Leia a denúncia de funcionária contra assédio sexual de diplomata
Jovem de 23 anos contou detalhes de assédio sexual que sofreu do diplomata Rubem Mendes de Oliveira dentro da Embaixada do Brasil no Egito
atualizado
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A jovem de 25 anos que foi vítima de assédio sexual do diplomata brasileiro Rubem Mendes de Oliveira, hoje com 60 anos, escreveu uma carta-denúncia com detalhes do ocorrido.
A mulher encerrava seu expediente na Embaixada do Brasil em Cairo quando foi beijada na boca, sem seu consentimento, pelo diplomata. Logo após o ato, Rubem ainda disse: “Desse jeito, eu nunca vou te esquecer” (na versão dele, afirmou que “se lembraria sempre do seu belo sorriso”). O assédio sexual ocorreu em fevereiro de 2022, na própria embaixada. O caso foi revelado pela coluna nesta quarta-feira (22/10).
Na denúncia, a jovem relatou ter ficado constrangida e que passou ao menos duas semanas chorando, sem saber o que fazer. Ela conta detalhes do dia do assédio e como isso afetou seu trabalho na embaixada e sua vida pessoal. A mulher resolveu denunciá-lo para evitar que outras pessoas passem pela mesma situação que ela passou.
Leia a íntegra da carta na versão original (em inglês) e na versão traduzida:
Carta denúncia Itamaraty – original by Arte Metrópoles on Scribd
Carta de Denúncia (Traduzida) by Arte Metrópoles
Rubem confessou ter beijado a boca da jovem e pediu desculpas. O Itamaraty confirmou, no termo de indiciamento, se tratar de um caso de assédio sexual e pontuou que isso não é aceito em qualquer lugar do mundo, mas não demitiu o servidor.
O diplomata foi punido a 40 dias de suspensão. A punição, contudo, foi convertida em multa.
Atualmente Rubem trabalha na Embaixada do Brasil em Berna, na Suíça. Em agosto, o diplomata foi designado chefe do Setor de Promoção Comercial (Secom) e de Ciência, Tecnologia e Inovação (Sectec) da missão diplomática. A nova função lhe garante rendimentos extras. Ele tem um salário de quase R$ 100 mil.
O que diz o Itamaraty
Procurado, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que a ocupação dos cargos de chefia pelo diplomata não se relaciona a promoção. “As funções que ocupou e que ocupa atualmente são funções compatíveis com o seu nível hierárquico. O referido servidor é conselheiro da carreira de diplomata desde 2014, não tendo recebido nenhuma promoção no âmbito da carreira desde então”, esclareceu.
O ministério explicou ainda que a chefia de setores é “fato corriqueiro para diplomatas no exterior, não sendo incomum, em postos pequenos e médios, que um diplomata chefie um ou mais setores, tendo em vista a necessidade de distribuir as tarefas entre um número relativamente restrito de diplomatas”.
“O servidor foi responsabilizado e devidamente penalizado por suas condutas, e os objetivos da atividade disciplinar parecem ter sido alcançados”, acrescentou.
Rubem foi procurado por e-mail, mas não retornou. O advogado dele disse que não iria se manifestar.