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Para Ibrae, concurso da Sedest foi reaplicado com “absoluta segurança”

Diretor da empresa afirmou que os problemas das provas para educador social, reaplicadas no domingo (14/04/19), não interferiram no certame

atualizado

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1 de 1 ocupação sedestmidh - Foto: Arquivo pessoal

Para o Instituto Brasil de Educação (Ibrae), as provas para educador social do concurso da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedest) foram aplicadas com “absoluta segurança”. Nesta terça-feira (16/04/19), o diretor-geral da banca, João Costa, prestou esclarecimentos ao Metrópoles sobre problemas relatados por participantes. Eles fizeram os testes no último domingo (14/04/19). A avaliação estava sendo reaplicada, após suspensão temporária.

Vídeos feitos por concurseiros circulam nas redes sociais e mostram que fiscais teriam aberto os malotes e entregue os testes mesmo com alguns candidatos fora de sala. De acordo com João Costa, o problema ocorreu na sala 1.005 do Bloco I, no Centro Universitário de Brasília (UniCeub).

Em um dos vídeos, é possível ver um grupo de pessoas do lado de fora da sala, aguardando para entrar, enquanto vários candidatos estão com os exames na carteira, esperando o início da avaliação. “Tem gente com prova na carteira, e no corredor ainda tem gente”, diz a participante que gravou as imagens.

“Eu não vou fazer a prova novamente, igual fiz da outra vez, quando foi cancelado. Está errado. Todos têm que estar dentro de sala. Depois abre [o malote], distribui [os testes], e todos começam ao mesmo tempo”, diz uma mulher em outro vídeo. O autor das imagens ainda não foi identificado.

 

O diretor-geral defende que a conduta dos fiscais foi correta. Para ele, o caso foi uma confusão isolada e não interferiu o andamento das avaliações. “Nosso portão fecha às 14h. Às 14h em ponto, nós distribuímos as provas. Nesse meio tempo, você aguarda o sinal para que o teste comece. Enquanto isso, algumas pessoas ficam do lado de fora”, explica João.

Ele afirma que a mulher que aparece nas imagens iniciou uma espécie de “protesto” dentro da sala de aula. “Ela estava dizendo que não poderíamos distribuir a prova enquanto os que chegaram atrasados não tivessem entrado. A própria turma conteve a candidata. Ela saiu de sala e começou a fazer o motim, criando uma confusão para atrapalhar o concurso”, informa o diretor. O autor do vídeo e a mulher que aparece nas imagens não foram identificados.

Candidatos reclamaram de erros de digitação e provas com questões a menos. “A prova tinha 50 questões. Uma moça que estava na minha sala percebeu que a dela estava incompleta e chamou o fiscal de sala para resolver. Eles disseram que iriam solucionar o problema. Soube de ocorrências ao menos em três salas distintas”, relatou uma participante, que preferiu não se identificar. A reclamação também foi feita em grupos nas redes sociais.

João Costa afirma que as avaliações com questões em falta ou erros de digitação foram trocadas por provas reservas. “Diante da ausência de uma avaliação, aciona-se a reserva, que está em malotes lacrados. Os coordenadores substituem. Ela é exatamente igual à prova do candidato. Fizemos a substituição muito rápido, para não prejudicar ninguém”, defende.

O diretor informa, ainda, que os testes eram os mesmos que seriam aplicados em 24 de março. Na época, os malotes não foram abertos, devido à confusão que se instalou nos locais de prova.

A conduta foi criticada por candidatos, mas, segundo João, o Ibrae “manteve o sigilo absoluto das provas”. O diretor explicou, ainda, que a avaliação recebeu nova etiqueta. “Como nós remanejamos os candidatos, tivemos que trocar os números de sala e os nomes das escolas. Por isso, ela ganhou novas etiquetas. Mas é exatamente a mesma prova, com o nome do participante”.

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Concurseiros também reclamaram haveria itens não previstos em edital. Uma candidata constatou que a avaliação mostrava duas questões referentes às leis nº 9.474, de 1997, e nº 10.836, de 2004. “No edital de educador social não há essa lei [9.474], sendo que esta última [10.836] está na especialidade do direito, não para educador social”, explicou a participante.

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O diretor-geral do Ibrae afirmou que esses assuntos devem ser “enfrentados por meio de recurso”.  Caso o pedido seja negado, devem recorrer à Justiça. “A prova foi de uma organização muito boa, elogiada por várias pessoas. Estamos ali para fazer um concurso de maneira civilizada”, afirma o diretor da empresa.

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) afirmou que, até o momento, não tem registros de denúncias sobre o caso. A Sedest diz que não recebeu nenhuma acusação de irregularidades na avaliação. A pasta destacou que “segue vigilante quanto aos próximos dias programados, bem como às demais fases do certame”.

Além disso, o órgão afirmou que intensificou os trabalhos da comissão de acompanhamento do concurso. “Uma das medidas tomadas foi dividir em quatro dias de aplicação de provas, de acordo com o cargo, principalmente para evitar possibilidade de tumulto.”

“Reforçamos, porém, que, havendo novas falhas na execução que coloquem o concurso em risco ou quanto à sua legalidade na realização, medidas administrativas e judiciais serão imediatamente tomadas pelo Governo do Distrito Federal”, disse a secretaria.

Concurso

O concurso foi lançado em novembro do ano passado, com 314 vagas imediatas e 1.570 para formação de cadastro de reserva. As oportunidades são para os cargos de especialista em assistência social e técnico em assistência social. A banca registrou 53.748 inscritos: 27.297 de ensino médio e 26.451 com ensino superior.

Para o cargo de educador social, a pasta disponibilizou 18 vagas para contratação imediata e 90 para formação de cadastro de reserva. A remuneração para a carreira é de R$ 3,5 mil, com jornada de 30 horas de trabalho semanais.

Entenda o caso

O certame teve uma série de problemas em março. A banca decidiu anular as provas do concurso, marcadas para 24/03, após o atraso na distribuição dos testes aos candidatos que estavam na Universidade Paulista (Unip), na 913 Sul, no período matutino.

Revoltados, os concurseiros ficaram nos corredores e pediram a suspensão do certame. Em imagens enviadas ao Metrópoles, foi possível ver pessoas com as provas em mãos, discutindo as questões e tirando foto das páginas. Nos corredores, a suspeita era a de que um malote tinha sido extraviado do Bloco I da instituição de ensino.

Muitas pessoas desistiram e foram embora revoltadas, com as provas. Outros problemas apontados pelos concurseiros foram falta de detector de metais, de policiamento e falha na fiscalização. “Não tinha fiscal nos corredores, nem mesmo no banheiro. O que é de praxe em todos os concursos. Foi uma bagunça generalizada”, disse o candidato Paulo Mesquita.

Após a confusão, os exames para educador, cuidador e agente social, previstas para o período vespertino, foram suspensos.

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Confusão na Unip, um dos locais de prova
Há suspeita de que malote tenha sido extraviado
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Candidatos saíram com as provas em mãos

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Há suspeita de que malote tenha sido extraviado

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Carta feita por candidatos expõe os problemas na prova

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Provas foram levadas para casa antes do horário permitido

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Vandalismo

Em nota, o Ibrae disse que cometeu um “engano” ao mandar malote de provas para a faculdade errada, mas afirma que o cancelamento do certame se deu por conta de “atos de vandalismo de alguns candidatos”.

No texto, a banca organizadora explica ter constatado que um único malote destinado para a Unip foi enviado à Upis. Esse “engano”, segundo o Ibrae, atrasaria em 27 minutos o início da prova em cinco salas da Unip.

O instituto detalhou, na ocasião, que a distância entre as universidades é de menos de 1 km e frisou, ainda, que o “engano” foi solucionado. “O único malote trocado chegou corretamente à Unip, inviolado, às 8h27”, destaca o texto. A banca ressalta que o tempo extra seria acrescido ao total do prazo para a realização da prova, a fim de que nenhum candidato das cinco salas fosse prejudicado.

O que seria uma simples troca de malote transformou-se em um verdadeiro ato de vandalismo praticado por alguns candidatos que estavam na Unip

Trecho da nota do Ibrae

“Contudo, um único fato impediu o reinício da prova. Quatro homens deixaram juntos uma das salas, contrariamente à instrução da coordenação do concurso. Eles foram reiteradamente informados que
deveriam retornar para o local de provas, mas se negaram a fazê-lo. Em seguida, os vândalos prenderam seis coordenadores do concurso na Sala de Coordenação da Unip, durante mais de duas horas, inviabilizando que as provas corretas fossem, enfim, levadas às salas”, comunicou o Ibrae.

Investigação

A Polícia Civil abriu investigação para avaliar possíveis irregularidades no concurso. A apuração foi conduzida pela Coordenação Especial de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e aos Crimes contra a Administração Pública (Cecor). A unidade concluiu o inquérito em 3 de março. Os policiais entenderam que não houve fraude no certame. Por isso, ninguém foi indiciado.

Provas remarcadas

Em 7 de abril, o Ibrae divulgou um novo cronograma. O calendário mostra as datas de aplicação de todas as provas para as carreiras de especialista em assistência social e técnico em assistência social. O documento está disponível no site do Ibrae.

Ibrae/Reprodução

 

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