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Vídeo: um pastor em dois tempos, do petismo ao bolsonarismo

Líder da Assembleia de Deus que agora pede votos para Bolsonaro era enfático defensor de Dilma Rousseff

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José Cruz/ABr
Em julho de 2010, a candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff, cumprimenta o pastor Manoel Ferreira em evento em que igrejas evangélicas declararam apoio à petista
1 de 1 Em julho de 2010, a candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff, cumprimenta o pastor Manoel Ferreira em evento em que igrejas evangélicas declararam apoio à petista - Foto: José Cruz/ABr

Na corrida por votos neste segundo turno, a campanha do presidente Jair Bolsonaro tem procurado reforçar a relação com o público evangélico.

Na terça-feira, o presidente foi recebido em São Paulo pelo pastor Manoel Ferreira, líder máximo das Assembleias de Deus Ministério de Madureira. Na ocasião, o pastor, que já foi deputado federal, pediu votos para Bolsonaro.

A pregação eleitoral, diante de um número grande de fiéis, é reveladora de como as alianças na política brasileira são circunstanciais.

Não faz muito tempo, o mesmo Manoel Ferreira pedia votos para Dilma Rousseff. Em 2010, a petista, ex-ministra de Lula, havia sido ungida candidata ao Planalto pelo então presidente da República, que se preparava para concluir seu segundo mandato.

Em um vídeo disseminado entre o público evangélico, Manoel Ferreira pediu que líderes religiosos como ele agissem para “desmistificar” informações sobre Dilma.

Na ocasião, ele disse que a então candidata petista — que se sagraria vencedora — era contra o aborto. E pediu que as lideranças evangélicas não apenas dessem a ela seus votos, mas também convencessem amigos e familiares a apoiá-la (veja vídeo abaixo com os discursos de agora e de antes).

“Que em 3 de outubro possamos consolidar essa grande vitória não só da ministra Dilma, mas vitória do Brasil, de todos nós, de um governo que está dando certo, que tem respeitado a convicção de cada cidadão neste país”, pregou.

Em outra gravação, de 2014, o pastor que agora apoia Bolsonaro também estava do outro lado. Àquela altura, ele declarou apoio à reeleição de Dilma e criticou a atuação de Marina Silva, que também disputava a Presidência.

Manoel Ferreira elogiou a então candidata petista e afirmou que ela precisava de mais tempo para governar: “Ela (Dilma) precisa mais do que nunca desse outro mandato para concluir essas obras e avançar em projetos de Brasil. Estou muito satisfeito com o governo Dilma”.

Pouco mudou desde então na política brasileira. Mas o pastor, de repente, parece ter mudado de ideia em relação ao PT. Na terça, no culto com Bolsonaro em São Paulo, ele afirmou:

“Quero dizer a vocês que hoje nós estamos iniciando esta grande caminhada nesses dias que ainda antecedem o pleito (…) Nós contamos com o trabalho, com a luta, com o voto e com toda a disposição que você puder fazer no estado de São Paulo. Quero agradecer ao bispo Samuel Ferreira, meu filho que teve (ininteligível) pela realização desta reunião que está antecedendo essa nossa caminhada rumo à vitória, em nome de Jesus.”

O discurso, como se vê, é quase o mesmo de antes. Só o lado que mudou — radicalmente, aliás. Ao menos publicamente, o pastor não explica aos fiéis as razões da guinada.

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