Sob Bolsonaro, PF escanteia cada vez mais o time da Lava Jato
“Pai” da operação voltou recentemente para Brasília, mas foi escondido na escola de formação de policiais
atualizado
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Jair Bolsonaro usa seguidamente o petrolão para atacar Luiz Inácio Lula da Silva, mas seu governo não faz nem sequer um esforço para esconder a perseguição aos investigadores que desvendaram o esquema bilionário de desvios na Petrobras na era petista.
Os principais delegados da Operação Lava Jato estão escanteados em posições burocráticas na estrutura da Polícia Federal, longe de qualquer investigação sensível capaz de dar dor de cabeça a poderosos.
Um exemplo de investigador posto escancaradamente na geladeira da PF é o de Márcio Adriano Anselmo (foto), considerado o “pai” da operação que descobriu o petrolão.
Anselmo foi o responsável pelo mapeamento das transações financeiras do doleiro Alberto Youssef que, na sequência, resultaram na descoberta dos braços políticos do esquema. Ele também esteve diretamente envolvido em outras etapas importantes da operação, como a que prendeu o empreiteiro Marcelo Odebrecht.
No início do atual governo, o delegado chegou a ser nomeado para coordenar a área de crimes financeiros da PF, mas logo depois, quando a Lava Jato começou a ser desmontada, foi enviado para uma temporada acadêmica nos Estados Unidos.
Semanas atrás, ele voltou a Brasília. Mas está longe de qualquer investigação relevante. Na verdade, não está nem atuando em investigações.
Márcio Anselmo foi lotado na Academia Nacional de Polícia, a escola de formação da PF. Fontes bem situadas na cúpula da corporação dizem que não havia outros cargos livres para alojá-lo.
O caso não é o único na atual administração da PF. Outros investigadores cujo trabalho foi crucial para que a Lava Jato existisse estão em posições igualmente burocráticas e longe da linha de frente, principalmente na superintendência de Curitiba.