metropoles.com

MP pede que TCU investigue coquetel de procuradores em palácio no RJ

Subprocurador-geral Lucas Furtado vê indícios de imoralidade em evento de procuradores patrocinado por bancos privados e grandes empresas

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Reprodução/ Marinha
Palácio na Ilha Fiscal, na Baia da Guanabara
1 de 1 Palácio na Ilha Fiscal, na Baia da Guanabara - Foto: Reprodução/ Marinha

O Ministério Público pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU) para investigar um coquetel, com a participação de juízes, procuradores e promotores, em um congresso patrocinado por bancos privados, grandes empresas e entidades com processos judiciais. Conforme revelou a coluna, a confraternização ocorreu no domingo (27/10) em um palácio na Ilha Fiscal, na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro.

Quem assina a representação é o subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado. No documento, ele coloca em dúvida a moralidade e a imparcialidade dos agentes públicos que participaram do evento.

“A independência e imparcialidade para o exercício das funções daqueles que tomarem parte no evento ficará comprometida ante o patrocínio promovido por bancos privados, grandes empresas e entidades com processos judiciais? A conduta acima descrita norteia-se pelos princípios da transparência, diligência, integridade profissional e pessoal, dignidade, honra e decoro?”, indaga o subprocurador.

O evento foi organizado pelo Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais (CNPG), pela Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp) e pelo Instituto Roberto Lyra. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) também ajuda na realização.

4 imagens
Palácio na Ilha Fiscal, na Baia da Guanabara
Palácio na Ilha Fiscal, na Baia da Guanabara
Palácio na Ilha Fiscal, na Baia da Guanabara
1 de 4

Palácio na Ilha Fiscal, na Baia da Guanabara

Reprodução/ Marinha
2 de 4

Palácio na Ilha Fiscal, na Baia da Guanabara

Reprodução/ Marinha
3 de 4

Palácio na Ilha Fiscal, na Baia da Guanabara

Reprodução/ Marinha
4 de 4

Palácio na Ilha Fiscal, na Baia da Guanabara

Reprodução/ Marinha

 

Os participantes do coquetel deveriam vestir traje esportivo, conforme convite enviado pelo procurador Jarbas Filho, presidente do CNPG, a autoridades. Na etiqueta de cerimônias, trata-se de roupas mais casuais e leves do que os tradicionais ternos e gravatas. A confraternização contou com apresentação do cantor e compositor Toni Garrido, do grupo Cidade Negra.

Na representação, Furtado questionou ainda o que chamou de “má reputação” e “condutas atentatórias à moralidade”.

“A reputação das instituições e de seus membros é avaliada segundo os seus atos e não conforme suas palavras. O evento em tela estimula, a julgar pelo incentivo à informalidade traduzida nos trajes sugeridos, proximidade e intimidade excessivas e desnecessárias entre os participantes, contrária ao prudente distanciamento que devem guardar aqueles que zelam pela distribuição da justiça de forma equilibrada, equidistante e isonômica”.

Ingressos e patrocinadores

O evento, de três dias, começou no domingo com a confraternização e está previsto para terminar nesta terça-feira (29/10). O evento contou com palestras de magistrados e procuradores. Tanto na segunda quanto na terça, os painéis aconteceram no auditório da FGV. O ingresso foi vendido por até R$ 1 mil.

Entre os patrocinadores estão instituições financeiras, como o Banco Master e o Banco BMG, e grandes empresas, como a construtora MRV Engenharia; a Rede Ipiranga, de postos de gasolina; e a Aegea, referência no setor privado de saneamento básico. Soma-se, ainda, à lista de patrocinadores: Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), Sindiextra, Multiplan (shoppings), Sebrae, Firjan, Instituto Combustível Legal, Grupo TechBiz e Prefeitura do Rio de Janeiro.

O que dizem os organizadores

A coluna perguntou à Conamp qual o valor total do evento e se os organizadores irão pagar transporte, hospedagem e alimentação dos convidados, mas a associação não respondeu – apesar de afirmar que as iniciativas são conduzidas de forma transparente.

“A participação dos associados e o financiamento de suas iniciativas são conduzidos de forma transparente, garantindo a independência funcional dos membros e respeitando a autonomia da entidade”, explicou a entidade.

“As atividades da Conamp são planejadas e realizadas com rigorosa observância das normas legais e dos princípios éticos que orientam a atuação dos membros da instituição”, acrescentou a associação.

Neste ano, o tema do congresso será “A era digital e os desafios da Justiça e do Ministério Público”. “A programação inclui palestras e debates com membros do Supremo Tribunal Federal (STF), do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do Ministério Público e especialistas em tecnologia, promovendo discussões sobre questões técnicas e acadêmicas relevantes para o Ministério Público e a sociedade”, reforçou a associação.

A coluna não conseguiu contato com o CNPG.

A programação do congresso contou com palestras dos ministros Luiz Fux (STF), João Otávio Noronha (STJ), Mauro Campbell (STJ), Rogério Schietti (STJ) e Benedito Gonçalves (STJ), do secretário Mário Sarrubbo (MJSP) e do presidente da OAB, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, além de membros de tribunais e de Ministérios Públicos.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?