Após falhas, Ibrae suspende provas de concurso da Sedestmidh à tarde
A banca organizadora do concurso afirmou que teste deve ser aplicado em 7 de abril
atualizado
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Após confusão no concurso público da Secretaria de Desenvolvimento Social do Distrito Federal (Sedest), ou antiga Sedestmidh, o Instituto Brasil de Educação (Ibrae), banca organizadora do certame, decidiu suspender as provas que seriam aplicadas das 14h30 às 19h deste domingo (24/3). O diretor-geral da Polícia Civil do DF (PCDF), Robson Cândido, disse à coluna Grande Angular que uma investigação será aberta nesta segunda (25) para apurar as falhas apontadas pelos candidatos, que registraram ocorrências nas delegacias.
Segundo o Ibrae, os testes previstos para esta tarde devem ser aplicados no dia 7 de abril. Concorrentes a dois cargos fariam o concurso no turno vespertino. São eles: especialista em assistência social (nível superior) e técnico em assistência social (nível médio).
Confira a nota enviada pelo Ibrae:
Tumulto
Pela manhã, a confusão foi geral. O certame estava previsto para as 8h deste domingo, mas os candidatos que estavam na Universidade Paulista (Unip), na 913 Sul, só receberam as questões por volta das 9h.
Revoltados, os concurseiros ficaram nos corredores e pediram a suspensão do certame. Em imagens enviadas ao Metrópoles, é possível ver pessoas com as provas na mão discutindo as questões e tirando foto das páginas. Nos corredores, a suspeita era de que um malote tenha sido extraviado do bloco I.
Às 10h, muitas pessoas desistiram e foram embora revoltadas, com as provas em mãoes. Outros problemas apontados pelos concurseiros foram a falta de detector de metais, de policiamento e falha na fiscalização. “Não tinha fiscal nos corredores nem mesmo no banheiro. O que é de praxe em todos os concursos. Foi uma bagunça generalizada”, disse o candidato Paulo Mesquita.
“A minha esposa concorre à vaga de pedagogia. Ela foi informada de que houve uma falha na entrega de um lote de provas, que não chegou à unidade. Vou ter que buscá-la pois muitas pessoas foram embora e as questões já estão na internet”, disse Carlos Eduardo Bontempo, 40 anos.
No Twitter, um candidato desabafou: “O Ibrae não tem noção o quão está prejudicando as pessoas. Não vai ter reembolso das horas que fiquei estudando, das noites em claro, dos almoços em família que perdi pra me dedicar a esse concurso.”
Um empresário que se inscreveu no certame contou que os candidatos foram informados que o atraso no começo da prova teria sido provocado pelo desvio do malote para outro prédio, onde também seria aplicada a prova pela manhã. Por volta das 9h, o material chegou, só que, revoltados, muitos concurseiros deixaram a Unip.
Quando chegaram do lado de fora, viram que concorrentes saíram com as provas antes das quatro horas permitidas pelo edital. “Uma bagunça generalizada. Não vou querer mais fazer o concurso. Quero que devolvam meu R$ 150 de inscrição. É o mínimo que devem fazer. Virou piada”, disse o empresário.
Candidatos que estavam no prédio da União Pioneira de Integração Social (Upis), na 712/912 Sul, na 912 Sul, também foram embora com as provas. O advogado Kailo Resende, 38, disse que eles chegaram a receber as questões por volta das 8h15. Pouco depois, começaram ouvir a confusão na porta da faculdade. Em seguida, a coordenadora entrou na sala em que ele estava e avisou que não precisavam continuar a responder as questões, pois várias locais não tinham recebido as folhas de respostas, “entre outros problemas”, conforme ela mesmo enfatizou.
“A gente saiu em seguida com a prova. Tem de mudar a banca”, defende o advogado, que pagou R$ 120 de inscrição para o cargo de especialista em assistência social, na categoria Direito e Legislação. Candidatos que fazem provas em outros pontos, como as unidades da Unieuro, de Águas Claras e da L4 Sul, estavam em sala de aula respondendo as questões por volta das 11h30. Muitas pessoas vieram de outros estados para o concurso.
A Polícia Militar informou que foi chamada após a notícia do suposto cancelamento da prova, mas não precisou agir. Ao todo, são 1,8 mil vagas, sendo 314 imediatas. De acordo com a secretaria, o concurso tem 53.748 candidatos inscritos: 27.297 para ensino médio e 26.451 para nível superior.
Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Social disse que a responsabilidade da execução das etapas do exame é do Ibrae. “Ressaltamos que, havendo falhas na execução que coloquem o concurso em risco ou quanto à sua legalidade na realização, as medidas administrativas e judiciais serão tomadas pela secretaria”, acrescentou a pasta.
Alguns candidatos procuraram não só a PCDF como disseram que também vão acionar a Justiça. O edital do concurso foi lançado em novembro do ano passado.
Em nota, o Sindicato dos Servidores e Empregados da Assistência Social e Cultural do GDF (Sindsasc) cobrou explicações do Ibrae. “Lamentamos o ocorrido, pois, para que esse concurso fosse realizado, foi necessária muita luta, com manifestações e até a greve que realizamos no ano passado”, afirma Clayton Avelar, presidente da entidade.
Locais de prova
Esse não é o primeiro problema enfrentado pelos candidatos do concurso. Na última terça-feira (19), os participantes tentaram acessar o portal da banca, mas, ao preencherem o campo de e-mail e senha, receberam o informe “usuário não encontrado”.
Um grupo de aproximadamente 20 candidatos foi à sede do Ibrae para pedir esclarecimentos. No entanto, os funcionários não teriam conseguido resolver o problema. “Ficamos lá das 9h às 15h. A atendente nos informou que, na quarta [20], eles divulgariam uma listagem com o local de prova do pessoal”, contou um dos inscritos, que preferiu não se identificar.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social, o Ibrae informou que a situação do concurso estava regular, sem pendências. “O instituto apresentou as garantias devidas para a realização do certame”, disse a assessoria de imprensa da pasta.