STF diz que espião russo seguirá preso
No processo de extradição que corre na Suprema Corte há uma decisão do ministro Fachin garantindo que Sergey Cherkasov continue na prisão
atualizado
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Em razão de uma decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, o espião russo Sergey Cherkasov deverá seguir preso na penitenciária de segurança máxima de Brasília.
Embora o Tribunal Regional Federal da 3ª Região, com sede em São Paulo, tenha decidido nesta semana reduzir de 15 para 5 anos a condenação de Cherkasov por uso de documentos falsos, como a coluna informou nesta quinta, no processo de extradição que corre no STF há uma decisão de Fachin que, na prática, garante que o espião siga preso até o desfecho final do caso.
É como se fosse uma segunda ordem de prisão, esta provisória, assinada pelo ministro do Supremo. Nesse caso, só o próprio Fachin pode revogá-la. A Corte informou que, em razão disso, o espião seguirá preso.
A decisão permitirá que o espião siga onde está, sob máxima proteção em uma ala especial da penitenciária de Brasília, o que tranquiliza os investigadores encarregados do caso. Eles temiam que, transferido para o regime semiaberto por causa do veredicto do TRF-3, Cherkasov escapasse — diziam ser reais as possibilidades de uma operação de inteligência para resgatá-lo e levá-lo de volta para a Rússia.
O processo de extradição que corre no STF tem origem em um pedido da Rússia, que sustenta nos autos que Sergey Cherkasov é um criminoso comum condenado em território russo – um argumento que as autoridades brasileiras já sabem ser falso. Trata-se de uma tática conhecida de Moscou nas situações em que seus espiões são descobertos em operações no exterior. Outro pedido de extradição, feito ao Brasil pelos Estados Unidos, foi negado ainda na primeira fase de análise, no Ministério da Justiça.
Para além do processo no qual já foi condenado por uso de documentos falsos, o espião é alvo de uma nova frente de investigação da Polícia Federal, desta vez por lavagem de dinheiro. Nessa apuração, a PF mapeia a rede que o sustentava no período em que viveu no Brasil, sob uma identidade brasileira falsa.
O próprio Fachin já foi devidamente informado pelos órgãos de inteligência de que a alegação usada por Moscou para pedir a extradição é falsa. A situação tem gerado um grande enrosco para o governo brasileiro, que desde a prisão de Cherkasov trata o caso com máxima discrição. Como há investigações ainda em curso, e a par da história que há por trás, o ministro achou por bem não enviá-lo para a Rússia até que as apurações da PF sejam concluídas. Ou seja: a novela ainda terá muitos capítulos pela frente.