PM de Rondônia paga salário de militar foragido por tráfico de drogas
Policial militar Roberte Aguiar foi condenado a 13 anos de prisão por tráfico de drogas e está foragido há um ano
atualizado
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A Polícia Militar de Rondônia (PMRO) paga há um ano o salário de um cabo condenado por tráfico de drogas mesmo ele estando foragido da Justiça. Com remuneração de R$ 6.195,79, o PM Roberte Paulo Aguiar Souza (à direita na foto em destaque) é acusado pela Polícia Federal (PF) de integrar organização criminosa que enviava drogas ao Comando Vermelho (CV).
Cabo Aguiar, como é conhecido, foi preso pela primeira vez em janeiro de 2023, na cidade de Vilhena (RO), transportando 508 kg de cocaína em uma caminhonete. Ele estava acompanhado de outro militar, Gedeon Rocha de Almeida, o sargento G. Rocha, que também foi levado para a prisão.
Dez meses depois, em 31 de outubro de 2023, Aguiar fugiu do Centro de Correição da Polícia Militar, em Porto Velho, e nunca mais foi encontrado. Desde então, o governo de Roraima desembolsou R$ 87 mil em remuneração e benefícios para o policial militar. O dado foi compilado pela coluna no Portal da Transparência do estado.
Atualmente, Aguiar tem dois mandados de prisão em aberto. O primeiro deles foi emitido em 6 de novembro de 2023, pela 2ª Vara Criminal da Comarca de Vilhena, do TJRO, em razão da sua fuga.
O outro foi expedido pela 2ª Vara de Delitos de Tóxicos de Porto Velho no último dia 7 de novembro. Cabo Aguiar teve a prisão decretada novamente no âmbito da Operação Puritas, da Polícia Federal, que investiga organização criminosa de tráfico de drogas interestadual formada por policiais militares (PMs) e policiais rodoviários federais (PRFs).
A coluna procurou a Polícia Militar de Rondônia e a Secretaria de Estado da Segurança, Defesa e Cidadania diversas vezes por e-mail para comentar o caso, mas não obteve retorno.
Elos do militar com o traficante Heliomar
Cabo Aguiar fugiu do Complexo de Correição da Polícia Militar de Rondônia, onde estava preso, no mesmo dia em que ele e o sargento G. Rocha foram condenados em primeira instância a 21 anos e 8 meses de prisão por tráfico de droga (mais tarde, a pena foi reduzida para 13 anos de prisão).
Após a fuga, a PF identificou que Aguiar ficou abrigado na fazenda do traficante José Heliomar de Souza, o Léo, no distrito de Jaci-Paraná, ao norte da capital de Rondônia.
José Heliomar é apontado pela PF como mentor intelectual, coordenador e líder da organização criminosa. O traficante era responsável por cooptar PMs e PRFs para transportar toneladas de cocaína pelo país, principalmente para o Comando Vermelho, no Ceará.
Quando foi preso pela primeira vez, em janeiro de 2023, Aguiar portava uma pistola que estava registrada em nome de Heliomar, reforçando o elo com o traficante.
A partir dessa prova e dos relatos dos dois policiais à época, o investigadores identificaram a ligação dos agentes da segurança pública com o líder da organização criminosa, chegando, mais tarde, também aos policiais rodoviários federais Raphael Ângelo e Diego Dias Duarte.
Todos eles, incluindo Heliomar, foram alvo de mandado de prisão da Polícia Federal no âmbito da Operação Puritas, deflagrada em 7 de novembro.