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PL tinha parecer que negava fraude nas urnas, mas o omitiu, diz PF

Segundo a PF, Bolsonaro, Valdemar Costa Neto e dono do Instituto Voto Legal agiram de forma “dolosa” ao questionar resultado das eleições

atualizado

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Carlos Rocha, Bolsonaro e Valdemar Costa Neto
1 de 1 Carlos Rocha, Bolsonaro e Valdemar Costa Neto - Foto: Reprodução/Arte Metrópoles

Comandado por Valdemar Costa Neto, o Partido Liberal (PL) tinha em mãos um parecer técnico que negava fraude nas urnas eletrônicas, mas, mesmo assim, decidiu contestar na Justiça Eleitoral o resultado do segundo turno das eleições em 2022, quando o então presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) não se reelegeu.

O parecer técnico foi produzido pela Gaio Innotech Ltda, do empresário e estatístico Éder Lindsay Magalhães Balbino – chamado de “o gênio de Uberlândia” por Valdemar.

A empresa de Éder Balbino foi terceirizada pelo Instituto Voto Legal (IVL), que, por sua vez, foi contratado por R$ 1,5 milhão diretamente pelo PL para fazer o estudo que questionasse as urnas eletrônicas brasileiras.

No entanto, o presidente do IVL, Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, decidiu esconder as informações levantadas por Éder Balbino e manipular o relatório final apresentado pelo PL na Justiça Eleitoral para, assim, sustentar a tese de fraude.

Segundo a Polícia Federal, tanto Carlos Rocha, quanto Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro (foto em destaque) agiram “de forma dolosa” ao insistirem “na contestação formal do resultado das eleições perante o TSE”. “Os investigados, mesmo cientes da chance remota de êxito, adotaram a referida estratégia com a finalidade de servir de fundamento para a tentativa de golpe de Estado, que estava em curso”.

Essa é uma das conclusões que constam no relatório final da PF, que indiciou 37 pessoas, incluindo Valdemar, Bolsonaro e Carlos Rocha, pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. O sigilo do relatório foi derrubado na última quarta-feira (26/11) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

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Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL
Fernando Cerimedo, indiciado pela PF por disseminar informações falsas sobre o processo eleitoral brasileiro
Ex-presidente Jair Bolsonaro foi indiciado pela PF
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Carlos Cesar Moretzsohn Rocha desenvolveu urnas para o TSE e foi indiciado com o ex-presidente Jair Bolsonaro

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Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL

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Fernando Cerimedo, indiciado pela PF por disseminar informações falsas sobre o processo eleitoral brasileiro

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Ex-presidente Jair Bolsonaro foi indiciado pela PF

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PL questionou resultado das urnas em 2022

Em 22 de novembro de 2022, o PL apresentou a “Representação Eleitoral para Verificação Extraordinária” junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com objetivo de anular os votos do pleito.

À época, Valdemar Costa Neto e o presidente do IVL fizeram uma coletiva de imprensa. O então presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, rejeitou o pedido e multou o partido de Bolsonaro em quase R$ 23 milhões por litigância de má-fé.

Carlos Rocha recebeu R$ 1,5 milhões do PL

O PL repassou R$ 1,5 milhão ao Instituto Voto Legal entre os anos de 2022 e 2023. O que a PF descobriu é que o IVL contratou por R$ 13 mil a empresa Eder Balbino para analisar os dados das urnas.

Contrato de R$ 13 mil do IVL com empresa que analisou dados das urnas
Contrato de R$ 13 mil do IVL com empresa que analisou dados das urnas eletrônicas

Segundo a PF, Carlos Rocha do IVL difundiu informações “diametralmente opostas ao entendimento” de Éder Balbino, daquilo que seria “a verdade factual”. O estatístico mineiro não concordava com o relatório e “rechaçava as hipóteses de fraude” nas eleições de 2022 defendidas por Carlos Rocha, Bolsonaro e Valdemar Costa Neto.

“Ou seja, mesmo com expressa recomendação do representante da empresa Gaio Innotech de retificação de trechos do relatório produzido pelo IVL, que embasou a representação do Partido Liberal, a retificação não só não foi efetuada, mas também Carlos Rocha fez declarações, em coletiva de imprensa do PL, difundindo aquilo que já se sabia falso”, destacou a Polícia Federal.

Éder Balbino não foi indiciado pela PF, mesmo tendo sido foi alvo de operação da corporação em fevereiro deste ano. Naquela ocasião, ele prestou depoimento e deu detalhes sobre o trabalho que exercia para o IVL.

Balbino disse aos investigadores que não acreditava existir qualquer tipo de fraude nas urnas eletrônicas brasileiras, nem nas eleições de 2022.

Trecho do depoimento de Éder Balbino
Trecho do depoimento de Éder Balbino

Demanda direta de Valdemar

Valdemar Costa Neto, segundo a PF, demandava diretamente os prestadores de serviço para buscarem indícios de fraudes nas eleições. Nesse sentido, o presidente do PL chegou a mandar dados de urnas do segundo turno das eleições para Carlos Rocha e Éder perguntando se eles conseguiam alguma coisa

“As trocas de mensagens evidenciam que Valdemar gerou demandas diretamente para Éder e que o objeto das conversas e trocas de mensagens são relacionadas às buscas por indícios de fraudes nas eleições, confirmando a atuação direta de Valdemar na propagação de informações falsas sobre as urnas eletrônicas”.

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Valdemar Costa Neto demanda empresa contratada para tentar encontrar fraude na urna
Carlos Rocha durante conversar com Éder
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Valdemar Costa Neto demanda empresa contratada para tentar encontrar fraude na urna

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Valdemar Costa Neto demanda empresa contratada para tentar encontrar fraude na urna

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Carlos Rocha durante conversar com Éder

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Segundo a PF, Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto tinham conhecimento que o PL e o IVL abasteciam influenciadores digitais com informações falsas sobre as urnas eletrônicas e o processo eleitoral brasileiro.

Entre os influenciadores que eram municiados com informações falsas, estão o empresário e marqueteiro argentino, Fernando Cerimedo, que fez uma live em novembro de 2022 atacando o sistema eleitoral do Brasil. Ele também foi indiciado pela PF. Cerimedo é o mesmo estrategista da campanha vitoriosa de Javier Milei nas eleições de 2023.

O que a PF descobriu

A PF descobriu uma trama golpista visando impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do vice dele, Geraldo Alckmin (PSB), ao término das eleições presidenciais de 2022, quando o então presidente Jair Bolsonaro (PL) perdeu o pleito.

O plano previa, inclusive, o assassinato de Lula, Alckmim e Moraes. A partir da quebra de sigilo telefônico e telemático de aparelhos celulares e computadores, a PF encontrou áudios e conversas em que os investigados tramam o golpe de Estado.

PF dividiu em seis núcleos os indiciados de golpe de Estado

As investigações da PF apontam que os 37 indiciados “se estruturaram por meio de divisão de tarefas”, o que resultou nos seguintes grupos:

a) Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
Integrantes: Mauro Cesar Barbosa Cid, Anderson Torres, Angelo Martins Denicoli, Fernando Cerimedo, Eder Lindsay Magalhães Balbino, Hélio Ferreira Lima, Guilherme Marques Almeida, Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros e Tércio Arnaud Tomaz.

b) Núcleo Responsável por Incitar Militares a Aderirem ao Golpe de Estado;
Integrantes: Walter Souza Braga Netto, Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, Ailton Gonçalves Moraes Barros, Bernardo Romão Correa Neto e Mauro Cesar Barbosa Cid.

c) Núcleo Jurídico;
Integrantes: Filipe Garcia Martins Pereira, Anderson Gustavo Torres, Amauri Feres Saad, Jose Eduardo de Oliveira E Silva e Mauro Cesar Barbosa Cid.

d) Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
Integrantes: Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, Bernardo Romão Correa Neto, Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins De Oliveira, Alex de Araújo Rodrigues e Cleverson Ney Magalhães.

e) Núcleo de Inteligência Paralela;
Integrantes: Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Marcelo Costa Camara e Mauro Cesar Barbosa Cid.

f) Núcleo de Oficiais de Alta Patente com Influência e Apoio a Outros Núcleos
Integrantes: Walter Souza Braga Netto, Almir Garnier Santos, Mario Fernandes, Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, Laércio Vergílio e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.

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