Bem além das vacinas: operação sufoca e avança sobre núcleo duro de Bolsonaro
Prisões e buscas permitirão aos investigadores avançar sobre os segredos mais bem guardados do ex-presidente
atualizado
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A partir da operação deflagrada na manhã desta quarta-feira, que inclui busca e apreensão na casa de Jair Bolsonaro e a prisão do tenente-coronel Mauro Cesar Cid, a Polícia Federal poderá ter acesso aos segredos mais recônditos do ex-presidente e de seu entorno mais próximo.
Não apenas pelo potencial do que virá dos documentos, computadores e telefones celulares apreendidos com o próprio Bolsonaro e com Cid, mas também porque a operação tratou de cercar cuidadosamente figuras que, nos últimos tempos, compunham o núcleo duro do bolsonarismo e integravam o staff imediato do ex-presidente.
Como informou mais cedo o Metrópoles, além de Cid foram presos Sérgio Cordeiro e Max Guilherme Machado de Moura, militares que faziam as vezes de seguranças e, ao mesmo tempo, eram influentes conselheiros de Bolsonaro.
Um terceiro integrante desse grupo restrito, o também militar Marcelo Câmara, foi alvo de ordem de busca e apreensão. Ele era conhecido por coordenar o que Bolsonaro costumava chamar de sua “Abin particular” — uma espécie de núcleo de inteligência montado que servia pessoalmente ao ex-presidente.
De tão próximos, pelo menos três desses personagens — Cid incluído — chegaram a acompanhar Bolsonaro em sua temporada nos Estados Unidos, iniciada após a derrota nas eleições do ano passado.
Por tudo isso, a operação desta quarta é um marco nas investigações que envolvem o ex-presidente.
Na prática, partindo das fraudes na inserção de dados nos sistemas oficiais de registro de vacinas contra a Covid-19, a Polícia Federal conseguiu um feito que vai bastante além: de uma só vez, arrastou todo o núcleo duro bolsonarista e pode, a partir daí, colocar a mão em provas às quais ainda não tinha tido acesso.
Se tudo der certo, os investigadores conseguirão elementos que ajudarão a mapear, com ainda mais detalhes, como o próprio Bolsonaro e essa turma que o cercava se moveram nos bastidores de episódios cruciais da crônica político-policial brasileira recente, como os ataques ao sistema eleitoral e os atos golpistas de 8 de janeiro.