Senador faz Ctrl C + Ctrl V para investigar 96% das bets regulares
Senador bolsonarista Marcos Rogério poupou quatro bets autorizadas pelo Ministério da Fazenda
atualizado
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O senador Marcos Rogério (PL-RO) pediu a quebra de sigilo fiscal e bancário de 97 das 101 bets que operam regularmente no país, com o aval da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda. Os pedidos de requerimentos são genéricos e idênticos, mudando apenas o nome da empresa e o CNPJ de um para o outro.
O parlamentar deixou quatro empresas de fora do pedido de investigação: AF Tecnologia e Soluções Financeiras Ltda (Aposta365); B3T4 International Group Ltda (Bet4); Hilgardo Gaming Ltda (A247) e Stake Brazil Ltda (Stake).
Marcos Rogério também poupou as mais de 5 mil empresas que operam irregularmente no país. Procurado pela coluna para explicar o critério adotado, o senador não respondeu.
Os 97 requerimentos, um para cada empresa, foram apresentados no último dia 5/12 na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets do Senado e devem ser analisados na próxima sessão.
Na prática, o senador pede que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) encaminhe Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) à Comissão com “informações consistentes” sobre as bets, no período de 1º de janeiro de 2020 a 10 de dezembro deste ano.
Marcos Rogério fez CTRL C + CTRL V e copiou até erro de português
Com 14 páginas cada documento, os 97 requerimentos têm a mesma formatação, mudando apenas o nome e o CNPJ da bet a ser investigada. Os textos, inclusive, apresentam os mesmos erros de digitação e de português.
Na justificativa do pedido de requerimento, Marcos Rogério afirma que os pedidos tem a finalidade “de que melhor se compreendam as eventuais dinâmicas relacionais entre todos os envolvidos, inclusive para [sic] esta comissão possa apurar irregularidades e ilicitudes relacionadas a exploração indevida de serviço público, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, etc”.
Senador deixa de fora bets ilegais
Nenhum dos requerimentos apresentados pelo senador tem como foco as bets que operam ilegalmente no Brasil. O Ministério da Fazenda pediu à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em 19/11, o bloqueio de 5.200 sites que funcionam de maneira ilegal no país.
Marcos Rogério também deixou de fora dos requerimentos às empresas que driblaram o Ministério da Fazenda e se credenciaram, exclusivamente, pelas loterias estaduais.
Procurado, o senador também não se manifestou sobre isso.