Ministério da Saúde ainda não fechou campanhas de vacinação para 2025
A pasta informou, via LAI, que a campanha de de vacinação contra a Covid-19 é contínua, sem data de início ou fim
atualizado
Compartilhar notícia
A pouco mais de uma semana para a virada do ano, o Ministério da Saúde ainda não definiu as campanhas de vacinação a serem realizadas em 2025, inclusive a da Covid-19.
Em geral, são necessários alguns meses de preparação antes de lançar uma iniciativa desse porte. Nos anos anteriores, o anúncio da iniciativa contra a Covid-19 ocorria no fim do ano: a de 2022, por exemplo, foi divulgada em outubro de 2021. Além disso, a iniciativa deste ano para prevenir a doença começou com atraso: só em maio.
A coluna apurou que havia a perspectiva de lançamento de uma campanha de imunização neste mês de dezembro – data que não é tradicional para estratégias do tipo. A iniciativa, todavia, não se concretizou.
“As datas de realização das campanhas de utilidade pública de vacinação para 2025 ainda não foram fechadas. Importante destacar que, mesmo planejadas, as campanhas podem sofrer mudanças a depender dos cenários epidemiológicos no decorrer do ano”, informou a pasta, em nota.
A coluna também questionou a pasta via Lei de Acesso à Informação (LAI). Em resposta, o ministério disse que “a estratégia de vacinação contra a Covid-19 é contínua, e não tem data de início ou término”.
Ministério da Saúde deixou vacinas vencerem e culpa falta de adesão
Como a coluna revelou em novembro, a pasta incinerou 10,9 milhões de vacinas vencidas em 2024 — e havia, à época, mais 12 milhões fora da validade em estoque. O fato desencadeou uma crise na pasta quanto à vacinação.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi amplamente cobrada devido ao quadro de escassez à época, sobretudo pela oposição. A ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) compareceu à Câmara dos Deputados em 13 de novembro para dar explicações acerca do tema.
Nísia citou desafios como “atraso na entrega de alguns dos imunizantes por laboratórios públicos e laboratórios privados, nacionais ou estrangeiros, fruto de questões do mercado internacional, de mudanças tecnológicas na produção dessas vacinas”. Segundo a ministra, não houve desabastecimento de imunizantes — o que foi refutado pelas secretarias de Saúde dos estados e do Distrito Federal, consultadas pela coluna.
“Um importante destaque em relação ao abastecimento de vacinas que todos veem no noticiário do nosso país é que hoje não há desabastecimento de vacinas no Brasil. Mantemos a oferta das 20 vacinas de rotina. São 300 milhões de doses distribuídas por ano”, afirmou.
Também houve a abertura de processo no Tribunal de Contas da União (TCU) em novembro para apurar o desperdício de imunizantes. A medida ocorreu a partir de representação impetrada pelo líder da oposição no Senado, o ex-ministro Rogério Marinho (PL-RN).
Vacinação contra a Covid-19
A vacina contra a Covid-19 entrou para o Calendário Nacional de Vacinação em 2024. Com a medida, a imunização pode ocorrer a qualquer tempo. Segundo a pasta, a aplicação é recomendada para crianças de 6 meses a 5 anos e para pessoas de 5 a 59 anos de idade dos grupos prioritários que nunca foram vacinadas.
O ministério informou à coluna ter adquirido 69 milhões de doses contra a Covid-19, com cepas atualizadas, num pregão para 2024 e para 2025. As remessas serão fracionadas conforme as demandas dos estados. O investimento total pode alcançar R$ 2,9 bilhões nesses dois anos.
“O contrato de compra prevê a entrega parcelada pelo laboratório contratado, conforme a demanda, e a possibilidade de troca pela versão mais atual aprovada pela Anvisa”, informou.
Crise na vacinação
Desinformação, baixa percepção de risco de doenças, medo de efeitos colaterais e dificuldade de acesso a postos de saúde ajudam a explicar a vacinação aquém do esperado no Brasil, segundo especialistas. Além deles, a falta de oferta de imunizantes também se inclui entre os fatores para as taxas de cobertura estipuladas pelo ministério não alcançarem a meta, que varia de 90% a 95%.
Desde 2016, o Brasil registra queda nas taxas de vacinação contra meningite e HPV, por exemplo, entre outros imunizantes. Os valores, porém, foram parcialmente revertidos e aumentaram em 2023.