve e, a princípio, a direção-geral não deve lançar uma nova publicação com as regras do certame.
Questionado pela reportagem, o professor alegou que foi ouvido como testemunha. “A Polícia Civil do DF irá apurar o vazamento por parte do Buriti, DODF e Imprensa Nacional”, destacou.
Conforme o Metrópoles revelou, o docente do cursinho preparatório deu detalhes do conteúdo da prova horas antes de o Governo do Distrito Federal (GDF) publicar oficialmente o edital, no dia 5 deste mês. Em seguida, o diretor da PCDF, Robson Cândido, disse ter determinado que a instituição apurasse rigorosamente a suspeita de crime. Segundo ele, se confirmado o vazamento, o delito é “punível com prisão”. O certame, nesse caso, ficaria comprometido.
Paralelamente, no âmbito administrativo, a Casa Civil do DF também informou que abriu sindicância interna para levantar sobre quais circunstâncias as informações foram repassadas antes mesmo da publicação. O órgão é o responsável pelos atos oficiais do Palácio do Buriti.
Entenda o caso
Na noite de quarta-feira (04/12/2019), Carlos Alfama, do Zero Um Concursos, divulgou o dia exato da prova e, também, que a disciplina de estatística não cairia no exame. Contudo o edital com os detalhes da disputa foi publicado um dia depois no Diário Oficial. Os internautas logo passaram a fazer postagens levantando a hipótese de fraudes.
“Professor, não me leve a mal, sou fã de vocês, indico o trabalho, mas são 5h39 da manhã do dia 05/12/2019 e o DODF de hoje ainda não foi publicado. Vocês terem tido acesso a ele antecipadamente não pode atrapalhar o certame?”, escreveu uma internauta. “Muito estranho!! Se ele teve acesso ao edital antes de todos, já possui tais informações, podemos até duvidar da credibilidade do concurso”, reclamou outro seguidor.
Responsabilidade criminal
O Palácio do Buriti também foi acionado pela reportagem e, por meio da Casa Civil, informou que “a divulgação não implica prejuízo ao certame, pois a informação já seria pública na manhã de quinta-feira (05/12/2019). Esclarece, ainda, que será aberto um inquérito para apuração dos fatos, pois é de competência da Casa Civil a gestão do Diário Oficial do Distrito Federal e a análise dos documentos recebidos para publicação, porém, a editoração e paginação ficam a cargo da Imprensa Nacional, com quem o GDF tem convênio”.
Em nota distribuída à imprensa após a publicação da reportagem, o professor Carlos Alfama afirmou que “o edital da PCDF estava circulando nos grupos de WhatsApp de madrugada, por volta de 2h. Todos os donos de cursos compartilharam a notícia assim que acordaram. Até por que se o documento estava em uma página do Diário Oficial era por que devia estar publicado em algum lugar”.
“Fui o Zero Um a acordar”, disse ele. “Agora, começa um mimimi de que o documento era sigiloso até 7h… sério? Diário Oficial é sigiloso desde quando?”, completou.
Sobre a live feita na noite anterior à publicação do edital, Alfama disse: “Eu falei mil vezes que não vi o edital. Que não sabia se cairia [direito] administrativo. Mas que o que tinha ouvido falar era que a prova seria dia 15/3 e etc… Deixei claro que podia mudar ou ser diferente”.
Por meio da assessoria de imprensa, o Curso Zero Um negou que tenha havido vazamento antecipado do edital ao professor Carlos Alfama. “São infundadas as informações”, garantiu. Segundo a empresa, o professor “apenas divulgou dados que já encontravam-se difundidos em redes sociais.”