Apesar da pandemia, Marinha realiza prova presencial para 617 candidatos

A Marinha do Brasil realizará, neste sábado (5/9), prova presencial para promoção ao cargo de sargento em todo o país. O concurso contará com a presença de 617 cabos relacionáveis e, apesar das restrições de distanciamento social e orientação de se evitar aglomerações por causa da pandemia do novo coronavírus, haverá salas com até 47 militares disputando o certame.

Inicialmente previsto para ser aplicado em abril, o concurso teve de ser adiado por causa da Covid-19. Agora, mesmo com números de contaminação 379 vezes maior e com 120.949 mais óbitos do que na época prevista anteriormente para a realização das provas, a Marinha confirmou ao Metrópoles a aplicação do exame na nova data.

No DF, o teste acontecerá no Centro de Instrução e Adestramento de Brasília (CIAB), em Santa Maria. Estão previstos para o local 37 cabos, divididos em duas salas, com 19 e 18 candidatos, respectivamente.

Confira o cronograma e regras da seleção:

 

Para minimizar a possibilidade de contaminação pela Covid-19, o Boletim de Ordens e Notícias (Bono) da força prevê algumas medidas. Só poderá ingressar no local das provas quem estiver de máscara. Também haverá a disponibilização de estações para higiene pessoal e será feita a medição de temperatura dos candidatos, com limite de 37,5°C. As janelas dos locais de provas serão mantidas abertas.

Preocupações

Apesar disso, candidatos se dizem preocupados com a situação. “A estrutura parece de uma escola pública”, conta um cabo que fará a prova e preferiu não se identificar, por temer represálias. Ele conta que esteve no local previsto anteriormente para o exame e disse que a estrutura agora não é a melhor, tendo em vista o calor e seca que assolam Brasília nesta época do ano.

Dessa forma, a preocupação pela proliferação do vírus da Sars-Cov-2 aflige os candidatos. “Andando com o gorro na cabeça, o termômetro já deu 38°C e eu não estava com febre. Depois que ventilou, minha temperatura desceu”, detalhou o cabo, preocupado com o fato de que candidatos com temperatura corporal maior que o limite estipulado pelo Bono farão a prova em uma sala separada.

“Meu medo é ser colocado em sala com pessoas que tenham o vírus [da Covid-19]”, desabafa.

Vai além da própria saúde a angústia quanto à realização da prova, até porque os candidatos relacionáveis podem ser presos por até 10 dias em caso de não comparecimento. “Eu convivo com familiares e vizinhos que são do grupo de risco. É com eles que me preocupo mais”, afirma o candidato.

Há incômodo ainda com o fato de que os aprovados somente serão chamados ao curso de habilitação para promoção a sargento em dezembro de 2023, com a mudança de cargo sendo efetivada em 2024. “Não acho justo colocar nossas vidas em risco [na pandemia] em vão, se só seremos promovidos em 2024”, protesta.