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Afinal, é permitido ou não o uso de vírgula antes da conjunção “e”?

Solução pode, sim, ser utilizada como recurso estilístico, ou seja, para dar ênfase à conjunção

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Claiton Natal é professor de Gramática no IMP Concursos

A vírgula antes da conjunção “e” incomoda muita gente, sobretudo os generalistas de plantão. Quem já ouviu falar: “não coloca vírgula antes do e”. Afirmações como essa castram o produtor do texto, pois limita sua liberdade. Aproveito para contar aqui um segredo: já fui vítima de ditadores ortodoxos.

Quando era burocrata, tive um chefe na repartição que impostava a voz e dizia: “Claiton, retire esta vírgula, porque já tem o e neste trecho”. Contudo, ele não era tão mau assim, pois sempre me dava a opção de usar a vírgula desde que eu retirasse a conjunção e. Era inadmissível usar os dois juntos. Eu – não por cristalina obediência, mas por falta de fundamentação “normativa” – sempre a retirava sem a mínima contestação. Prevalecia, então, a hierarquia.

Ufa! Hoje estou liberto da amarra da regra pela regra, ou seja, a regra como fim. Uso os sinais de pontuação como um pintor renascentista que, ao usar a variação de cores frias e quentes, obscurece os elementos secundários, e destaca os elementos mais importantes. Note que só de “raiva” usei, no período anterior, a vírgula antes da conjunção coordenativa “e” (mero recurso estilístico ou birra).

Observe que o “e” introduz uma oração coordenada sindética aditiva com sujeitos idênticos. À luz da gramática normativa não se emprega, em regra, a vírgula antes do e nas orações coordenadas sindética aditivas com sujeitos idênticos. No entanto, posso utilizá-la como recurso estilístico, ou seja, para dar ênfase à conjunção.

Gosto muito da frase notável da professora Tereza Cavalcanti: “Não podemos normatizar a estilística”. Devemos contemplar a intencionalidade do “artista”. Agora, você que fará a prova da Anvisa me pergunta: o examinador do Cespe admite, na prova objetiva, a vírgula antes do “e” introduzindo orações coordenativas aditivas. Observe o item abaixo.

(CESPE/TRE/PI/2016) A correção e a coerência do texto seriam mantidas se inserisse uma vírgula logo após o vocábulo “colônia”.

A discussão sobre a participação dos analfabetos na vida política nacional remonta aos tempos do Brasil colônia e se mantém durante a formação da sociedade brasileira e os processos de reconhecimento de direitos e de visibilidade social das diferentes parcelas sociais anteriormente excluídas do processo democrático.

Gabarito oficial: C

Comentário
Ao se empregar a vírgula imediatamente após o vocábulo “colônia”, a correção e a coerência serão preservadas. Como eu disse no texto, não se emprega, em regra, vírgula nas orações coordenadas sindéticas aditivas com sujeitos idênticos. No entanto, posso utilizá-la como recurso estilístico, ou seja, para dar ênfase à conjunção. Cuidado! Não use a regra pela regra. Neste item, o examinador contemplou o aspecto estilístico.

Até a próxima!

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