O que Aras pensa sobre as urnas e o risco de golpe
Em conversas de bastidores, o procurador-geral admite a possibilidade de Bolsonaro resistir a deixar o poder caso perca as eleições
atualizado
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É um tanto surpreendente a reação do procurador-geral da República, Augusto Aras, quando é provocado a falar do provável comportamento de Jair Bolsonaro a partir da proclamação do resultado das eleições de outubro.
Em privado, ao ser indagado por interlocutores se acredita que o presidente poderá aplicar um golpe para permanecer no poder, Aras – que conhece o animus de Bolsonaro como poucos em Brasília – se sai com uma resposta que é, ao mesmo tempo, pragmática e preocupante.
Pragmática porque ele diz acreditar que tudo dependerá de qual será o resultado das eleições: caso haja uma reviravolta em relação ao que apontam as pesquisas e Jair Bolsonaro saia vitorioso, acredita Aras, o discurso que põe em xeque a segurança das urnas será solenemente deixado de lado. Até aí, é um tanto óbvio.
Depois é que vem a parte inquietante. Se Bolsonaro perder e houver espaço para questionamento do processo eleitoral, afirma o PGR, muito provavelmente o presidente arrumará confusão e resistirá a sair – ele considera, portanto, o risco de golpe. Vindo de quem vem, é perturbador.