Homem se passa por major da FAB para alugar apartamento à beira-mar
Coluna já havia revelado que homem se passou por major da FAB para conseguir atendimento rápido em hospital militar
atualizado
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O agente de turismo de 58 anos que foi condenado por usar uniforme da Força Aérea Brasileira (FAB) para entrar em um hospital militar e supostamente agilizar o atendimento médico, como revelado pela coluna, também se passou por oficial da Aeronáutica para alugar um apartamento no bairro de Boa Viagem, em Recife (PE), em dezembro de 2020. O imóvel fica a 130 metros da praia.
Por mais de uma vez, Geraldo Júnior Vaz Luz fez usos de uniforme e de documento falso. Em processo obtido pela coluna, o homem disse à dona do imóvel que iria se transferir para a capital de Pernambuco e queria alugá-lo junto à mãe, então pensionista da FAB e única a apresentar contracheque. O agente de turismo informou que usaria a carta-fiança, que funciona como fiadora de um contrato, da Aeronáutica.
Só que o documento era falso, assim como a identidade militar apresentada. De acordo com a denúncia, Luz chegou trajado com o uniforme e a insígnia de major da FAB no primeiro dia de locação.
“Foi constatado por este Encarregado, no transcorrer das investigações, que a cópia da suposta identidade militar fornecida pelo Sr. Geraldo indica características de falsificação, pois está apresentada na cor castanha, cor própria da identificação de graduados, além disso, o quadro e especialidade apostos (QO At CEA) não pertencem ao quadro e especialidade da FAB. Como os dados do suposto militar foi utilizado para confecção da carta-fiança, torna-se este documento considerado também como falso”, diz trecho do inquérito obtido pela coluna.
Mãe e filho viveram no imóvel, alugado via imobiliária, de janeiro de 2021 a março de 2022, até que o abandonaram sem aviso prévio e sem pagar o aluguel. O prejuízo seria de R$ 4.549,11.
Procurado por telefone, Luz – filho de um suboficial da FAB, morto há anos – disse à época que havia sido vítima de fraude que comprometeu as finanças dele. A situação teria piorado com o estado crítico de saúde da mãe, hospitalizada no Hospital de Força Aérea do Galeão (HFAG) para tratamento cardiológico.
Foi então que a dona do apartamento acionou a FAB para reaver o dinheiro e tomar as providências cabíveis. Ela e o marido, um coronel aviador veterano, descobriram a farsa quando a Aeronáutica confirmou que o documento era falsificado.
O Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar o caso foi instaurado em 17 de agosto de 2022. A FAB enquadrou a conduta nos artigos 172 (uso indevido de uniforme) e 311 (falsificar documento público ou particular) do Código Penal Militar (CPM).
O Ministério Público Militar (MPM) sustentou pela incompetência da Justiça Militar da União para julgar os crimes de estelionato e de uso de documento falso em favor da Justiça comum. A 19ª Vara Criminal da Capital do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) arquivou o processo provisoriamente enquanto tramita entre a delegacia e o Ministério Público.
Relembre o caso do falso major da FAB
Como a coluna mostrou no último dia 12, o Superior Tribunal Militar (STM) condenou Geraldo a 30 dias de reclusão por fingir ser major da FAB para entrar no Hospital da Força Aérea em São Paulo e ser atendido emergencialmente. Ele alegou, porém, que buscava acelerar o atendimento médico da mãe, internada na mesma unidade hospitalar.
Vestido com o uniforme e a insígnia de major da FAB que supostamente teriam sido adquiridos em um bar próximo à residência dele, o homem entrou na emergência da unidade na manhã de 7 de junho de 2023. Inicialmente, ele relatou que estava com uma dor no ombro.
No atendimento, contudo, a enfermeira desconfiou da farsa, que foi descoberta por um superior.