Empresário de esquema em prefeitura de GO sacou R$ 145 mil, diz Coaf
Dione Rodrigues de Souza é dono de empresas acusadas de serem beneficiadas em licitações de Cidade Ocidental (GO)
atualizado
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Um dos empresários acusados de fraudar licitações na prefeitura de Cidade Ocidental (GO) sacou R$ 145 mil de uma só vez em 2022, segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A Polícia Federal (PF) suspeita que o dinheiro em espécie tenha sido usado para pagar os agentes públicos envolvidos no esquema.
Dione Rodrigues de Souza (foto em destaque), autor dos saques, foi alvo de busca e apreensão no âmbito da Operação Ypervoli, deflagrada no início deste mês pela PF em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU). O prefeito de Cidade Ocidental, Fábio Correa (PP), também é investigado por envolvimento no esquema. A coluna teve acesso ao inquérito da Polícia Federal.
Dione é sócio-proprietário da Rydoc Comércio e Representações e Codyr Representações Comerciais em Produtos de Informática. As duas empresas somam R$ 17 milhões em contratos sob suspeita com a prefeitura.
A PF aponta que o dinheiro sacado pelo empresário coincide com a movimentação financeira dos agentes públicos envolvidos no esquema criminoso. Ao mesmo tempo em que Dione sacou R$ 145 mil na boca do caixa, funcionários da prefeitura compraram bens em dinheiro vivo e realizaram depósitos de valores vultuosos.
O secretário de Educação e Cultura, Anderson Luciano, por exemplo, comprou veículos (um Tiggo 8, uma Amarok e uma motocicleta Yamaha MT-09) que, juntos, custam R$ 366 mil. O salário líquido dele, contudo, era de R$ 9,6 mil. É ele quem assina os contratos superfaturados e que, segundo a PF, foram originados de licitações fraudadas.
Já o supervisor escolar Rafael Lima, também da Secretaria de Educação, adquiriu um veículo da marca Mercedes-Bens, avaliado em R$ 148,7 mil, e realizou três depósitos na própria conta que somam R$ 138,4 mil, apesar de possuir um salário de R$ 6,7 mil. A situação corrobora com a tese de enriquecimento ilícito, segundo a PF. Rafael é apontado como o responsável por “coletar” a propina.
“A pessoa [Rafael] apontada como responsável por coletar propina aparece, exatamente, realizando depósitos, ou seja, ela chegou ao banco transportando grande quantia de valores em espécie”, diz o inquérito.
O que dizem os investigados
Procurado, Dione Rodrigues de Souza não respondeu aos questionamentos da coluna.
A prefeitura de Cidade Ocidental informou que o inquérito está em segredo de justiça e que, portanto, não tem acesso às informações. Em relação ao prefeito Fábio Correa, ele segue afastado e “respondendo perante a justiça, colaborando com as investigações”.
A Secretaria Municipal de Educação e Cultura explicou que Anderson Luciano e Rafael Lima foram exonerados do cargo, respectivamente, nos dias 5 de junho e 5 de setembro. No caso de Rafael, a demissão aconteceu um dia após a operação da PF.
Por fim, a pasta ressaltou que “sempre pautou seus atos administrativos pelo estrito cumprimento à legalidade e transparência, e permanece à disposição das autoridades, colaborando em busca da verdade e esclarecimentos dos fatos e deslinde processual”.
A coluna procurou diretamente Anderson e Rafael. O espaço segue aberto.