Paulo Generoso, o influenciador que conversava com Mauro Cid
Ex-ajudante de Ordens mantinha contato com influenciadores digitais que realizavam lives nos acampamentos golpistas, como Paulo Generoso
atualizado
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Influenciadores digitais aderiram ao “intento golpista” e disseminavam narrativas para “a consumação do golpe de Estado”, diz a Polícia Federal (PF) em inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado. Um deles é Paulo Generoso, que trocava mensagens com o ex-ajudante de Ordens do governo Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.
Foi Paulo Generoso quem deu o primeiro passo. O influenciador entrou em contato com Cid em novembro de 2022 para deixar o próprio contato telefônico.
Em seguida, veio uma proposta. “Se a gente tivesse um 7 de setembro em Brasília daria para reverter a posição dos generais e o presidente se animaria?”, escreveu Paulo Generoso. “O problema não é a quantidade de gente…”, respondeu Cid.
O influenciador bolsonarista avisa o ex-ajudante de Ordens em 1° de dezembro de 2022 sobre uma postagem para pressionar generais a aderir à “ruptura institucional”, que representaria a prisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A publicação foi apagada.
“Povo vai concentrar na frente do Alvorada agora”, avisa Paulo Generoso em outra mensagem. Os prints não mostram resposta.
Já em 9 de dezembro, dia do primeiro discurso pós-eleições do então presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada, Paulo Generoso passa a imagem de que os manifestantes estariam animados. “Vocês botaram fogo no arraial. Povo animadíssimo”, escreveu a Cid.
Leia as mensagens entre Paulo Generoso e Mauro Cid:
Segundo a corporação, os influenciadores tiveram participação ativa no acampamento em frente ao Quartel-General (QG) do Exército, em Brasília. Em dezembro de 2022, Paulo Generoso tinha 98 mil seguidores no X, ex-Twitter.
Para a PF, houve articulação entre militares e manifestantes. “As trocas de mensagens evidenciam novamente uma articulação entre integrantes do governo e manifestantes, especialmente no sentido de pressionar o comando do Exército a aderir ao golpe de Estado”, diz o inquérito.
Moraes derruba sigilo da PF e encaminha relatório à PGR
O ministro do STF Alexandre de Moraes derrubou o sigilo do relatório final da Polícia Federal que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Moraes enviou ainda os documentos à Procuradoria-Geral da República (PGR), atualmente comandada por Paulo Gonet.
No total, a PF indiciou 37 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Entre os indiciados estão: o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL); os ex-ministros Walter Braga Netto e Augusto Heleno; o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid; além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
A PGR analisará as provas apresentadas pela PF e, a partir de então, pode decidir se apresenta denúncia ou não contra os investigados. O parecer será direcionado ao ministro Moraes. Caso seja oferecida denúncia, os 37 indiciados se tornam réus.
O que a PF descobriu?
A PF descobriu uma trama golpista visando impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do vice dele, Geraldo Alckmin (PSB), ao término das eleições presidenciais de 2022, quando o então presidente Jair Bolsonaro (PL) perdeu o pleito.
O plano previa, inclusive, o assassinato de Lula, Alckmim e Moraes. A partir da quebra de sigilo telefônico e telemático de aparelhos celulares e computadores, a PF encontrou áudios e conversas em que os investigados tramam o golpe de Estado.
PF dividiu em seis núcleos os indiciados de golpe de Estado
As investigações da PF apontam que os 37 indiciados “se estruturaram por meio de divisão de tarefas”, o que resultou nos seguintes grupos:
a) Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
Integrantes: Mauro Cesar Barbosa Cid, Anderson Torres, Angelo Martins Denicoli, Fernando Cerimedo, Eder Lindsay Magalhães Balbino, Hélio Ferreira Lima, Guilherme Marques Almeida, Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros e Tércio Arnaud Tomaz.
b) Núcleo Responsável por Incitar Militares a Aderirem ao Golpe de Estado;
Integrantes: Walter Souza Braga Netto, Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, Ailton Gonçalves Moraes Barros, Bernardo Romão Correa Neto e Mauro Cesar Barbosa Cid.
c) Núcleo Jurídico;
Integrantes: Filipe Garcia Martins Pereira, Anderson Gustavo Torres, Amauri Feres Saad, Jose Eduardo de Oliveira E Silva e Mauro Cesar Barbosa Cid.
d) Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
Integrantes: Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, Bernardo Romão Correa Neto, Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins De Oliveira, Alex de Araújo Rodrigues e Cleverson Ney Magalhães.
e) Núcleo de Inteligência Paralela;
Integrantes: Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Marcelo Costa Camara e Mauro Cesar Barbosa Cid.
f) Núcleo de Oficiais de Alta Patente com Influência e Apoio a Outros Núcleos
Integrantes: Walter Souza Braga Netto, Almir Garnier Santos, Mario Fernandes, Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, Laércio Vergílio e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.