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Sob fogo, amigo de Lula é acusado de usar agência para fazer política

O petista Jorge Viana é criticado internamente na Apex por privilegiar interesses políticos e deixar de lado a missão principal da agência

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Em foto colorida, Jorge Viana, presidente da Apex, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
1 de 1 Em foto colorida, Jorge Viana, presidente da Apex, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Foto: Divulgação

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, a Apex, tem por missão ajudar a vender produtos e serviços do Brasil no exterior. Para isso, conta com um orçamento milionário destinado a promover eventos em várias partes do mundo que sirvam de vitrine para empresas nacionais.

No início do atual governo, o comando da agência foi entregue a um amigo de longa data do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-governador do Acre e ex-senador Jorge Viana, do PT.

De lá para cá, Viana já se meteu em algumas encrencas. Na China, ao discursar em um evento com empresários locais, causou constrangimento ao governo e virou alvo da ira de gigantes do agronegócio brasileiro ao associar o desmatamento na Amazônia ao avanço da pecuária. A atitude foi vista como uma propaganda negativa para o Brasil, partindo de alguém que deveria fazer justamente o contrário e atuar como um “caixeiro-viajante” do país.

Por aqui, o petista foi acusado de mudar o estatuto da agência para permitir sua permanência no cargo. Para ser presidente da Apex, era preciso comprovar fluência em inglês. Por não dominar o idioma, Viana derrubou a exigência e, assim, conseguiu ficar na cadeira, que lhe rende um salário de quase R$ 70 mil mensais.

Sem experiência anterior na área, ele também foi acusado de usar a Apex para se promover politicamente e para aboletar aliados em postos importantes da agência, enquanto projetos considerados cruciais para a promoção do Brasil no exterior estariam sendo deixados em segundo plano.

Projeto cancelado

A mais recente polêmica capitaneada por Jorge Viana envolve o cancelamento de um projeto milionário para a construção do pavilhão brasileiro na Expo Osaka 2025, a próxima edição da famosa exposição universal que reúne países de todo o planeta e serve como um grande hub de negócios.

Como fez em outras edições da Expo, a Apex chegou a abrir um concurso para escolher o melhor projeto arquitetônico para o pavilhão do Brasil, que costuma ser um complexo portentoso, inspirado em temas típicos do país e desenhado para atrair a atenção dos visitantes — dentro do pavilhão, são acomodadas as diversas instalações que abrigam tanto órgãos do governo quanto quanto as empresas brasileiras participantes da exposição.

O complexo, por si, já é uma grande vitrine para o país. Luminares da arquitetura brasileira, como Oscar Niemeyer e Sergio Bernardes, já assinaram os projetos em edições anteriores da Expo.

Para a exposição de Osaka, o projeto escolhido foi liderado pelo renomado arquiteto paulista Marcio Kogan, que propôs instalações inspiradas nas nuvens da Amazônia (veja foto). O resultado foi anunciado em dezembro do ano passado.

A fachada do pavilhão projetado pela equipe Kogan: inspiração nos “rios voadores”, como são chamadas as nuvens carregadas que se movem sobre a floresta amazônica

Dias atrás, porém, a equipe de Jorge Viana fez chegar ao escritório de Kogan a notícia de que, apesar de ter saído vitorioso no concurso, o projeto não será mais executado.

Interesses paroquiais

À coluna, a Apex explicou que a decisão foi motivada por razões financeiras e de logística. Segundo a agência, o próprio governo japonês, anfitrião da exposição, se ofereceu para construir um pavilhão que precisará ser apenas adaptado, o que reduzirá o custo final para menos da metade do previsto inicialmente.

Internamente, na Apex, o cancelamento do projeto não pegou bem. Especialmente entre os funcionários de carreira, acostumados a organizar a participação brasileira em grandes eventos no exterior, o entendimento é o de que Jorge Viana está tomando decisões que prejudicam o desempenho da agência e sua missão precípua de “vender” o Brasil no exterior.

O petista, amigo de longa data de Lula, também segue sendo criticado por usar o posto para se promover politicamente em seu reduto eleitoral. Recentemente, como presidente da Apex, ele aproveitou uma reunião com o presidente de uma grande companhia aérea para pedir a ampliação da oferta de voos para o Acre.

Atualização — Em nota enviada à coluna neste sábado, a jornalista Helena Chagas, gerente de Comunicação e Marketing da Apex, saiu em defesa de Jorge Viana. Atacou a nota publicada, reafirmou que o cancelamento do projeto representará uma importante economia para a agência e teceu loas à gestão do ex-governador. “Gestor experiente, ele vem liderando ações inovadoras para ampliar o volume de negócios em regiões brasileiras que ainda exportam pouco e vem cumprindo uma agenda com média de três eventos por dia – no Brasil e no exterior. Até o final do ano, serão mais de 1000 eventos de promoção comercial das empresas brasileiras no mundo”, escreveu. “As afirmações injustas sobre seu trabalho parecem estar, portanto, no terreno da implicância, num contexto em que ser político e ser amigo do presidente Lula é considerado um fator desfavorável, quase um delito”, prossegue a nota assinada por Chagas.

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